Após falar com Lula, Meirelles e Mantega dizem trabalhar em sintonia

da BBC, em Londres

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disseram trabalhar em "sintonia", depois de terem conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no avião que os levou a Davos.

Questionado sobre a decisão do Banco Central de reduzir em apenas 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, Lula disse que os jornalistas seriam atendidos pelos dois.

"Vocês vão conversar agora com o Guido e o Meirelles. Vim agora com o Guido e o Meirelles no avião, e os dois vão falar agora", disse o presidente, ao chegar ao hotel em que está hospedado em Davos.

Durante a divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Mantega fez um comentário, em público, direcionado a Meirelles, dizendo que o mercado esperava a "continuação" da queda de juros.

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Dois dias depois, o Banco Central decidiu por uma queda de 0,25 ponto percentual – menor do que o 0,5 ponto percentual das reuniões anteriores.

Os dois negaram que haja qualquer constrangimento. “Conversamos toda a semana. O Meirelles almoça lá no Ministério e nem paga o almoço”, brincou Mantega.

“Discutimos cenários, mas não sugiro a ele qual vai ser a taxa de juros. É claro que ele sabe que eu gostaria cada vez menor”, disse.

“Conversamos inclusive no dia anterior à decisão (do Comitê de Política Monetária), mas o ministro da Fazenda não determina qual vai ser a taxa de juros. Isso é muito claro porque o Copom tem autonomia e assim funciona melhor.”

Meirelles também tentou demonstrar que não há ressentimentos: “Nós temos uma relação absolutamente cordial e bem-humorada. Trabalhamos em completa sintonia”.

Inflação

Sobre a redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual para 13% ao ano, divulgada na quarta-feira, Mantega disse que a queda, considerada tímida por alguns analistas econômicos e empresários, não é um banho de água fria no PAC.

“O importante é que os juros estão caindo, continuam caindo e acredito que continuarão caindo nos próximos meses, ajudando a cumprir o objetivo do PAC que é ter um crescimento maior da economia”, comentou o ministro.

Meirelles, no entanto, disse que o “Copom não anuncia os próximos passos”.

“O Copom tem uma missão básica, definida pelo Conselho Monetário Nacional e por delegação do presidente da República, que é controlar a inflação. O Banco Central cumpre sua missão segundo suas análises, experiência e modelos”, falou.

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