Presidente do Peru à beira do impeachment
Oposição garante ter votos suficientes para destituir Pedro Pablo Kuczyinski da presidência do país. Ele é acusado de esconder laços com a construtora Odebrecht, imersa em vários escândalos de corrupção.O futuro do presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, será definido nesta quinta-feira (21/12), quando o Congresso – dominado pela oposição – vota um pedido de impeachment contra ele por supostamente esconder laços com a construtora brasileira Odebrecht, imersa em vários casos de corrupção no Brasil e mundo afora.
Para analistas, o destino de Kuczynski, um economista liberal de 79 anos, já está selado – devido à correlação de forças no Congresso peruano, tudo aponta para a estimativa de que os partidos empenhados em destituí-lo da presidência devem obter os 87 votos necessários. O Congresso do Peru tem 130 assentos – somente a legenda oposicionista Força Popular, fundada por Keiko Fujimori em 2009, detém 72 cadeiras.
Leia também: Democracia em jogo no Peru
Antes da votação que determinará se Kuczynski deverá deixar o cargo para o vice-presidente, Martín Vizcarra, o líder peruano terá pelo menos 60 minutos para falar perante o plenário. Kuczynksi será acompanhado de seu advogado, Alberto Borea, ex-cogressista, ex-candidato presidencial e um dos mais destacados constitucionalistas do Peru.
"Vou demonstrar que não cometi nenhum crime, não cometi corrupção", disse Kuczynksi, que reconhece que sua consultoria Westfield Capital executou trabalhos para a Odebrecht, mas numa época em que ele deixou a empresa para se dedicar exclusivamente ao cargo de primeiro-ministro durante a presidência de Alejandro Toledo (2001-2006).
Milhares de pessoas participaram de uma manifestação, na quarta-feira, contra a classe política do país, os escândalos de corrupção e a crise política. A mobilização foi realizada na capital, Lima, e em outras cidades do país.
Os participantes exigiram a dissolução do Congresso, com novas eleições gerais e até mesmo uma nova Constituição, se os parlamentares decidirem pela destituição do presidente, argumentando que a maioria de formações políticas e os principais líderes políticos estão envolvidos no caso Odebrecht.
Oposição tem votos suficientes
Desde que chegou à presidência, há 15 meses, Kuczynski teve que lidar com um Congresso dominado pelo partido conservador de direita Força Popular. A situação do político piorou na semana passada, quando a Odebrecht divulgou ter pagado quase oito milhões de dólares à Westfield Capital e a outras duas consultorias com as quais Kuczynksi possui vínculos.
Segundo Kuczynski, quando ainda era primeiro-ministro, ele deixou a empresa nas mãos de seu amigo chileno Gerardo Sepúlveda, que nesse período selou contratos com a Odebrecht de quase 800 mil dólares sem qualquer ajuda vinda do governo peruano. Com relação às outras duas empresas, o presidente nega vínculos – ele apenas admite ter sido consultor da Odebrecht num projeto de irrigação de uma vasta área agrícola.
Tais explicações não surtiram efeito no Congresso. A Força Popular, os esquerdistas da Frente Ampla e os socialistas da Aliança Popular Revolucionária Americana (Apra) anteciparam que votarão pela destituição de Kuczynski, independentemente dos argumentos emitidos perante o plenário nesta quinta-feira. Os parlamentares destes três partidos somam 97 assentos.
Se a presidência ficar vaga, Vizcarra terá de assumi-la imediatamente até 2021, quando os cinco anos de mandato se encerram. Atualmente, Vizcarra ocupa também o cargo de embaixador peruano no Canadá.
A Odebrecht, a maior construtora da América Latina, admitiu em 2016 ter pagado subornos de mais de 785 milhões de dólares em 12 países desde 2001 – dez deles latino-americanos – para assegurar contratos de obras públicas.
