Com compra da Corus, Ratan Tata quer se projetar no mundo

da BBC, em Londres

O grupo indiano Tata Steel, da Índia, venceu a batalha pelo controle da siderúrgica anglo-holandesa Corus ao fazer uma oferta de US$ 11,3 bilhões.

O presidente da Tata, Ratan Tata, não está na lista dos 40 indianos mais ricos do mundo compilada pela revista Forbes.

Seu grande império industrial não é mais o maior entre os grupos privados indianos. Ele nem é considerado o empresário mais poderoso da Índia.

E, o mais importante, há uma falta de clareza sobre quem será o seu sucessor depois que ele se aposentar, em 2012.

Mas Ratan Tata é um dos mais respeitados caciques corporativos da Índia.

Com a notícia de que a Corus aceitou a sua oferta, ele chegou à arena global.

Este é um breve retrato de Ratan Tata, de 69 anos, que controla o grupo Tata, avaliado em US$ 22 bilhões, e que inclui 96 fábricas que produzem de veículos a relógios, de aço a fertilizantes.

Agressivo e ambicioso

A compra da Corus, a maior operação do tipo realizada por uma empresa indiana, marca mais uma transformação na imagem corporativa de Ratan Tata, durante os seus 15 anos como presidente do grupo.

Hoje o discreto e introvertido Ratan é visto como um empresário agressivo e ambicioso, cuja visão estratégica mudou de local para global.

Esta transformação começou em fevereiro de 2000, quando a empresa Tata Tea comprou a britânica Tetley, de chá, por US$ 400 milhões. No ano fiscal 2005-06, o grupo adquiriu 14 empresas, num valor de quase US$ 1,5 bilhão.

Em uma recente entrevista a uma revista indiana, Ratan Tata disse que sentia que os indianos eram muito voltados para si mesmos, e ele achou que não precisava ser assim.

Hoje, quase um terço da receita do grupo, cerca de US$ 6,7 bilhões, vem dos mercados fora da Índia.

"Eu acho que nós apenas começamos. Se nós ficarmos na Índia, teremos uma desvantagem competitiva", afirmou Alan Rosling, diretor da Tata Sons, que é a holding do grupo, em entrevista à agência de notícias Reuters neste mês.

Esta percepção surpreendeu muitos empreendedores indianos e, depois do acordo Tata-Corus, os investimentos estrangeiros diretos da Índia no exterior excederão a entrada de investimentos estrangeiros diretos nos primeiros sete meses deste ano fiscal.

No final da década de 90, a Tata Steel e a Tata Motors passaram por crises e sofreram enormes prejuízos.

Ratan revitalizou as operações da Tata Steel e tornou-a uma das siderúrgicas com custo de produção mais baixo do mundo.

Ele surpreendeu seus críticos quando lançou o primeiro carro totalmente indiano, Indica, que trouxe um futuro promissor para a Tata Motors.

Quando o grupo entrou no século 21, a preocupação de Ratan Tata era globalizar as suas operações, no que ele teve algum sucesso.

Ratan também desejou salvaguardar suas empresas contra possível oferta hostil depois que o empresário indiano baseado em Londres, Lakshmi Mittal, comprou a empresa Arcelor, de Luxemburgo, em meados deste ano, para se tornar a maior siderúrgica do mundo e anunciou ambiciosos planos para a Índia.

Mas sua maior preocupação foi em se proteger da crescente competição doméstica e global.

Para conseguir isso, ele não teve opção a não ser se tornar mais agressivo.

Hoje o grupo, que era visto como cauteloso e averso a riscos, não se acanha em enfrentar os competidores seja em táticas de mercado, novos produtos ou formulação de políticas.

Na esfera pesoal, Ratan Tata enfrenta outro problema. Solteiro, ele procura um sucessor.

Entre os candidatos está um meio-irmão, Noel - mas nenhum deles se estabeleceu propriamente.

Na falta de um nome confiável, Tata decidiu adiar sua aposentadoria em cinco anos.

Agora parece que é hora de Ratan Tata se estabelecer no mapa mundi. A aquisição da Corus faz da Tata Steel a quinta maior siderúrgica do mundo.

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