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Por que Índia proibiu financiamento internacional de organização de Madre Teresa de Calcutá

O grupo Missionárias da Caridade opera cozinhas comunitárias, escolas e asilos na Índia - Getty Images
O grupo Missionárias da Caridade opera cozinhas comunitárias, escolas e asilos na Índia Imagem: Getty Images

28/12/2021 11h20

O governo da Índia se recusou a renovar a licença de financiamento estrangeiro para uma instituição de caridade fundada por Madre Teresa.

O grupo Missionárias da Caridade (ou Missionaries of Charity, em inglês) tem milhares de freiras supervisionando projetos como lares para crianças abandonadas, escolas e clínicas.

No dia de Natal, o Ministério do Interior da Índia anunciou que não renovou o registro devido a "informações adversas".

Hindus há muito tempo acusam a instituição de caridade de usar seus programas para converter pessoas ao cristianismo.

A instituição de caridade negou essas acusações. Em comunicado divulgado na segunda-feira, a instituição confirmou que seu pedido de renovação foi negado e informou que não movimentaria nenhuma conta de financiamento externo "até que a questão seja resolvida".

Anteriormente, o ministro-chefe do Estado de Bengala Ocidental, Mamata Banerjee, recebeu críticas após escrever no Twitter que o governo havia congelado as contas bancárias da instituição de caridade. Mas o governo e o país negaram desde então que as contas tivessem sido congeladas.

A instituição de caridade com sede em Calcutá foi fundada em 1950 por Madre Teresa, uma freira católica romana que se mudou de sua Macedônia natal para a Índia.

Instituição de caridade com sede em Calcutá foi fundada em 1950 por Madre Teresa - Manfredo Ferrari/Creativo Commons - Manfredo Ferrari/Creativo Commons
Instituição de caridade com sede em Calcutá foi fundada em 1950 por Madre Teresa
Imagem: Manfredo Ferrari/Creativo Commons

Trata-se de uma das instituições de caridade católicas mais conhecidas do mundo.

Madre Teresa recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979 por seu trabalho humanitário e foi declarada santa pelo Papa Francisco em 2016, 19 anos após sua morte.

O governo do primeiro-ministro Narendra Modi tem procurado apertar o financiamento estrangeiro para instituições de caridade e outras ONGs com sede na Índia. No ano passado, restrições levaram ao congelamento de contas bancárias pertencentes ao Greenpeace e à Anistia Internacional.

Também houve vários ataques a minorias religiosas em toda a Índia.

De acordo com a Evangelical Fellowship of India, os ataques foram proeminentes no Estado de Karnataka, no sul, com quase 40 relatos de ameaças ou violência.

Grupos de vigilantes hindus interromperam as celebrações de Natal em partes do país neste ano, protestando do lado de fora de reuniões religiosas e vandalizando uma igreja no norte da Índia.

A maioria da população da Índia é hindu. Mas há cerca de 24 milhões de cristãos no país - cerca de 2% da população - e o país é o lar da segunda maior comunidade católica da Ásia, atrás das Filipinas.

As autoridades tentaram reprimir as supostas campanhas para converter os hindus ao cristianismo e ao islamismo.

Vários Estados governados pelo BJP (Bharatiya Janata Party ou Partido do Povo Indiano) aprovaram recentemente (ou estão considerando aprovar) leis que proíbem a conversão religiosa para casamento.