Em conexão aos casos de corrupção da Odebrecht, há um mandado de prisão contra o ex-presidente peruano Alejandro Toledo. O também ex-presidente peruano Ollanta Humala foi detido por autoridades em julho e aguarda julgamento por corrupção. Além disso, outros líderes políticos, como o ex-presidente Alan García e Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, são investigados pelo Ministério Público do Peru.
PV/dpa/efe/lusa
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Para analistas, o destino de Kuczynski, um economista liberal de 79 anos, já está selado – devido à correlação de forças no Congresso peruano, tudo aponta para a estimativa de que os partidos empenhados em destituí-lo da presidência devem obter os 87 votos necessários. O Congresso do Peru tem 130 assentos – somente a legenda oposicionista Força Popular, fundada por Keiko Fujimori em 2009, detém 72 cadeiras.
Leia também: Democracia em jogo no Peru
Antes da votação que determinará se Kuczynski deverá deixar o cargo para o vice-presidente, Martín Vizcarra, o líder peruano terá pelo menos 60 minutos para falar perante o plenário. Kuczynksi será acompanhado de seu advogado, Alberto Borea, ex-cogressista, ex-candidato presidencial e um dos mais destacados constitucionalistas do Peru.
"Vou demonstrar que não cometi nenhum crime, não cometi corrupção", disse Kuczynksi, que reconhece que sua consultoria Westfield Capital executou trabalhos para a Odebrecht, mas numa época em que ele deixou a empresa para se dedicar exclusivamente ao cargo de primeiro-ministro durante a presidência de Alejandro Toledo (2001-2006).
Milhares de pessoas participaram de uma manifestação, na quarta-feira, contra a classe política do país, os escândalos de corrupção e a crise política. A mobilização foi realizada na capital, Lima, e em outras cidades do país.
Os participantes exigiram a dissolução do Congresso, com novas eleições gerais e até mesmo uma nova Constituição, se os parlamentares decidirem pela destituição do presidente, argumentando que a maioria de formações políticas e os principais líderes políticos estão envolvidos no caso Odebrecht.
Oposição tem votos suficientes
Desde que chegou à presidência, há 15 meses, Kuczynski teve que lidar com um Congresso dominado pelo partido conservador de direita Força Popular. A situação do político piorou na semana passada, quando a Odebrecht divulgou ter pagado quase oito milhões de dólares à Westfield Capital e a outras duas consultorias com as quais Kuczynksi possui vínculos.
Segundo Kuczynski, quando ainda era primeiro-ministro, ele deixou a empresa nas mãos de seu amigo chileno Gerardo Sepúlveda, que nesse período selou contratos com a Odebrecht de quase 800 mil dólares sem qualquer ajuda vinda do governo peruano. Com relação às outras duas empresas, o presidente nega vínculos – ele apenas admite ter sido consultor da Odebrecht num projeto de irrigação de uma vasta área agrícola.
Tais explicações não surtiram efeito no Congresso. A Força Popular, os esquerdistas da Frente Ampla e os socialistas da Aliança Popular Revolucionária Americana (Apra) anteciparam que votarão pela destituição de Kuczynski, independentemente dos argumentos emitidos perante o plenário nesta quinta-feira. Os parlamentares destes três partidos somam 97 assentos.
Se a presidência ficar vaga, Vizcarra terá de assumi-la imediatamente até 2021, quando os cinco anos de mandato se encerram. Atualmente, Vizcarra ocupa também o cargo de embaixador peruano no Canadá.
A Odebrecht, a maior construtora da América Latina, admitiu em 2016 ter pagado subornos de mais de 785 milhões de dólares em 12 países desde 2001 – dez deles latino-americanos – para assegurar contratos de obras públicas.
Em conexão aos casos de corrupção da Odebrecht, há um mandado de prisão contra o ex-presidente peruano Alejandro Toledo. O também ex-presidente peruano Ollanta Humala foi detido por autoridades em julho e aguarda julgamento por corrupção. Além disso, outros líderes políticos, como o ex-presidente Alan García e Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, são investigados pelo Ministério Público do Peru.
PV/dpa/efe/lusa
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