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Primeiras imagens de sonda revelam 'fogueiras' na superfície do Sol

Jonathan Amos - Repórter de Ciência da BBC News

16/07/2020 17h17

Sonda solar europeia conseguiu captar imagens feitas a apenas 77 quilômetros de distância da superfície do Sol.


Novas imagens do Sol captadas a apenas 77 milhões de quilômetros da superfície são as mais próximas que já se fez do astro.

Elas foram feitas pela sonda Solar Orbiter (SolO), lançada neste ano pela Agência Espacial Europeia.

Entre as novas descobertas da imagem estão pequenas explosões apelidadas de "fogueiras de acampamento".

Elas têm um milionésimo de tamanho das grandes explosões do Sol que se observa rotineiramente com telescópios na Terra.

Não está claro se essas versões em miniatura são geradas pelos mesmos mecanismos das grandes erupções, diz David Long, um dos principais pesquisadores do gerador de imagens da SolO, a Extreme Ultraviolet Imager (EUI).

"Espalhadas ao longo da superfície, essas pequenas erupções podem desempenhar um papel importante em um fenômeno misterioso conhecido como aquecimento coronal, em que a camada exterior do Sol, ou corona, fica de 200 a 500 vezes mais quente do que as camadas abaixo dela", diz Long.

"Estamos ansiosos para investigar isso mais profundamente na medida em que a Solar Orbiter se aproxima do Sol e nossa estrela fica mais ativa."


A sonda da Agência Espacial Europeia foi lançada do Cabo Canaveral, nos Estados Unidos, em fevereiro. Sua missão é revelar alguns dos segredos do comportamento dinâmico do Sol.

Interferências em comunicações

As emissões do Sol têm impactos profundos na Terra que vão muito além de apenas gerar calor e luz.

Muitas vezes elas causam problemas; explosões de partículas carregadas com seus campos magnéticos podem embaralhar sinais de satélites e prejudicar comunicações via rádio.

A SolO pode ajudar os cientistas a entender e prever melhor essas interferências.

"A situação recente com o coronavírus provou o quão importante é nos mantermos conectados, e satélites são parte dessa conectividade", diz Caroline Harper, chefe de ciência espacial da Agência Espacial do Reino Unido.

"Então é muito importante que aprendamos mais sobre o Sol para que possamos fazer uma previsão de seu tempo, de seu clima espacial, da mesma forma como aprendemos a fazer com a Terra."


A Solar Orbiter está dando uma série de voltas ao redor do Sol, e ela vai se aproximando a cada volta, até chegar a uma distância de menos de 43 milhões de quilômetros.

Isso vai colocar a SolO dentro da órbita de Mercúrio.

As fotos apresentadas nesta quinta-feira são registros da passagem mais recente, em um ponto conhecido como periélio (ponto mais próximo de um corpo do Sol). Isso aconteceu em meados de junho, dentro da órbita de Vênus.

Como parâmetro de comparação, a Terra orbita a 149 milhões de quilômetros do Sol, em média.


Para que fique claro: as novas imagens são os registros mais de perto feitas do Sol, mas não são os de melhor resolução. O maior telescópio solar da Terra sempre conseguirá resultados melhores que a SolO neste quesito.

Mas a abordagem ampla da sonda, usando uma combinação de seis instrumentos remotos de captação e quatro instrumentos "in-situ", a colocam em um patamar diferente.

O conselheiro sênior para Ciência e Exploração da agência europeia, Mark McCaughrean, disse à BBC: "A Solar Orbiter não está se aproximando do Sol apenas para obter imagens de alta resolução: ela está se aproximando para entrar em uma parte diferente e menos turbulenta do vento solar, estudando partículas e campos magnéticos in situ nesta distância mais próxima, enquanto simultaneamente capta dados remotos na superfície do Sol e imediatamente ao redor dele, com contexto. Nenhuma outra missão ou telescópio consegue fazer isso."

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