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Turquia leva centenas a tribunal por tentativa de golpe

01/08/2017 12h24

Começa principal julgamento envolvendo suspeitos de tentar derrubar governo do presidente Erdogan. Entre os quase 500 acusados estão membros da Força Aérea e supostos apoiadores do clérigo Fethullah Gülen.Centenas de suspeitos foram levados a um tribunal na Turquia nesta terça-feira (01/08), no maior julgamento já realizado de acusados pela tentativa fracassada de golpe de Estado no país no ano passado. No total, 486 suspeitos, entre eles o ex-comandante e pilotos da Força Aérea turca, enfrentam acusações que incluem assassinato, associação a organizações terroristas, tentativa de assassinato do presidente Recep Tayyip Erdogan, tentativa de derrubar o Parlamento e danos à propriedade pública.Leia mais: Um ano depois, turcos ainda sofrem efeitos do golpe frustradoSe condenados, a maioria dos réus poderá receber penas de prisão perpétua em confinamento solitário, sem possibilidade de liberdade condicional.O réu principal, julgado in absentia, é o clérigo muçulmano Fethullah Gülen, líder do movimento islâmico acusado de orquestrar a tentativa de golpe. O religioso, exilado nos Estados Unidos desde 1999, nega ter dado ordens a seus seguidores para que executassem o golpe de Estado.Entre os suspeitos, 461 estão presos, 18 foram libertados sob vigilância e sete estão foragidos. Muitos deles enfrentam ainda outras acusações relacionadas à tentativa de golpe.Os suspeitos são acusados de executarem o golpe a partir da base aérea de Akinci, que se acredita ter sido o centro da conspiração, de onde partiram os caças F-16 que fizeram voos rasantes sobre Ancara antes de bombardear o Parlamento e edifícios governamentais.Também serão julgados os chamados imãs civis, líderes religiosos que teriam agido como intermediários entre Gülen e os supostos golpistas.O julgamento, parte do maior processo jurídico da história moderna da Turquia, deverá durar 29 dias. Ele ocorre num dos maiores tribunais estabelecidos dentro de um complexo prisional, em Sincan, próximo a Ancara com capacidade para mais de 1,5 mil pessoas. Mais de 50 mil pessoas foram presas acusadas de ligação com Gülen desde a imposição do estado de emergência no país na sequência do golpe fracassado, e 120 mil foram afastadas de seus empregos. Segundo o governo, 249 pessoas morreram durante o levante, além de 24 supostos golpistas.RC/afp/dw