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Eleições 2022: o que aconteceu com as 'estrelas' da CPI da Covid que se candidataram

Dois ex-ministros da Saúde se candidataram nas eleições de 2022. Pazuello se elegeu deputado federal, Mandetta não conseguiu chegar ao Senado - LEOPOLDO SILVA/JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO
Dois ex-ministros da Saúde se candidataram nas eleições de 2022. Pazuello se elegeu deputado federal, Mandetta não conseguiu chegar ao Senado Imagem: LEOPOLDO SILVA/JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO

André Biernath - @andre_biernath - Da BBC News Brasil em Londres

03/10/2022 16h00

Entre depoentes e senadores que participaram da comissão, 17 se candidataram a cargos no Legislativo Federal ou no Executivo dos Estados. Desses, seis se elegeram, quatro foram para segundo turno, dois ficaram como suplentes e cinco não conseguiram votos suficientes.

Instalada no Senado Federal em 2021, a CPI da Covid teve a missão de apurar a atuação do governo federal durante a pandemia.

As discussões da comissão, que ganharam um grande destaque no debate público, permitiram que alguns nomes ficassem mais conhecidos. Alguns deles, inclusive, tentaram uma vaga como deputados federais, senadores e até governadores nas eleições de 2022.

Incluindo senadores titulares ou suplentes da comissão e os próprios depoentes, a CPI sobre a pandemia contou com a participação direta de 78 pessoas no total.

Dessas, 17 disputaram um cargo neste ano e buscaram ocupar cadeiras na Câmara dos Deputados, no Senado ou em governos estaduais.

No total, seis candidatos conseguiram se eleger, cinco saíram derrotados, dois estão como suplentes do Legislativo e quatro disputarão segundo turno.

Confira a seguir quem são esses indivíduos e como foi o desempenho deles na votação mais recente.

Os bem-sucedidos

Entre os senadores que compuseram a CPI, dois conseguiram se eleger para um novo mandato de oito anos: Omar Aziz, do Amazonas, e Otto Alencar, da Bahia. Ambos são do PSD.

Aziz, que inclusive atuou como o presidente da comissão, recebeu mais de 783 mil votos. Já Alencar foi a escolha de 4,2 milhões de baianos.

Três depoentes também foram bem nas urnas e vão integrar a Câmara dos Deputados a partir de 2023.

O caso que chamou mais atenção foi a do general Eduardo Pazuello (PL-RJ), que foi ministro da Saúde num dos períodos mais graves da pandemia no país, marcado pela crise da falta de oxigênio em Manaus no início de 2021.

Com 205 mil votos, Pazuello se tornou o segundo candidato a deputado federal mais votado no Rio de Janeiro.

Outro nome de destaque na política nacional durante a pandemia foi o do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), crítico das medidas de restrição e defensor da ideia de imunidade de rebanho contra a covid.

Ele acabou reeleito para o Legislativo com mais de 103 mil votos.

Ricardo Barros (PP-PR), líder do atual governo na Câmara e ex-ministro da Saúde no governo de Michel Temer (MDB), é outro que seguirá como deputado federal no ano que vem após ter sido escolhido por 107 mil paranaenses.

Durante a CPI, o nome de Barros foi envolvido em supostas negociações suspeitas para a compra de vacinas. Ele nega as acusações.

Para fechar a lista, Fausto Junior (União-AM) era deputado estadual do Amazonas quando depôs na CPI da Covid.

Nas eleições de 2022, ele disputou o cargo de deputado federal e recebeu 87 mil votos.

Passaram para a próxima fase

Entre os senadores que participaram da CPI e decidiram concorrer ao governo de seus Estados, quatro tiveram uma votação suficiente para estar no segundo turno.

No Amazonas, Eduardo Braga (MDB) ficou com 20,9% dos votos e vai disputar o cargo com o atual governador Wilson Lima (União), que foi a escolha de 42,8% dos eleitores.

O pleito em Rondônia se mostrou mais apertado: o senador Marcos Rogério (PL) teve 37% dos votos e ficou pouco menos de dois pontos percentuais atrás do Coronel Marcos Rocha (União), com 38,8%.

Já no Sergipe, a situação foi contrária: com 44,7% dos votos, o senador Rogério Carvalho (PT) está no segundo turno contra Fábio (PSD), com 38,9%.

Em Santa Catarina, o senador Jorginho Mello (PL) conquistou a dianteira com 38,6% dos votos e está no segundo turno contra Décio Lima (PT), que foi a preferência de 17,4% dos catarinenses.

Na corrida para a Câmara dos Deputados, dois depoentes da CPI não conquistaram apoio suficiente para se eleger de primeira, mas entraram na lista de suplentes ? o que significa que eles podem ser chamados caso outros candidatos com uma votação superior não possam assumir o cargo no ano que vem.

No Ceará, a médica Mayra Pinheiro (PL) obteve mais de 71 mil votos. Como secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, ela ficou conhecida como "capitã cloroquina", por ser uma das defensoras de tratamentos ineficazes contra a covid.

Luis Miranda (Republicanos), que já era deputado pelo Distrito Federal, desta vez concorreu a uma vaga por São Paulo, onde obteve 8,9 mil votos.

Miranda protagonizou um dos momentos mais tensos da CPI quando declarou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha suspeitas sobre o deputado Ricardo Barros por causa de supostas irregularidades nas negociações de compra das vacinas contra a covid.

Ficaram pelo caminho

Por fim, cinco participantes da CPI não tiveram votação para conquistar o cargo que almejavam.

O senador Alessandro Vieira (PSDB) tentou virar governador de Sergipe, mas acabou a corrida eleitoral em terceiro lugar, com 10,8% dos votos.

O também senador Luis Carlos Heinze (PP) se candidatou ao Executivo do Rio Grande do Sul. Ele obteve 4,2% dos votos e ficou em quarto lugar.

Ambos foram eleitos em 2018, então seguem no Senado Federal pelos próximos quatro anos.

Entre os depoentes, três não conseguiram um número suficiente de eleitores para conquistar uma cadeira no poder Legislativo.

Amilton Gomes de Paula (Pros), suspeito de intermediar uma suposta venda de vacinas, concorreu a deputado distrital. Ele só teve, porém, 86 votos no total.

A médica imunologista Nise Yamaguchi (Pros), que se notabilizou pela defesa da cloroquina e outros medicamentos ineficazes contra a covid, também buscava uma vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo.

Os 36 mil votos não foram o bastante para que ela figurasse no rol dos representantes paulistas na próxima legislatura.

O último caso de fracasso envolveu Luiz Henrique Mandetta (União), ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro.

Ele concorria ao Senado pelo Mato Grosso do Sul, mas obteve 15,1% dos votos e ficou atrás de Tereza Cristina (PP), escolhida por 60,8% dos eleitores do Estado.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63123680


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