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Parlamento rejeita governo de unidade na Líbia

25/01/2016 18h39

Parlamentares do governo reconhecido internacionalmente argumentam que proposta com 32 ministérios, mediada pela ONU, não condiz com realidade do país e pedem administração menor.

O Parlamento da Líbia reconhecido pela comunidade internacional rejeitou nesta segunda-feira (25/01) o governo de unidade proposto há uma semana, depois de negociações mediadas pela ONU. O acordo visava resolver a crise política e o conflito armado no qual o país mergulhou nos últimos anos.

A rejeição já era amplamente esperada. Dos 104 parlamentares presentes na votação que ocorreu em Tobruk, no leste do país, 89 votaram contra a administração definida na semana passada e deram um prazo de dez dias para que uma nova proposta seja apresentada.

Segundo os parlamentares, a proposta do Conselho Presidencial de Unidade de um governo composto por 32 ministros foi rejeitada devido à grande quantidade de cargos. Os legisladores pediram que a nova proposta preveja um número menor de ministérios.

O parlamentar Omar Tantoush disse que rejeitou a medida por ela não corresponder aos desafios atuais. "Eles não usaram critérios adequados para a escolha dos ministérios e para o tamanho do governo, especialmente agora que a economia está em colapso na Líbia", ressaltou.

Em outra votação, o Parlamento aprovou o acordo político para um novo governo, mas rejeitou uma cláusula que transferia para a nova administração o poder de nomear militares. A medida colocaria em risco o posto do general Khalifa Haftar, que foi nomeado chefe militar pelo governo reconhecido pela comunidade internacional e é rejeitado pelo Parlamento rival em Trípoli.

A Líbia mergulhou no caos após a deposição e morte do ditador Muammar Kadafi, em 2011. Desde 2014, a divisão do país somente aumentou, com a formação de dois governos e dois parlamentos - o reconhecido internacionalmente, no leste do país, e o apoiado pelos islamistas, na capital, Trípoli. Cada um dos lados conta com o apoio de uma série de milícias.

Em meio ao caos surgiu um grupo afiliado aos terroristas do "Estado Islâmico" (EI), o qual reivindicou responsabilidade por uma série de ataques mortais. O objetivo do grupo seria expandir seu território e assumir o controle sobre campos de petróleo - a única fonte de riqueza da Líbia.

O Conselho Presidencial de Unidade - baseado em Túnis, capital da Tunísia - inclui membros dos dois lados e tenta encontrar uma solução para o conflito. Em dezembro, líderes políticos dos grupos opostos assinaram, no Marrocos, um acordo que previa a formação de um governo de unidade nacional.

CN/rtr/afp/ap/lusa