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EUA tentam deixar retórica de guerra de lado

Forças sul-coreanas e norte-americanas participam de exercício militar conjunto em Pocheon, Coreia do Sul - Kim Hong-ji/ Reuters
Forças sul-coreanas e norte-americanas participam de exercício militar conjunto em Pocheon, Coreia do Sul Imagem: Kim Hong-ji/ Reuters

27/04/2017 07h28

Em meio a um acirramento da tensão, reunião com senadores convocada por Trump conclui que diálogo e sanções internacionais compõem a melhor estratégia perante a Coreia do Norte. Mas resposta militar ainda é opção.

Os Estados Unidos decidiram insistir em um caminho diplomático para reverter o crescente clima de tensão com a Coreia do Norte. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (26) em uma reunião extraordinária realizada na Casa Branca entre o presidente americano, Donald Trump, e todos os 100 senadores do país, além de altos membros da Defesa. A opção militar, porém, não foi descartada.

Na reunião atípica, os parlamentares concluíram que a diplomacia, somada a um aumento de sanções internacionais, ainda é a melhor estratégia para conter as ambições nucleares do regime comunista.

"Os Estados Unidos buscam estabilidade e o desarmamento nuclear pacífico da Península Coreana. Seguimos abertos a negociações neste sentido", disseram em nota conjunta o secretário de Estado, Rex Tillerson, o secretário de Defesa, Jim Mattis, e o diretor da Inteligência Nacional, Dan Coats. "No entanto, continuamos prontos para nos defender e defender nossos aliados."

"Estamos envolvendo membros responsáveis da comunidade internacional a aumentarem a pressão sobre a RPDC a fim de convencer o regime a se acalmar e retornar ao caminho do diálogo", acrescentou o comunicado, citando o país asiático pelo nome oficial (República Popular Democrática da Coreia).

Tillerson, Mattis e Coats aproveitaram o encontro para destacar o avanço das capacidades nucleares da Coreia do Norte e discutir as possíveis estratégias de resposta dos Estados Unidos.

"Foi uma reunião prudente onde ficou claro o quanto tem se pensado e planejado em termo de opções militares, em caso necessário, e uma estratégia diplomática que me parece lúcida e bem proporcionada", revelou a repórteres o senador democrata Christopher Coons.

Diante do acirramento do conflito entre Washington e Pyongyang, Trump, que não descartou um ataque militar, tem apresentado uma postura mais rígida que seu antecessor, Barack Obama, para conter o programa nuclear da Coreia do Norte.

Entre as medidas recentes, ele enviou para a região uma força naval, um porta-aviões e um submarino nuclear. Na quarta-feira, os EUA também deram início à instalação de um sistema antimísseis na Coreia do Sul, além de pedir à China que use sua influência regional para conter o país vizinho.

O comandante dos EUA para a Ásia-Pacífico, almirante Harry Harris, afirmou nesta quarta-feira (26) ao Congresso americano que o objetivo do sistema antimísseis que está sendo instalado na Coreia do Sul é fazer o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, "retornar ao bom senso, e não colocá-lo de joelhos".

Segundo Harris, o sistema conhecido como Thaad estará pronto para ser usado nos próximos dias. Antes, o Ministério da Defesa da Coreia do Sul havia dito que ele poderia começar a funcionar no fim do ano. Segundo o governo da Coreia do Sul, partes do sistema começaram a ser instaladas num antigo campo de golfe a cerca de 250 quilômetros ao sul de Seul.

Harris também disse acreditar que a Coreia do Norte tentará atacar os EUA assim que tiver condições de fazê-lo, o que, na avaliação dele, deverá ocorrer em breve. "Assim como se diz que Thomas Edison falhou mil vezes antes de ser bem-sucedido na invenção da lâmpada elétrica, Kim Jong-un vai continuar tentando", afirmou Harris à Comissão das Forças Armadas do Congresso. "Um dia desses, logo, ele vai conseguir." Diante disso, ele defendeu o reforço da defesa antimísseis no Havaí.

Desde 2006, a Coreia do Norte já realizou cinco testes atômicos, dois deles só no ano passado. O regime de Pyongyang também trabalha atualmente no desenvolvimento de mísseis de longo alcance, cujas ogivas nucleares possam chegar até os EUA.