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1984: Suborno derruba presidente do Parlamento alemão

(rw)

25/10/2016 06h28

No dia 25 de outubro de 1984, Rainer Barzel (CDU) renunciou à presidência do Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), depois da comprovação de ter aceito suborno e envolvimento em doações não declaradas ao partido.Desde 1964, Rainer Barzel liderava a bancada dos partidos da União Democrata-Cristã e União Social-Cristã (CDU/CSU) no Bundestag (parlamento alemão). Em 1971, assumiu também a presidência da União Democrata-Cristã.O Escândalo Flick, como ficou conhecido na Alemanha, foi o primeiro caso público de doações ilegais a um partido. O objetivo do empresário Friedrich Karl Flick era evitar que seu conglomerado pagasse altas somas em impostos.Quando o escândalo foi divulgado, criou-se uma CPI no Bundestag. O caso acabou culminando com processos por sonegação de impostos, a ruína de carreiras políticas e a venda do conglomerado Flick para o Deutsche Bank. Inclusive o ex-chanceler federal Helmut Kohl esteve envolvido.Transferências bancárias para políticosO escândalo começou a ser investigado depois de uma denúncia feita em 13 de janeiro de 1975. O comerciante Peter Müllenbach sentia-se traído pelo sócio e por isso o denunciou à Receita. O fiscal Klaus Förster começou uma ampla investigação, que desembocou na revelação do escândalo.Numa lista do ex-contador de Flick, foram descobertas várias transferências bancárias em favor de políticos. Um dos beneficiados era o então governador da Baviera, Franz Joseph Strauss, que recebeu um total de 925 mil marcos. Em janeiro de 1975, Flick havia vendido ações da Daimler-Benz no valor de mais de 1,9 bilhão de marcos (29% do capital da empresa).Uma brecha na legislação, entretanto, permitia a isenção de imposto sobre a transação, desde que o dinheiro fosse reinvestido em projetos de incentivo econômico. O então ministro da Economia, Hans Friderichs, e seu sucessor, Otto Lambsdorff, permitiram que o capital fosse reaplicado na compra de ações, sem pagar taxas.Demissão do Ministro da EconomiaAnos mais tarde, uma comissão parlamentar de inquérito descobriu que Eberhard von Brauchitsch, assessor de Flick, pagava propinas regulares a políticos em Bonn. Entre os beneficiados, estavam o então ministro da Economia, Otto Lambsdorff, e seu antecessor, Hans Friederichs. A CPI obrigou-os a pagar altas multas. Lambsdorff renunciou em junho de 1984 e Friederichs perdeu o cargo de porta-voz da presidência do Dresdner Bank.Brauchitsch, por seu lado, não pôde mais se eleger à presidência da poderosa Confederação da Indústria Alemã (BDI), e Rainer Barzel renunciou em 1984 à presidência do Bundestag, assumida um ano antes. A CPI havia aberto um inquérito contra um escritório de advocacia por suspeitar de um negócio simulado para acobertar o envolvimento entre Flick e Barzel.Na realidade, até 1980, o escritório havia repassado quase 1,7 milhão de marcos a Barzel como sendo "transações político-econômicas". Ao mesmo tempo, Flick pagou 1,75 milhão de marcos ao escritório de advocacia, a título de "despesas gerais".