Barganha novaiorquina

da BBC, em Londres

"Por favor, aumenta aí o volume", pedi ao motorista de táxi na volta do aeroporto. Não acreditava no que ouvia.

Voltando de um Brasil onde deixei o buraco paulista, lama, chuva e deputados ricos em busca de aumento de 91%, precisava de uma boa notícia. Aquela parecia boa demais para ser verdade. Mas era.

O prefeito Bloomberg vai me devolver dinheiro que paguei em impostos. E, mais do que isto, vai reduzir meu imposto predial em 5% este ano.

2006 foi excepcional para os cofres da cidade. Uma combinação de aumento da receita com as vendas no mercado imobiliário e os lucros da Wall Street, deram a cidade teve um superávit recorde e o prefeito vai nos devolver um bilhão de dólares.

Além da redução de 5% no imposto predial vou receber um cheque de 400 dólares da cidade por impostos que paguei em anos passados. Vou também me beneficiar com uma redução de impostos para pequenas empresas e pela eliminação ou redução de impostos nas vendas de roupas e calçados.

Nem sempre ele foi tão generoso com nosso dinheiro. No primeiro ano de mandato, com a cidade no vermelho e saindo do buraco do11 de setembro, ele aprovou um aumento de 18.5% no imposto predial. Brutal.

Há dois anos, quando a cidade teve outro superávit, em vez de devolver dinheiro e reduzir impostos ele decidiu guardar a grana para os anos de vacas magras previstos para depois de 2008 por causa de aumentos em pensões, salários e despesas com saúde.

Os novaiorquinos gostam deste prefeito. Antes mesmo das benesses anunciadas ontem, o índice de aprovação dele estava em 75%, um número estratosférico entre políticos mesmo num ano recordista para a cidade em redução de crime e sujeira, aumento de emprego e de crédito. Os papéis de Nova York nunca valeram tanto.

Foi ano recordista também em turismo. Apesar das ameaças terroristas e das dificuldades de conseguir visas para entrar no país, a cidade recebeu 44 milhões de turistas. O Rio recebe dois milhões por ano, São Paulo um pouco menos.

Bloomberg contraria fórmulas e noções da política americana. Ele não faz inimigos nem depende de interesses de máquinas partidárias ou sindicais.

Homem de negócio, bilionário, democrata por formação, se elegeu prefeito em 2001 pelo partido republicano porque não tinha a menor chance de passar por cima dos candidatos do partido democrata.

Foi o primeiro cargo político de Bloomberg e provavelmente será o último, embora o nome dele seja cada vez mais citado como possível candidato a presidência. Uma pena. Teria meu voto.

Enquanto os políticos sempre querem mais, Bloomberg abriu mão do salário de prefeito (16.250 dólares por mês) e por tudo que ele fez e faz por esta cidade ganha um dólar por ano. É a maior barganha de Nova York.

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