Alemanha torna públicos arquivos sobre Colonia Dignidad
O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, anunciou nesta terça-feira (26/04) que arquivos secretos sobre Colonia Dignidad serão tornados públicos. A colônia alemã no Chile foi palco de crimes que vão desde abusos sexuais de menores a tortura de opositores da ditadura de Augusto Pinochet.
Num evento realizado em Berlim, com a presença de vítimas do enclave fundado pelo ex-suboficial nazista Paul Schäfer, Steinmeier disse ter "decidido adiantar a desclassifição [dos documentos] para que pesquisadores e a mídia tenham acesso às informações". Os arquivos deveriam ficar selados por mais dez anos.
Colonia Dignidad foi estabelecida em 1961 por colonos alemães liderados por Schäfer. O ex-suboficial nazista transformou o lugar, 350 quilômetros ao sul de Santiago, numa espécie de seita, onde praticava pedofilia e onde ninguém podia entrar nem sair sem sua autorização.
Durante a ditadura militar no Chile, entre 1973 e 1990, o enclave foi utilizado como centro de detenção ilegal, onde se praticou tortura e se assassinaram opositores do regime. Colonia Dignidad também serviu como depósito de armas e reduto de trabalho infantil escravizado.
Steinmeier admitiu que, na época, o governo alemão não fez o suficiente para ajudar as vítimas da comunidade chilena - hoje chamada Villa Baviera. "Esse é um capítulo obscuro da história da diplomacia alemã, e é evidente que os diplomatas alemães fizeram muito pouco para proteger as pessoas que tentavam escapar dos maus-tratos", afirmou.
Em 2005, Schäfer foi detido na Argentina e extraditado para o Chile, onde foi condenado a 33 anos de prisão por homicídio, tortura e abuso sexual. Ele morreu na prisão em 2010.
No evento em Berlim, foi exibido o filme que leva o nome da comunidade, Colonia Dignidad, de 2015. Estrelado por Emma Watson e Daniel Brühl, o longa ainda não tem previsão de estreia no Brasil.
LPF/efe/rtr/ap/afp/dpa
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