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Guerra na Ucrânia: quantas pessoas já morreram no conflito

Uma mulher se senta em frente a duas casas que foram demolidas por um ataque de míssil, que matou outra mulher, em Druzhkivka, Donetsk - Getty Images
Uma mulher se senta em frente a duas casas que foram demolidas por um ataque de míssil, que matou outra mulher, em Druzhkivka, Donetsk Imagem: Getty Images

Sarah Habershon, Rob England, Becky Dale e Olga Ivshina* - Da BBC News

04/07/2022 18h32

Rússia e Ucrânia têm versões diferentes de quantas pessoas morreram no conflito. A BBC revisou os dados.

Um ataque aéreo russo em um prédio na cidade Lysychansk, na região de Luhansk, matou quatro pessoas que estavam se abrigando no local.

Na vizinha Severodonetsk, mais dois morreram após um dia de bombardeios russos.

Outra pessoa morreu quando as forças ucranianas bombardearam os arredores da cidade de Donetsk.

Mais quatro foram mortos quando as forças russas abriram fogo em Sadivska, na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia.

Os mortos nesses ataques ? todos eles em apenas um dia de junho ? são civis, acredita-se.

Mortes como a deles representam mais de um terço das registradas na Ucrânia desde 24 de fevereiro, de acordo com a análise da BBC News sobre dados do Armed Conflict Location and Event Data Project (Acled) ? um grupo sem fins lucrativos com sede nos Estados Unidos que registra violência política.

Especialistas dizem que o número total de mortes registradas provavelmente são subestimados e que o real deve ser muito maior.

Ucrânia e Rússia afirmam que o número de mortos chega a dezenas de milhares, mas suas afirmações se contradizem e não há meios de verificá-las de forma independente.

Para se tentar calcular o custo humano da guerra, é necessário olhar para uma série de fontes, incluindo as Nações Unidas (ONU), governos nacionais e esforços de monitoramento independentes.

Onde as pessoas estão morrendo?

Este mapa mostra onde as mortes foram relatadas durante a guerra, até meados de junho.

As áreas sul e leste da Ucrânia, ao longo da fronteira com a Rússia, onde a invasão terrestre começou, sofreram com mais violência.

Os dados são da Acled, que conta episódios individuais de violência, como confrontos armados ou ataques aéreos, e suas localizações. Os dados são confirmados pela imprensa local e organizações parceiras, o que significa que o número de mortes relatado é menor do que de outras fontes.

Mortes relatadas onde a localização foi registrada

De 24 de fevereiro a 24 de junho. O tamanho dos círculos representa o número de mortes. O contador indica o total acumulado de mortes. Fonte: Acled

A Rússia anexou a Crimeia em 2014.


No total, a Acled registrou mais de 10 mil mortes na Ucrânia desde o início do conflito.

Mariupol (no sudeste), Kharkiv (nordeste) e Bilohorivka (leste) registraram os maiores números de mortes.

Quantos civis morreram?

Baseado nos dados da Acled, a BBC identificou cerca de 3,6 mil mortes de civis até meados de junho. A ONU confirma cerca de 4,7 mil mortes durante o conflito até o final de junho.

Ambos afirmam que seus números devem estar muito abaixo do real, por causa dos desafios na verificação de informações de guerra.

A ONU procura confirmar cada morte usando registros policiais, hospitalares ou civis.

Mas os dados da Acled incluem apenas aqueles associados a um evento específico confirmado ? e deixa de fora pessoas que morreram por outros motivos, como fome ou falta de assistência médica.

Isso é importante em lugares como Mariupol, que passou muito tempo sitiada, com muitos civis presos na cidade.

"No total, nós estimamos [além das mortes confirmadas] que pelo menos 3 mil civis morreram em cidades sitiadas porque elas não conseguiram atendimento médico e por causa do estresse sobre sua saúde em meio às hostilidades", afirma a chefe da Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, Matilda Bogner.

Como os civis estão sendo mortos?

A principal causa de mortes de civis na Ucrânia são bombardeios e ataques aéreos, de acordo tanto com a ONU e com a análise da BBC.

No entanto, quase mil civis foram mortos em ataques em curta distância, sugerem os dados da Acled ? muitos deles, na época do cerco à capital ucraniana, Kiev.

De acordo com a Convenção de Genebra e outros tratados internacionais, atacar civis ou a infraestrutura vital para sua sobrevivência de forma deliberada é crime de guerra.

O procurador-geral da Ucrânia acusa a Rússia de cometer milhares de crimes de guerra durante o conflito, incluindo ataques diretos a civis.

A Rússia nega todas as acusações.

Quantos soldados morreram?

O número de baixas militares é uma informação sensível, porque ele forma a narrativa de quem está ganhando a guerra, diz Gavin Crowden, da entidade independente Every Casualty Counts, que faz contagem de mortes em conflitos.

"Ambos os lados estão muito atentos a isso", diz ele.

A Ucrânia não divulgou nenhuma estatística oficial sobre soldados mortos durante a guerra.

Mas, no início de junho, um assessor presidencial ucraniano disse à BBC que de 100 a 200 soldados ucranianos estavam morrendo na região de Donbas todos os dias.

Em abril, a Rússia disse ter matado cerca de 23 mil soldados ucranianos.

A Rússia raramente divulga suas próprias baixas militares.

A contagem de mortes mais recente foi em 25 de março, quando foi divulgado que 1.351 soldados russos haviam morrido desde o início da invasão.

Em abril, o governo do Reino Unido divulgou que cerca de 15 mil soldados russos haviam morrido.

A Ucrânia divulga com frequência números sobre mortes de militares russos ? e alega que cerca de 35 mil russos morreram até o final de junho.

Nenhum desses dados pôde ser verificado. A ONU não considera confiáveis os números divulgados pelos envolvidos no conflito.

No entanto, pelo menos 4.010 óbitos de soldados russos foram verificadas individualmente pela BBC News Russian (serviço de notícias em russo da BBC), que vem registrando os nomes dos soldados que morreram desde o início da guerra.

Dos identificados, 685 eram oficiais e quatro eram generais. A maioria dos mortos são de patente inferior, como cabos e sargentos.

Esses soldados, cujos corpos foram repatriados para a Rússia, foram identificados pelo nome na imprensa estatal, mídia social, em relatórios oficiais de autoridades locais ou em conversas com pessoas que os conheciam.

O número de soldados cujos corpos permanecem na Ucrânia ou ainda não foram identificados é desconhecido.

"Todos os dias, a guerra tira dezenas de vidas de civis e de combatentes", diz Bogner. "Se vidas humanas importam, esses números falam por si."

*Colaboraram Jana Tauschinski, Libby Rogers e Kateryna Khinkulova.

- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62034340


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