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Democratas e republicanos fecham acordo, e julgamento de impeachment de Trump começará em duas semanas

22/01/2021 21h01

Ex-presidente americano é acusado de incitar a rebelião de seus apoiadores, que invadiram o Capitólio, enquanto ainda estava na Casa Branca.

O julgamento do segundo processo de impeachment contra o agora ex-presidente Donald Trump deve começar no Senado americano daqui a duas semanas.

Trump é acusado de "incitação à rebelião" no caso da invasão do Capitólio, levada a cabo por seus apoiadores no último dia 6, no momento em que os congressistas confirmavam a eleição de seu sucessor, Joe Biden.

O saldo do motim foram cinco mortes (um policial e quatro manifestantes) e o fechamento do Congresso por algumas horas.

A abertura do processo de impedimento foi decidida pela Câmara dos Representantes do país uma semana após as cenas no Capitólio.

Os democratas afirmam que entregarão a acusação formal contra Trump ao Senado já na próxima segunda-feira (25/1), o que iniciará oficialmente o processo do julgamento na Casa.

Mas, na sexta-feira (22/1), após trocarem farpas durante todo o dia, democratas e republicanos fecharam um acordo para quem haja em seguida uma pausa no processo no Senado até 8 de fevereiro, para que acusação e a defesa tenha tempo para se prepararem.

Enquanto isso, serão apreciadas as primeiras medidas de Biden que necessitam de aprovação do Congresso, algo que o próprio presidente havia defendido como mais adequado neste momento para enfrentar a crise que o país atravessa.

O julgamento de impeachment de Trump será o primeiro na história americana a ocorrer após um presidente deixar a Casa Branca. No último dia 20, seu mandato acabou e ele foi embora da capital federal antes da posse de Biden.

Se condenado, Trump pode ser impedido de voltar a se candidatar para um cargo público.

Nesta semana, os democratas passaram a controlar o Senado, antes sob domínio republicano. O partido agora tem maioria nas duas Casas do Congresso americano.

"O Senado conduzirá um julgamento de impeachment de Donald Trump. Será um julgamento completo. Será um julgamento justo", disse o senador Chuck Schumer, líder democrata no Senado.

Do que Trump é acusado?

As ações de Trump nos momentos anteriores ao tumulto no Congresso, no dia 6 de janeiro, são o foco do processo contra ele.

Em um discurso de mais de uma hora, o então presidente repetiu acusações infundadas de fraude eleitoral e disse aos milhares de manifestantes que se concentravam próximos à Casa Branca para "pacificamente e patrioticamente" fazerem suas vozes serem ouvidas enquanto se preparavam para marchar em direção ao prédio do Capitólio

Trump também recomendou: "lutem como nunca ou vocês não mais terão um país".

Minutos mais tarde, centenas de trumpistas partiram pra cima do escasso policiamento da sede do Congresso e forçaram a passagem, sob gritos de "enforquem, Mike Pence", o vice-presidente que conduzia a sessão legislativa e que certificaria os votos de Biden.

Quais são as chances de Trump sofrer impeachment?

Na Câmara dos Representantes, a abertura do processo de impeachment contou com dez votos republicanos a seu favor, um recorde no país.

O resultado no Senado é incerto, mas o líder republicano, Mitch McConnell, afirmou essa semana que as cenas no Capitólio foram obra de uma "multidão alimentada com mentiras e provocada pelo presidente e outros poderosos".

Ao mesmo tempo, no entanto, a decisão democrata de iniciar os procedimentos no Senado desagradou o líder do partido.

McConnell condenou o processo "historicamente rápido" na Câmara no início deste mês, quando a abertura do impeachment foi decidida em apenas um dia.

"A sequência disso não pode ser um processo do Senado que negue ao ex-presidente Trump seu direito à defesa ou prejudique o Senado ou a própria Presidência", afirmou o senador.

McConnell acrescentou que o atraso no início do julgamento de Trump seria conveniente também para os democratas, que precisam confirmar os membros do novo gabinete de Biden (equivalente aos ministérios no Brasil) em votação no Senado.

Os democratas também querem a tramitação com urgência de um pacote de estímulo econômico de quase US$ 2 trilhões (R$ 11 trilhões) e o projeto de reforma migratória, enviado ao Legislativo no primeiro dia da nova gestão.

É incerto o impacto que a abertura mais veloz do processo poderá ter sobre os republicanos.

Embora os democratas agora tenham uma maioria estreita no Senado (50 a 50, com a vice-presidente Kamala Harris atuando como voto de minerva), eles precisariam do apoio de pelo menos 17 republicanos para condenar Trump, já que o processo requer aprovação por maioria de dois terços.

Alguns senadores republicanos indicaram que estão abertos à condenação, mas a maioria têm colocado dúvidas sobre a legalidade de julgar um presidente depois que ele já deixou o cargo ou expressado a opinião de que o processo intensificaria ainda mais a polarização política do país.

Onde está Trump agora e quem o defende?

Trump deixou Washington e se refugiou em sua casa de veraneio, em Palm Beach, na Flórida. Ele chegou à mansão de Mar-a-Lago minutos antes de Biden fazer o juramento de posse em Washington DC.

Trump deve morar ali, apesar das preocupações de alguns vizinhos com o aumento do trânsito e as ameaças à segurança. O ex-presidente planeja manter um círculo fechado de ex-assessores da Casa Branca na Flórida.

Fontes próximas ao republicano têm dito que ele pretende arrecadar US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões) para sua biblioteca presidencial, uma espécie de fundação cultural e histórica do período do mandato tradicional entre os ex-presidentes americanos, e sugeriu a formação de um novo partido político que seria batizado de Partido Patriota.

Trump contratou o advogado Butch Bowers para representá-lo em seu julgamento de impeachment no Senado, de acordo com o senador republicano Lindsey Graham, aliado ao presidente que condenou as ações recentes de Trump, mas apoiou seus infundados questionamentos sobre a lisura da eleição.

Trump nega que tenha incitado a violência de seus apoiadores e em sua manifestação e antes de deixar o cargo afirmou que "a violência e o vandalismo não têm lugar em nosso país nem em nosso movimento".


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