Morales e Vázquez criticam 'assimetrias' no Mercosul

da BBC, em Londres

Os presidentes do Uruguai, Tabaré Vázquez, e da Bolívia, Evo Morales - que participaram da Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro - , fizeram nesta sexta-feira críticas ao bloco, abordando a questão da “assimetria” entre os seus integrantes.

Morales dirigiu suas críticas mais diretamente ao Brasil, usando como exemplo a negociação do preço do gás natural da Bolívia entre os dois países.

Ele lembrou que a Argentina paga US$ 5 por milhão de BTUs pelo gás natural boliviano, enquanto a Termocuiabá, no Estado do Mato Grosso, paga US$ 1.

“Enquanto o presidente Lula fala de solidariedade, essas questões ainda não foram resolvidas. Não é assim que resolveremos as assimetrias”, disse Morales.

Antes, o presidente boliviano já havia se queixado da lentidão no processo de ingresso boliviano no Mercosul e afirmou que os governos do Uruguai e do Paraguai "se sentem sozinhos" dentro do bloco.



Promessas

Vázquez, por sua vez, cobrou “que se cumpram as promessas e os compromissos adquiridos nesses anos (de formação do Mercosul)”. Se isso não acontecer, o presidente uruguaio disse que os “mesmos discursos” serão ouvidos nas próximas cúpulas os mesmos discursos.”

“O que o Uruguai reclama é por justiça no tratamento das assimetrias do Mercosul”, disse Vázquez.

O uruguaio fez referência ao discurso do ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que havia elogiado a solução de uma controvérsia no bloco envolvendo a empresa de água mineral uruguaia Fonte de Puma.

“O puma é um charmoso felídeo que foi condenado ao desaparecimento. E hoje é apenas um nome em uma etiqueta de uma empresa. Tememos que os pequenos países que compõem o Mercosul acabem como nomes esquecidos em etiquetas”, disse.

Lula, que antes do discurso de Vázquez estava sorridente e brincava com os demais presidentes sobre o tempo para os discursos, ficou sério. Ao passar a palavra para o venezuelano, Hugo Chávez, não fez nenhuma piada.

O Uruguai assina na próxima semana um tratado com os Estados Unidos que é visto por muitos como um pré-acordo de livre comércio, o que exigiria, pelas normas atuais do Mercosul, que o país deixasse o bloco.

“Quero dizer que, para alguns países menores do bloco, o Mercosul é deficitário. Temos um déficit de US$ 1 bilhão”, afirmou o uruguaio.

Vázquez fez um apelo ao Paraguai, país que assumiu nesta sexta-feira a Presidência Pro-Tempore do Mercosul, para se empenhar em reduzir as assimetrias do bloco.


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