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Índia testa canhão de água para combater poluição atmosférica

20/12/2017 14h58

Dispositivo lança partículas de água e afasta poluentes atmosféricos, segundo fabricante. Ambientalistas afirmam que autoridades deveriam considerar soluções sustentáveis, e não medidas paliativas.A Índia anunciou nesta quarta-feira (20/12) uma nova arma para o combate à poluição do ar: uma "arma antipoluição atmosférica", a qual as autoridades esperam que limpe os céus sobre Nova Déli. Ambientalistas, no entanto, advertem se tratar apenas de uma medida paliativa.

A nova arma é um canhão de água – com forma de secador de cabelo e colocada sobre a traseira de um caminhão. Ele foi testado em Anand Vihar, uma área no leste de Déli, que faz divisa com uma zona industrial com altos índices de poluição atmosférica. Nesta quarta-feira, por exemplo, a concentração das partículas menores e mais nocivas atingiu o valor de 380 – mais de 15 vezes o máximo considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os fabricantes desses canhões afirmaram que as finas gotas de água, ejetadas em alta velocidade, podem expelir os mortais poluentes atmosféricos. Os canhões – projetados para combater o pó em locais de mineração e construção – custam cerca de 30 mil dólares, mas o governo parece estar disposto a abrir os cofres.

"Se o canhão se mostrar bem sucedido, iremos aplicá-lo nas ruas de Déli o mais rápido possível", disse Imran Hussain, ministro do Meio Ambiente do Governo de Déli. Ele acompanhou uma sessão de testes em Anand Vihar.

O fabricante Cloud Tech afirmou que o canhão pode borrifar até 100 litros de água por minuto e limpar 95% dos poluentes no ar.



O Greenpeace não se mostrou impressionado e afirmou que o canhão não passa de uma maneira de desvia a atenção das causas da poluição no inverno em Déli – um fenômeno tão maléfico que o próprio governo local o descreveu como uma "câmara de gás".

Déli sofre com a poluição atmosférica, o chamado smog, todos os invernos, uma vez que o ar frio retém uma mistura tóxica de poluentes originados de queimadas de culturas, escapamentos de veículos, incêndios, poeira de construções e emissões industriais.

"Esta definitivamente não é a solução. É possível usá-lo [o canhão] ocasionalmente em locais sensíveis, mas a solução para a poluição reside em controlá-la na fonte em vez de pulverizar água pelo ar", disse Sunil Dahiya, da organização ambiental Greenpeace. "O governo de Déli deveria considerar soluções mais sustentáveis ao invés de criar negócios para algumas empresas."

A capital indiana tem enfrentado dificuldades para contornar o problema. Com medidas drásticas de curto prazo, como fechar fábricas, fornos de fabricação de tijolos e restringir o uso de carros, Déli não tem conseguido reduzir os níveis perigosos de poluição. A crise foi tão grave em novembro, que médicos declararam emergência de saúde pública, enquanto escolas foram fechadas em toda a capital do país.

A fabricante Cloud Tech admitiu que um ou dois canhões teriam pouco impacto no combate à poluição e sugeriu a necessidades de colocar entre 30 e 40 deles em ação. "Esta é uma solução para quando você está desamparado", disse VImal Saini, da Cloud Tech.

Pequim realizou testes com um canhão de água em 2014, mas autoridades foram criticadas por desperdiçar dinheiro numa máquina em que cientistas concordaram ser pouco eficiente para a redução de poluentes atmosféricos.

PV/afp/efe

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