Sudão do Sul: Nomeação de novo vice-presidente é "prejudicial"
Taban Deng Gai (na foto) foi empossado como vice-presidente esta terça-feira (26.07) no Palácio Presidencial em Juba, menos de um dia depois de o chefe de Estado, Salva Kiir, afastar do cargo o seu rival, Riek Machar.
O líder da oposição está em local incerto desde o início de julho, após confrontos na capital sul-sudanesa entre militares oposicionistas, leais a Machar, e forças governamentais, leais a Kiir.
O novo vice-presidente, Taban Deng Gai, chefiou a equipa de Riek Machar que negociou o acordo de paz de agosto de 2015. Mas Machar acusa-o agora de se ter afastado do seu partido, o SPLM-IO. Neste momento, a oposição sul-sudanesa está dividida entre os apoiantes de Machar e os seguidores de Deng Gai.
"As circunstâncias forçaram-nos a preencher uma vaga para salvar a nossa nação", afirmou o novo vice-presidente após a cerimónia de tomada de posse.
Taban Deng Gai referiu que não pode haver dois exércitos no Sudão do Sul e comprometeu-se a contribuir para a "unificação das Forças Armadas, o mais cedo possível, para devolver a estabilidade ao país."
O conflito entre as forças de Salva Kiir e Riek Machar começou no final de 2013, dois anos e meio depois de o Sudão do Sul se tornar independente. Dezenas de milhares de pessoas foram mortas nos confrontos, a maioria civis. De acordo com as Nações Unidas, mais de 2,3 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas. Nos novos confrontos em Juba, enquanto o país celebrava o quinto aniversário desde a independência, a 9 de julho, morreram pelo menos 300 pessoas.
Críticas à nomeação
Esta semana, a nomeação de Taban Deng Gai como novo vice-presidente encontrou resistência. A Comissão de Vigilância e Avaliação do acordo de paz anunciou que a eleição não representa as "instituições conhecidas da oposição", contrariamente ao que foi estabelecido em agosto de 2015.
Nyarji Roman, porta-voz da fação de Machar, acrescenta que a nomeação do novo vice-presidente foi "totalmente ilegal".
Roman acusa o Governo de ter destacado tropas para perseguir Machar. O líder da oposição diz que só regressará a Juba se a União Africana enviar uma força de intervenção militar ao Sudão do Sul.
A especialista do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança em Berlim, Annette Weber, teme que a nomeação de Taban Deng Gai provoque novos conflitos.
"Parece um retorno à situação de 2013. Deng Gai não é o líder, as tropas não o seguem", disse em entrevista à DW África. Weber lembra que este é um "jogo muito prejudicial não só para eles, mas também para o futuro do país."
"É tempo de parar com isto e pensar no futuro da população", apela.
Alerta das Nações Unidas
A ONU avisou o Sudão do Sul que quaisquer nomeações políticas devem estar de acordo com o que está previsto no acordo de paz.
"Instamos ambas as partes a manter o cessar-fogo e a solucionar com o diálogo qualquer divisão", afirmou o porta-voz das Nações Unidas, Farhan Haq.
A organização promete continuar a trabalhar com o Governo transitório para que o acordo de paz de agosto de 2015 seja cumprido.
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