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O alucinógeno que pode ter sido a 'arma secreta' dos vikings

21/02/2020 16h06

As grandes invasões vikings podem ter sido facilitadas por uma erva que deixava os guerreiros em uma espécie de 'transe psicótico' que os tornava imunes à dor e ao medo.

As grandes invasões vikings podem ter sido facilitadas por uma erva que deixava os guerreiros em uma espécie de 'transe psicótico' e imunes ao medo.

Os chamados berserkers ? que lutavam seminus, apenas cobertos de algumas peles de animais ? ficaram famosos por sua violência e porque não pareciam ter medo nem sentir dor.

Há indícios de que, por trás desse comportamento, estava o consumo de uma poderosa planta alucinógena chamada Hyoscyamus niger ? conhecida como meimendro em português.

Segundo Karsten Fatur, etnobotânico da Universidade de Liubliana, na Eslovênia, os "sintomas" exibidos pelos berserkers são consistentes com os produzidos por dois alucinógenos presentes na H. niger.

"O consumo deles teria reduzido a sensação de dor e os tornaria selvagens, imprevisíveis e altamente agressivos", explica Fatur em um artigo publicado recentemente no periódico científico Journal of Ethnofharmacology.

"Também poderia ter produzido efeitos dissociativos, como perder o contato com a realidade. Isso poderia permitir que eles matassem indiscriminadamente sem objeções morais", acrescenta.

O uso do alucinógeno também ajudaria a entender a tendência dos berserkers a lutar despidos.

E a desaceleração que geralmente acontece após o pico gerado pelo consumo dessas substâncias seria responsável pelo contraste de comportamento: furioso durante a batalha e calmo depois.

Hiosciamina e escopolamina

Ao longo da história, várias substâncias foram consideradas possíveis explicações para as ações dos guerreiros vikings.

Consumo de grandes quantidades de álcool, de beladona e principalmente do fungo psicoativo Amanita muscaria são algumas das possibilidades.

Mas, de acordo com Fatur, os dois alucinógenos contidos na H. niger ? hioscinamina e escopolamina ? fazem dela uma melhor explicação.

Os efeitos alucinógenos do meimendro, que se acredita ter chegado ao norte da Europa pelas mãos dos romanos, são bem conhecidos desde os tempos antigos.

Na Grécia antiga, a planta foi queimada no oráculo de Delfos, permitindo que seus videntes entrassem em transe e fizessem um ritual de recebimento de profecias.

E em uma tumba do ano 980 d.C. na Dinamarca, um saco de sementes foi encontrado enterrado ao lado de uma mulher que parece ter sido uma sacerdotisa, que também provavelmente as usava para produzir visões.

A planta, que pode ser letal se ingerida diretamente, "foi usada como como psicoativo em muitas culturas europeias, por isso é razoável supor que os vikings também sabiam o que ela podia fazer e encontraram maneiras de usá-la", diz Fatur.

"Eles podiam fazer um chá com ela, uma infusão de álcool ou uma pomada com gordura vegetal e animal e esfregá-la na pele", diz o etnobotânico.


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