Escolha de Salazar entre os 'maiores portugueses' gera polêmica
da BBC, em Londres
Um programa de televisão acendeu uma polêmica em Portugal quando, ao deixar as pessoas decidirem por telefone quem são os maiores portugueses de todos os tempos, o público colocou o nome do ditador Antônio de Oliveira Salazar na fase final, entre os dez mais votados.
Transmitido pelo canal público RTP, o programa tem um formato criado pela BBC e na Grã-Bretanha chamava-se Great Brittons.
Em uma primeira fase, que começou em outubro, os teleespectadores puderam escolher quem são os 100 maiores portugueses – tanto por indicação telefônica como por SMS.
Na segunda fase, por telefone em chamada com custo superior à normal – o equivalente a seis ligações – os votos são para um indicado.
Jogadores de futebol
Para garantir que a votação fosse contada de forma correta, foi contratada uma empresa de consultoria.
Os votos são vinculados ao número telefônico de onde vêm e se um telefone vota mais de uma vez, o voto válido é o último. No entanto, a vinculação do voto ao telefone não garante grande coisa: basta ir a telefones públicos e multiplicam-se as possibilidades de votar.
Na primeira fase votaram 88.177 pessoas, tendo sido indicadas 2.584 personalidades.
Entre os cem mais votados estavam os jogadores de futebol Eusébio, Luís Figo e Cristiano Ronaldo, presidente Aníbal Cavaco Silva e o ex-presidente Mário Soares, cantores como as fadistas Mariza e Amália Rodrigues, empresários como o dono da Sonae, Belmiro de Azevedo, reis e atores.
Segunda fase
A ordem dos dez maiores portugueses será decidida até março.
Além de Salazar, entre os nomes estão o fundador de Portugal, D. Afonso Henriques, o ex-dirigente comunista Álvaro Cunhal, os poetas Camões e Fernando Pessoa e o navegador Vasco da Gama.
Para os brasileiros, uma surpresa: Pedro Álvares Cabral não faz parte dos mais votados, ficando em 49º lugar.
O problema foi a inclusão de Salazar no grupo. Para o historiador e deputado Fernando Rosas, especialista no século 20, o programa está sendo usado por grupos políticos.
"Há uma tentativa de reabilitar o ditador, mas isso não corresponde ao sentimento da opinião pública portuguesa. Há grupos de pessoas. Os nostálgicos do salazarismo votam em Salazar, os nostálgicos do stalinismo votam em Álvaro Cunhal", diz o deputado, que discorda do formato do programa:
"A minha posição é que o programa não tem a mínima credibilidade no sentido de apurar quem são os grandes portugueses. O programa foi manipulado com efeitos publicitários e de audiência".
Segundo o professor de Comunicação Francisco Rui Cádima, o programa banaliza o papel do ditador. Em declarações ao jornal português Correio da Manhã, criticou o fato de tornar natural colocar entre os grandes portugueses um ditador responsável por assassinatos políticos.
Além da Grã-Bretanha, o programa já passou em dez países.
Entre os britânicos, o vencedor foi Winston Churchill. Nos Estados Unidos, a escolha foi Ronald Reagan; na Bélgica, o cantor Jacques Brel; na França, Charles De Gaulle; na Alemanha, o político Konrad Adenauer, que dirigiu o país no pós-guerra; na África do Sul, Nelson Mandela; e na República Tcheca, o presidente Vaclav Havel.
Outros países que passaram o programa foram a Finlândia, o Equador e a Malásia.
Transmitido pelo canal público RTP, o programa tem um formato criado pela BBC e na Grã-Bretanha chamava-se Great Brittons.
Em uma primeira fase, que começou em outubro, os teleespectadores puderam escolher quem são os 100 maiores portugueses – tanto por indicação telefônica como por SMS.
Na segunda fase, por telefone em chamada com custo superior à normal – o equivalente a seis ligações – os votos são para um indicado.
Jogadores de futebol
Para garantir que a votação fosse contada de forma correta, foi contratada uma empresa de consultoria.
Os votos são vinculados ao número telefônico de onde vêm e se um telefone vota mais de uma vez, o voto válido é o último. No entanto, a vinculação do voto ao telefone não garante grande coisa: basta ir a telefones públicos e multiplicam-se as possibilidades de votar.
Na primeira fase votaram 88.177 pessoas, tendo sido indicadas 2.584 personalidades.
Entre os cem mais votados estavam os jogadores de futebol Eusébio, Luís Figo e Cristiano Ronaldo, presidente Aníbal Cavaco Silva e o ex-presidente Mário Soares, cantores como as fadistas Mariza e Amália Rodrigues, empresários como o dono da Sonae, Belmiro de Azevedo, reis e atores.
Segunda fase
A ordem dos dez maiores portugueses será decidida até março.
Além de Salazar, entre os nomes estão o fundador de Portugal, D. Afonso Henriques, o ex-dirigente comunista Álvaro Cunhal, os poetas Camões e Fernando Pessoa e o navegador Vasco da Gama.
Para os brasileiros, uma surpresa: Pedro Álvares Cabral não faz parte dos mais votados, ficando em 49º lugar.
O problema foi a inclusão de Salazar no grupo. Para o historiador e deputado Fernando Rosas, especialista no século 20, o programa está sendo usado por grupos políticos.
"Há uma tentativa de reabilitar o ditador, mas isso não corresponde ao sentimento da opinião pública portuguesa. Há grupos de pessoas. Os nostálgicos do salazarismo votam em Salazar, os nostálgicos do stalinismo votam em Álvaro Cunhal", diz o deputado, que discorda do formato do programa:
"A minha posição é que o programa não tem a mínima credibilidade no sentido de apurar quem são os grandes portugueses. O programa foi manipulado com efeitos publicitários e de audiência".
Segundo o professor de Comunicação Francisco Rui Cádima, o programa banaliza o papel do ditador. Em declarações ao jornal português Correio da Manhã, criticou o fato de tornar natural colocar entre os grandes portugueses um ditador responsável por assassinatos políticos.
Além da Grã-Bretanha, o programa já passou em dez países.
Entre os britânicos, o vencedor foi Winston Churchill. Nos Estados Unidos, a escolha foi Ronald Reagan; na Bélgica, o cantor Jacques Brel; na França, Charles De Gaulle; na Alemanha, o político Konrad Adenauer, que dirigiu o país no pós-guerra; na África do Sul, Nelson Mandela; e na República Tcheca, o presidente Vaclav Havel.
Outros países que passaram o programa foram a Finlândia, o Equador e a Malásia.