Governador de oposição a Morales teme 'banho de sangue' na Bolívia
da BBC, em Londres
O governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, disse que existe uma “tentativa de golpe” contra políticos da oposição em Estados da Bolívia estimulada pelo presidente do país, Evo Morales. Em entrevista à BBC Brasil, ele disse temer um “banho de sangue” no país.
“Começou comigo, mas agora os protestos, com apoio do presidente, vão atrás de outros governadores opositores. A democracia está em perigo”, disse. “Essa atitude pode nos levar a uma guerra civil, a um banho de sangue no país.”
Reyes Villa falou por telefone à BBC Brasil de Santa Cruz de la Sierra, onde chegou para se refugiar na última sexta-feira. Ele contou que deixou Cochabamba, em meio a violentos protestos, num carro da polícia, e que não voltará ao cargo agora por temer por sua vida.
Na semana passada, enfrentamentos entre seguidores e opositores de Reyes Villa deixaram dois mortos e dezenas de feridos. Em La Paz, o governador José Luis Paredes, outro opositor do governo Morales, também enfrenta protestos e pressões para que renuncie.
Para Reyes Villa, a onda de protestos não é coincidência. Na opinião dele, as manifestações são articuladas pelo governo Morales contra a oposição.
“Ele tem um regime totalitário. Não permite dissidências”, afirmou. “Os protestos querem nos levar à renúncia. Mas eu não vou renunciar.”
Reação do governo
O governo de Evo Morales reagiu às declarações do governador da oposição. O ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana, disse que Reyes Villa tem uma linguagem "militarizada" e afirmou que o temor do governador é "desnecessário".
Quintana disse que Reyes Villa exagera em suas declarações e que “tudo seria mais simples se ele aceitasse a oferta do governo de diálogo”.
Nesta terça-feira, são realizados novos protestos em Cochabamba pedindo a saída definitiva do governador.
O vice-ministro de Coordenação dos Movimentos Sociais do governo Morales, Alfredo Rada, também apelou a Reyes Villa que volte logo ao cargo.
Rada pediu calma aos manifestantes e disse que qualquer mudança, segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI), deve ser feita dentro “das regras democráticas”.
Rada disse que, diante da experiência de Cochabamba, Morales decidiu mandar ao Congresso Nacional esta semana um projeto de lei para realização de um referendo que resolva, “democraticamente, os conflitos de governabilidade” – nos municípios, governos estaduais e governo nacional.
O plebiscito poderia decidir pela continuidade ou fim dos mandatos atuais.
Produtores de coca
O governador de Cochabamba disse que os protestos começaram pelo Estado porque ali o partido do governo, o Movimento ao Socialismo (MAS), deu a largada para apoiar a eleição de Morales.
Além disso, afirmou, o presidente tem apoio das seis federações de produtores de coca, instaladas em Cochabamba.
Está prevista para esta terça-feira manifestação em Santa Cruz de la Sierra em apoio aos governadores opositores.
A revolta nas ruas de Cochabamba começou depois que o governador tentou realizar referendo sobre a autonomia administrativa do Estado em relação ao governo central. Em julho passado, um plebiscito idêntico rejeitou a independência.
“Começou comigo, mas agora os protestos, com apoio do presidente, vão atrás de outros governadores opositores. A democracia está em perigo”, disse. “Essa atitude pode nos levar a uma guerra civil, a um banho de sangue no país.”
Reyes Villa falou por telefone à BBC Brasil de Santa Cruz de la Sierra, onde chegou para se refugiar na última sexta-feira. Ele contou que deixou Cochabamba, em meio a violentos protestos, num carro da polícia, e que não voltará ao cargo agora por temer por sua vida.
Na semana passada, enfrentamentos entre seguidores e opositores de Reyes Villa deixaram dois mortos e dezenas de feridos. Em La Paz, o governador José Luis Paredes, outro opositor do governo Morales, também enfrenta protestos e pressões para que renuncie.
Para Reyes Villa, a onda de protestos não é coincidência. Na opinião dele, as manifestações são articuladas pelo governo Morales contra a oposição.
“Ele tem um regime totalitário. Não permite dissidências”, afirmou. “Os protestos querem nos levar à renúncia. Mas eu não vou renunciar.”
Reação do governo
O governo de Evo Morales reagiu às declarações do governador da oposição. O ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana, disse que Reyes Villa tem uma linguagem "militarizada" e afirmou que o temor do governador é "desnecessário".
Quintana disse que Reyes Villa exagera em suas declarações e que “tudo seria mais simples se ele aceitasse a oferta do governo de diálogo”.
Nesta terça-feira, são realizados novos protestos em Cochabamba pedindo a saída definitiva do governador.
O vice-ministro de Coordenação dos Movimentos Sociais do governo Morales, Alfredo Rada, também apelou a Reyes Villa que volte logo ao cargo.
Rada pediu calma aos manifestantes e disse que qualquer mudança, segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI), deve ser feita dentro “das regras democráticas”.
Rada disse que, diante da experiência de Cochabamba, Morales decidiu mandar ao Congresso Nacional esta semana um projeto de lei para realização de um referendo que resolva, “democraticamente, os conflitos de governabilidade” – nos municípios, governos estaduais e governo nacional.
O plebiscito poderia decidir pela continuidade ou fim dos mandatos atuais.
Produtores de coca
O governador de Cochabamba disse que os protestos começaram pelo Estado porque ali o partido do governo, o Movimento ao Socialismo (MAS), deu a largada para apoiar a eleição de Morales.
Além disso, afirmou, o presidente tem apoio das seis federações de produtores de coca, instaladas em Cochabamba.
Está prevista para esta terça-feira manifestação em Santa Cruz de la Sierra em apoio aos governadores opositores.
A revolta nas ruas de Cochabamba começou depois que o governador tentou realizar referendo sobre a autonomia administrativa do Estado em relação ao governo central. Em julho passado, um plebiscito idêntico rejeitou a independência.