Análise: EUA e Irã ampliam confrontos no Oriente Médio e América Latina
da BBC, em Londres
O arco de confronto entre os Estados Unidos e o Irã se expande no Oriente Médio e também na América Latina.
Os americanos abriram uma nova frente de batalha na guerra do Iraque realizando operações dentro do país para impedir o que consideram ajuda iraniana nos ataques contra forças americanas e iraquianas. Mas os objetivos de ações como a detenção na semana passada de iranianos na cidade de Erbil são mais abrangentes. Nos últimos dias, as mais altas autoridades do governo Bush deixaram claro que a meta é abafar as ambições do Irã para se converter na maior potência da região e aumentar sua influência no cenário internacional.
E o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad alimenta ainda mais as inquietações americanas com sua visita de alta visibilidade à América Latina para cimentar seus laços com os governos mais hostis a Washington na região. Nesta segunda-feira foi a presença de Ahmadinejad na posse do presidente equatoriano Rafael Correa.
No sábado, o dirigente de Teerã esteve na Venezuela para conversações com o presidente Hugo Chávez, seu grande aliado latino-americano, na segunda visita em cinco meses. Em meio à previsível retórica antiamericana, os laços econômicos foram fortalecidos.
Neutralizando os EUA
Os dois presidentes prometeram também que parte de um fundo de investimentos será usado para financiar projetos em países amigáveis para neutralizar a influência global dos Estados Unidos. No dia seguinte, o presidente iraniano esteve na Nicarágua para se reunir com o recém-empossado presidente sandinista Daniel Ortega.
O governo Chávez promoveu a visita de Ahmadinejad como um exemplo de solidariedade do Oriente Médio a um país que se opõe à política externa americana. Alberto Garrido, autor do livro Chavez's Wars (As guerras de Chávez), disse ao jornal New York Times que o "presidente venezuelano quer acelerar a aliança estratégica com o Irã". Washington obviamente não gosta da crescente intimidade entre dois países que têm em comum vastas exportações de petróleo, o combustível geopolítico antiamericano.
A visita de alta visibilidade de Ahmadinejad à América Latina coincidiu com uma das aparições beligerantes do vice-presidente americano Richard Cheney na imprensa. Em entrevista à televisão no domingo, Cheney advertiu que seu país será um bastião contra o "aventureirismo" iraniano, acrescentando que o regime de Ahmadinejad está "pescando em águas turvas" ao interferir na guerra do Iraque.
O vice-presidente disse que esta suposta interferência dá crédito à decisão da Casa Branca de não acatar as recomendações de uma comissão partidária para travar um diálogo com o Irã e a Síria na busca de ajuda para conter a escalada de violência sectária no Iraque.
Políticos do Partido Democrata (que agora controlam o Congresso) também denunciaram a visita do presidente iraniano à América Latina. John Tierney, membro do Comitê de Inteligência da Câmara, disse que Ahmadinejad e Chávez fazem barulho internacionalmente para abafar seus problemas domésticos.
Tierney, porém, criticou o governo Bush por não buscar o diálogo com o Irã ou a Venezuela. Isto não deve acontecer tão cedo. Muito pelo contrário. Como disse Cheney, os Estados Unidos consideram a ameaça iraniana "multidimensional". Já Hugo Chávez deu o recado a Washington na semana passada que existe "uma nova realidade" na América Latina e ela inclui esta ponte estratégica entre Caracas e Teerã.
Os americanos abriram uma nova frente de batalha na guerra do Iraque realizando operações dentro do país para impedir o que consideram ajuda iraniana nos ataques contra forças americanas e iraquianas. Mas os objetivos de ações como a detenção na semana passada de iranianos na cidade de Erbil são mais abrangentes. Nos últimos dias, as mais altas autoridades do governo Bush deixaram claro que a meta é abafar as ambições do Irã para se converter na maior potência da região e aumentar sua influência no cenário internacional.
E o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad alimenta ainda mais as inquietações americanas com sua visita de alta visibilidade à América Latina para cimentar seus laços com os governos mais hostis a Washington na região. Nesta segunda-feira foi a presença de Ahmadinejad na posse do presidente equatoriano Rafael Correa.
No sábado, o dirigente de Teerã esteve na Venezuela para conversações com o presidente Hugo Chávez, seu grande aliado latino-americano, na segunda visita em cinco meses. Em meio à previsível retórica antiamericana, os laços econômicos foram fortalecidos.
Neutralizando os EUA
Os dois presidentes prometeram também que parte de um fundo de investimentos será usado para financiar projetos em países amigáveis para neutralizar a influência global dos Estados Unidos. No dia seguinte, o presidente iraniano esteve na Nicarágua para se reunir com o recém-empossado presidente sandinista Daniel Ortega.
O governo Chávez promoveu a visita de Ahmadinejad como um exemplo de solidariedade do Oriente Médio a um país que se opõe à política externa americana. Alberto Garrido, autor do livro Chavez's Wars (As guerras de Chávez), disse ao jornal New York Times que o "presidente venezuelano quer acelerar a aliança estratégica com o Irã". Washington obviamente não gosta da crescente intimidade entre dois países que têm em comum vastas exportações de petróleo, o combustível geopolítico antiamericano.
A visita de alta visibilidade de Ahmadinejad à América Latina coincidiu com uma das aparições beligerantes do vice-presidente americano Richard Cheney na imprensa. Em entrevista à televisão no domingo, Cheney advertiu que seu país será um bastião contra o "aventureirismo" iraniano, acrescentando que o regime de Ahmadinejad está "pescando em águas turvas" ao interferir na guerra do Iraque.
O vice-presidente disse que esta suposta interferência dá crédito à decisão da Casa Branca de não acatar as recomendações de uma comissão partidária para travar um diálogo com o Irã e a Síria na busca de ajuda para conter a escalada de violência sectária no Iraque.
Políticos do Partido Democrata (que agora controlam o Congresso) também denunciaram a visita do presidente iraniano à América Latina. John Tierney, membro do Comitê de Inteligência da Câmara, disse que Ahmadinejad e Chávez fazem barulho internacionalmente para abafar seus problemas domésticos.
Tierney, porém, criticou o governo Bush por não buscar o diálogo com o Irã ou a Venezuela. Isto não deve acontecer tão cedo. Muito pelo contrário. Como disse Cheney, os Estados Unidos consideram a ameaça iraniana "multidimensional". Já Hugo Chávez deu o recado a Washington na semana passada que existe "uma nova realidade" na América Latina e ela inclui esta ponte estratégica entre Caracas e Teerã.