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Estratégias contra a depressão de inverno

Karina Gomes

02/02/2018 11h30

Apesar do frio insistente, na Alemanha não faltam maneiras de lidar com a estação mais fria do ano. Luz artificial, vitaminas, chá quente com os amigos e banhos termais ajudam a atravessar o inverno de bom humor.Os dias ásperos do longo inverno encurtam os diálogos, derrubam o bom humor e levam a certo isolamento. A pele está mais branca, a gripe chata não passa, e todos os livros que estavam na lista já foram lidos. A vida segue, mesmo sem o sol. E lidar com dias curtos e com o anoitecer antes das cinco da tarde torna as emoções nebulosas.

Falta de energia, pouco contato social, maior cansaço matinal e indiferença fazem parte do ritmo de desconforto na estação escura. A gravidade dos sintomas distingue um comum blues do inverno da depressão. O transtorno afetivo sazonal (TAS) - ou depressão de inverno - afeta a vida cotidiana, familiar e profissional.

Para não se entregar à nostalgia dos distantes dias quentes, os alemães se valem de uma série de estratégias. Antes da chegada do inverno, alguns se preparam com suplementos vitamínicos, principalmente de vitamina D, e compram lâmpadas que imitam a luz natural (Tageslichtlampe) para usar em casa ou no escritório.

Apesar da tendência natural de se recolher e se entregar à apatia, o segredo é sair de casa apesar do frio. Para aproveitar o inverno, não faltam opções.

Além de esquiar ou viajar para regiões alpinas, vale passar uma tarde na sauna ou em clubes termais (Thermalbad) e sair para tomar um chá quente com amigos. É com eles que muitas horas do inverno serão gastas com jogos de tabuleiro. E se a opção for ficar em casa, basta encher a banheira e curtir a água quente com óleos aromáticos.

Na Alemanha, centros de bronzeamento (Solarium) estão espalhados por toda parte. Muitos funcionam 24 horas por dia. Em restaurantes, há aquecedores do lado de fora e um cobertor em cada cadeira para serem usados por aqueles que ignoram as baixas temperaturas.

No primeiro raiozinho de sol de verdade, os seres recolhidos vestirão os casacos, luvas, gorros e botas às pressas para aproveitar a rara aparição, acompanhados de um bom sorvete. Essa é uma relação difícil. Logo o sol vai embora, e os navegantes se escondem atrás das frestas das janelas checando a previsão do tempo semanal, na esperança de que logo a luz solar venha para ficar.

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.

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