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Opinião: Após eleições, Catalunha fica na mesma

Gabriel González (md)

22/12/2017 13h24

Apesar da participação recorde, o resultado da votação não dá uma saída à crise, como esperava Madri. Mariano Rajoy deve começar a considerar a convocação de novas eleições no país, opina o jornalista Gabriel González.É difícil imaginar eleições mais estranhas na União Europeia que estas regionais na Catalunha. Vários candidatos se encontram atualmente sob custódia no exílio, devido a seus esforços inconstitucionais de secessão na Catalunha. Oriol Junqueras, presidente e principal candidato do partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), deu entrevistas telefônicas de seu cárcere perto de Madri, e o chefe de governo destituído da Catalunha, Carles Puigdemont, se dirigiu a seus seguidores por uma mensagem em vídeo desde o exílio em Bruxelas.

A essas peculiaridades nunca vistas em eleições na Europa se soma o fato de que as eleições não foram acordadas pelo Parlamento catalão, e sim impostas pelo governo do premiê Mariano Rajoy. A estas alturas, já é possível constatar que o plano de Rajoy não deu certo, e que a Catalunha se encontra praticamente na mesma situação em que estava antes da aplicação do artigo 155 da Constituição, que resultou na destituição do governo independentista catalão.

O presidente do conservador Partido Popular e presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, fracassou de forma retumbante na gestão dessa crise e com seu plano de uma "restauração da democracia e da normalidade", através destas eleições. Os eleitores da Catalunha não castigaram os partidos que apoiam a independência, tal como se esperava em Madri. O êxito do partido Ciudadanos e de sua candidata principal, Inés Arrimadas, é impressionante, mas não esconde que os partidos que rejeitam o movimento independentista não alcançam uma maioria na sociedade catalã.

O governo espanhol declarou que manterá a aplicação do artigo 155 da Constituição até que o novo Parlamento catalão escolha o novo chefe de governo regional. O nome deste novo governante facilmente poderia ser Carles Puigdemont, contra quem existe uma ordem de prisão na Espanha.

A situação é simplesmente grotesca, longe de uma possível solução. Rajoy se encontra em uma situação muito debilitada, ante uma possível aliança independentista fortalecida e legitimada pelas eleições na Catalunha. A Rajoy só resta fortalecer sua própria posição, convocando eleições gerais na Espanha e buscar apoio na sociedade espanhola para seu curso, pouco empático e carente de originalidade e da sensibilidade necessária para enfrentar a maior crise do Estado espanhol pós-franquista.

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