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'Bêbados não cumprem distanciamento social', diz associação policial após bares reabrirem na Inglaterra

Reabertura de bares atraiu uma multidão no Soho, no centro de Londres - Getty Images
Reabertura de bares atraiu uma multidão no Soho, no centro de Londres Imagem: Getty Images

05/07/2020 20h52

Ficou "muito claro" que pessoas bêbadas são incapazes de cumprir as regras de distanciamento social, disse o chefe da Federação Policial da Inglaterra após a reabertura de bares no país no último sábado (4/7).

Diversas imagens veiculadas na imprensa e compartilhadas nas redes sociais mostraram aglomerações nas ruas do Soho, bairro boêmio da capital, Londres.

Cenas semelhantes foram vistas nesta semana no bairro do Leblon, Rio de Janeiro, cidade onde bares reabriram nesta semana e atraíram muitas pessoas no primeiro dia de funcionamento, após o relaxamento das medidas de quarentena.

A partir desta segunda-feira, os bares também poderão voltar a receber clientes na cidade de São Paulo, com horário regulado e capacidade reduzida.

Antecipando possíveis problemas causados pela medida, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Patricia Ellen, pediu que os moradores da capital não replicassem as cenas "vergonhosas" vistas no Rio.

Na Inglaterra, autoridades pediram cautela antes da reabertura dos bares após três meses de quarentena.

O público na Inglaterra é orientado a manter 2 metros de distância de outras pessoas, mas uma nova regra prevê que o afastamento mínimo pode ser de 1 metro caso sejam adotadas medidas de "mitigação", como usar máscaras e não ficar frente a frente com outra pessoa.

John Apter, chefe da Federação Policial, uma associação que representa policiais da Inglaterra e do País de Gales, disse que, com isso, "ficou muito claro que pessoas bêbadas não conseguem/não irão seguir o distanciamento social".

Pessoas ainda circulavam pelas ruas do Soho na madrugada de domingo, mesmo após os bares encerrarem seu funcionamento.

"Foi uma noite movimentada, mas os policiais conseguiram lidar com isso. Sei de outras áreas em que houve problemas, com policiais sendo agredidos", disse Apter.

'Homens nus, bêbados agressivos e brigas'

Segundo Apter, a força policial inglesa teve de lidar com "homens nus, bêbados felizes, bêbados agressivos, brigas e mais bêbados agressivos" em Southamptom, cidade no sudeste da Inglaterra.

Mas a polícia também agradeceu à maioria das pessoas por agirem com responsabilidade ao saírem para se divertir à noite.

O premiê Boris Johnson e especialistas do governo haviam pedido que as pessoas seguissem as regras de distanciamento social e outras medidas para evitar uma segunda onda de contágios pelo coronavírus.

Ao tratar das preocupações levantadas por Apter, o secretário de Saúde, Matt Hancock disse que as pessoas agiram de maneira responsável, dizendo que "a grande maioria das pessoas está fazendo a coisa certa".

Simon Stevens, executivo-chefe do serviço de saúde pública da Inglaterra, disse em entrevista à BBC que as cenas vistas na noite de sábado "não foram tão ruins quanto se temia". "Os tolos foram poucos tolos, a maioria foi sensata."

Em Londres, a polícia disse que "um pequeno número" de estabelecimentos fecharam cedo, seguindo conselhos para evitar aglomeração, mas ressaltou que "não houve problemas significativos" na capital.

A polícia dos Condados de Devon e Cornwall recebeu mais de mil denúncias na última noite, a maioria delas relacionada ao consumo de bebida.

No norte do Condado de Nottinghamshire, no leste inglês, quatro pessoas foram presas e vários bares decidiram fechar após ser observado um comportamento antisocial relacionado ao consumo de álcool.

Chris Smith, virologista da Universidade de Cambridge, disse que a maioria das pessoas é "responsável", mas pediu cautela, citando cidades como Leicester e Melbourne, que impuseram quarentenas localizadas.

"Gostaria de lembrar as pessoas de darem uma olhada no que está acontecendo ao redor do mundo", disse Smith à BBC.

"Podemos facilmente retroceder se não permanecermos vigilantes, porque a doença não foi embora. Ainda temos muita circulação do vírus no país."