Bush admite que guerra aumentou instabilidade no Iraque

da BBC, em Londres

O presidente americano, George W. Bush, admitiu em entrevista à rede de televisão CBS que a invasão do Iraque aumentou a instabilidade no país, de acordo com trechos adiantados pela emissora, que deverá exibir a entrevista neste domingo.

Bush teria feito a admissão quando foi confrontado pelo repórter Scott Pelley com a afirmação de que o Iraque está hoje "muito mais instável" do que em 2003, quando ainda era governado por Saddam Hussein.

"Bem, sem dúvida, decisões tornaram as coisas (no Iraque) instáveis", respondeu o presidente americano, segundo trecho adiantado no site da CBS.

"Eu acho que a história vai olhar para trás e ver muitas formas de que poderíamos ter feito as coisas melhor. Nenhuma dúvida sobre isso", disse Bush.

A entrevista deverá ser exibida neste domingo, durante o programa "60 Minutes", que começa às 20h.

Armas

Antes de ser interpelado pelo repórter, Bush vinha defendendo a sua decisão de invadir o Iraque, alegando que Saddam Hussein estava competindo com o Irã pela obtenção de uma arma nuclear e desestabilizando a região.

"O nosso governo resolveu uma fonte de instabilidade no Iraque. Imagine um mundo em que Saddam Hussein está em uma corrida para (obter) uma arma nuclear para competir com o Irã", disse o presidente.

Mesmo reconhecendo que as armas não foram encontradas, Bush disse que a decisão de invadir o país para destituir o regime iraquiano da época não foi um erro.

"A minha decisão de remover Saddam Hussein foi a decisão correta no meu julgamento. Nós não encontramos as armas que pensávamos que íamos encontrar ou as armas que todo mundo pensava que ele tinha. Mas ele era uma fonte significativa de instabilidade".

Execução de Saddam

Na entrevista, Bush também critica a forma como Saddam Hussein foi executado e diz que não assistiu a todos os trechos do vídeo clandestino divulgado na internet.

"Eu acho que foi desencorajador", disse Bush, segundo a CBS. "É importante que aquele capítulo da história iraquiana seja fechado, (mas) eles poderiam ter lidado (com a execução) de uma forma muito melhor."

O presidente disse ter visto apenas partes do vídeo da execução filmado com a câmera de um telefone celular e veiculado na internet porque não queria ver o ex-líder iraquiano caindo pelo cadafalso.

Logo após a execução, no dia 30 de dezembro, o presidente americano havia definido a morte como "um marco importante". Dias depois, no entanto, comentou que teria gostado que "os procedimentos tivessem ocorrido de uma maneira mais digna".

O vídeo oficial inicialmente divulgado mostrava apenas a preparação da execução até o momento em que a corda foi colocada no pescoço de Saddam, mas a gravação clandestina que veio a público um dia depois mostrava o condenado trocando insultos com as testesmunhas e depois caindo pelo cadafalso.

Nesta semana, um novo vídeo foi divulgado, desta vez com imagens do corpo depois do enforcamento, mostrando Saddam com o pescoço aberto.

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