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Le Pen diz que Europa "vai acordar" em 2017

21/01/2017 16h33

Líder da Frente Nacional projeta vitórias na França, Alemanha e Holanda durante encontro de partidos populistas de direita em Koblenz. Do lado de fora, 5 mil protestam contra o extremismo e pedem mais tolerância.Líderes de extrema direita e populistas europeus reunidos neste sábado (21/01) em Koblenz, no oeste alemão, expressaram confiança com as eleições que serão realizadas este ano em países da União Europeia e previram "o fim de uma era". Cerca de três mil pessoas protestaram do lado de fora contra a convenção."A ascensão da direita europeia é uma resposta dos cidadãos aos ditames das elites liberais. Estamos vivendo o fim de uma era e o nascimento de uma nova", declarou Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita Frente Nacional e candidata à presidência da França.Depois da decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia e da eleição do magnata Donald Trump à Casa Branca, Le Pen sublinhou que "2016 foi o ano em que o mundo anglo-saxão acordou. Estou certa de que 2017 será o ano em que as pessoas da Europa continental vão acordar".A candidata da Frente Nacional à presidência francesa, que foi a primeira a falar para as cerca de 800 pessoas presentes à convenção, afirmou que os eleitores de França, Alemanha e Holanda – onde serão realizadas eleições este ano – podem mudar a Europa."Agora é preciso passar à próxima etapa, na qual não vamos nos contentar em ser uma minoria no Parlamento Europeu, a etapa na qual seremos majoritários nas urnas em cada eleição", disse, desejando sorte ao partido populista alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), de Frauke Petry, e ao holandês Partido para a Liberdade (PVV), de Geert Wilders, que disputarão os pleitos, respectivamente, em setembro e março. Petry e Wilders, juntamente com o chefe do italiano Lega Nord, Matteo Salvini, e Harald Vilimsky, do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), também estiveram presentes ao encontro. Esta foi a primeira vez que Le Pen e Petry, líderes dos partidos populistas das duas maiores economias da União Europeia, apresentaram-se juntas em público.Protestos do lado de fora da convençãoDo lado de fora da convenção, cerca de 5 mil pessoas protestaram contra o extremismo e o populismo de direita, segundo cálculos da polícia. O líder do Partido Social-Democrata (SPD) e vice-chanceler federal alemão, Sigmar Gabriel, participou da manifestação. Ele escreveu em sua conta no Twitter que "quem dorme na democracia pode acordar numa ditadura".A marcha, que foi convocada por uma plataforma de mais de uma centena de partidos, sindicatos, igrejas, organizações não governamentais e coletivos sociais, ocorreu sob o lema "Koblenz não perde sua diversidade" e teve também a participação do ministro do Exterior de Luxemburgo, Jean Asselborn, e da governadora da Renânia-Palatinado, Malu Dreyer. "É uma manifestação pela liberdade, pela coesão social no nosso país, pela tolerância", afirmou Dreyer.Antes do evento, a secretária-geral do SPD, Katharina Barley, apelou à resistência contra o populismo de direita na Europa. Numa entrevista ao jornal Neue Osnabrücker Zeitung publicada neste sábado, ela alertou que muitas pessoas ainda não perceberam a gravidade da situação, que ela chamou de aterrorizante. "Essas pessoas [os líderes populistas] pensam que cada país deveria ter em vista apenas os seus interesses", disse Barley. "No longo prazo, essa ideologia leva a guerras."Os líderes populistas de direita se reuniram para reforçar os laços entre seus partidos, todos de tendências nacionalistas. Vários meios de comunicação alemães foram impedidos de participar do encontro, incluindo todas as emissoras públicas de televisão, o jornal Handelsblatt e jornalistas da revista Der Spiegel e do Frankfurter Allgemeine Zeitung.FC/efe/lusa/rtr/ap/afp/dpa