Envolvidos na falência da Swissair vão a julgamento

da BBC, em Londres

Um capítulo doloroso na história recente da Suíça foi reaberto com o início do julgamento de alguns dos principais líderes empresariais do país nesta terça-feira, em Zurique.

O que está em disputa é o papel deles na falência da companhia aérea Swissair, há pouco mais de cinco anos.

Durante 70 anos, a Swissair era uma das companhias aéreas mais bem-sucedidas do mundo, considerada um símbolo da eficiência suíça e de boas práticas empresariais.

A falência da empresa em outubro de 2001 provocou reações de choque, tristeza e vergonha no país.

O julgamento é um dos maiores do gênero a ser realizado no mundo.

Há cinco anos, os aviões que um dia exibiram a bandeira suíça pelo mundo pararam de decolar, milhares de passageiros ficaram abandonados e pilotos da Swissair foram forçados a entregar calhamaços de dinheiro para pagar por combustível para ir para a casa.

Perguntas

Agora, perguntas têm de ser respondidas.

Como uma companhia que tinha um balanço financeiro de mais de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 6,4 bilhões) no início dos anos 90 foi à falência apenas dez anos depois?

No banco dos réus em Zurique estão indivíduos que um dia foram considerados a realeza do empresariado suíço - 19 pessoas, incluindo o comitê inteiro de diretores da Swissair na época e os diretores-executivos.

O documento de acusações contra eles tem 100 páginas e inclui acusações de contabilidade adulterada e administração incompetente criminosa.

Muitas das acusações vão ser difíceis de provar. Má administração não é crime, e por isso acredita-se que seja improvável que algum dos acusados vá de fato ser preso.

Porém, para os cidadãos suíços comuns este julgamento - que deve durar dois meses - é bem-vindo porque significa que as pessoas que eles acreditam ter depreciado seu país vão finalmente pagar pelo que fizeram.

Gerhardt Fischer, um ex-integrante do comitê de diretores, disse que a falência da Swissair foi gerada pelos efeitos negativos dos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos.

"Tenho certeza que sem estes eventos a companhia ainda estaria em um estado saudável", disse Fischer.

"Eu fui confrontado com a piora inesperada da situação financeira", acrescentou.


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