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Merkel condena ordem de Trump para barrar refugiados

29/01/2017 10h08

Porta-voz afirma que chefe alemã de governo rejeita veto do presidente americano à entrada nos EUA de cidadãos de vários países muçulmanos. Em telefonema, Merkel explica a Trump que isso fere Convenção de Genebra.A chanceler federal alemã, Angela Merkel, se pronunciou neste domingo (29/01) contra o veto temporário imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à entrada no país de cidadãos de vários países de maioria muçulmana.Merkel "está convencida de que a guerra decidida contra o terrorismo não justifica que se coloquem pessoas sob suspeita generalizada em função de uma determinada procedência ou religião", declarou o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.O Executivo de Berlim "estudará agora que consequências essas medidas têm para cidadãos alemães com dupla nacionalidade", acrescentou o porta-voz, informando que a própria Merkel expressou essa posição perante Trump na conversa realizada no sábado entre os dois líderes.Cidadãos alemães com dupla cidadaniaO veto a cidadãos de vários países de maioria muçulmana afetará, segundo a revista Der Spiegel, o deputado e membro do Partido Verde Omid Nouripour. Ele está entre os milhares de alemães com dupla nacionalidade que, de acordo com esse decreto, não poderiam viajar temporariamente aos Estados Unidos.Segundo Seibert, o governo alemão vai representar "os interesses desses cidadãos junto aos parceiros americanos."O porta-voz também se referiu à Convenção de Genebra, segundo a qual refugiados de guerra devem ser acolhidos por razões humanitárias. Isso cabe a todos os países signatários, aos quais também pertencem os EUA, disse Seifert, relatando que a chanceler federal alemã teria esclarecido isso ao presidente americano na detalhada conversa telefônica de sábado.Convite a TrumpA declaração oficial deste domingo segue o comunicado conjunto emitido no sábado, ao término do contato telefônico, o primeiro entre os dois líderes desde a chegada ao poder de Trump e no qual foi destacada a concordância na "importância fundamental" que ambos dão à Otan.No texto se mencionavam diversas questões que Trump e Merkel trataram, desde a situação no Oriente Médio, no Norte da África, as relações com a Rússia e o conflito ucraniano, assim como a determinação deles de cooperar mais estreitamente na luta contra o terrorismo internacional.Além disso, foi mencionado o convite de Merkel a Trump para participar da Cúpula do G20, que será realizada no próximo mês de julho em Hamburgo, e o feito pelo presidente americano à chanceler federal para visitar Washington, sem estabelecer uma data.O comunicado não continha, no entanto, nenhuma alusão à ordem executiva assinada por Trump relativa aos cidadãos de vários países de maioria muçulmana nem à política migratória. Poucos dias antes de assumir o cargo de presidente, Trump havia tachado de "erro catastrófico" a política para refugiados da chanceler federal, em entrevista ao jornal alemão Bild, na qual também qualificou a Otan como organização "obsoleta".CA/epd/efe