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Partido de ultradireita excluído de memorial do Holocausto

12/02/2018 18h19

AfD não poderá enviar políticos para fundação que administra o antigo campo de concentração de Bergen-Belsen, em respeito a judeus sobreviventes do nazismo. Alguns deputados são acusados de negação do Holocausto.O grupo de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) deverá ser excluído da fundação que administra o memorial no antigo campo de concentração de Bergen-Belsen.

"A AfD é um partido revisionista, que não se coaduna com nosso propósito de honrar as vítimas", comentou à DW Jens-Christian Wagner, diretor da Fundação de Memoriais da Baixa Saxônia. Excluí-lo será "o menor dos males", afirmou.

Todo grupo político representado no parlamento estatal da Baixa Saxônia tem o direito autônomo de colocar um enviado seu no conselho da fundação. Depois que a AfD entrou para o órgão legislativo, contudo, nas eleições regionais de outubro último, Wagner propôs uma emenda na lei.

A Alemanha nazista foi responsável pelo extermínio sistemático de cerca de 6 milhões de judeus. Destes, cerca de 50 mil perderam a vida no campo de Bergen-Belsen, de 1940 a 1945, entre eles a adolescente Anne Frank, autora do célebre diário "que deu um rosto humano ao Holocausto".

Alguns deputados da AfD têm sido acusados de negação do Holocausto, considerada crime pela lei alemã. Assim, após a eleição na Baixa Saxônia, sobreviventes do genocídio nazista, sobretudo de Israel, França e Estados Unidos, expressaram alarme diante da perspectiva de políticos da legenda ultradireitista, xenófoba e anti-imigração terem qualquer envolvimento com o memorial.

Parlamentares dos outros quatro partidos representados – União Democrata Cristã (CDU), Partido Social-Democrata (SPD), Verde e Liberal Democrático (FDP) reagiram com uma proposta, a ser transformada em lei nas próximas semanas. Segundo ela, o número de políticos estaduais no conselho se reduzirá a quatro, e cada indicação terá que ser votada no Parlamento.

AfD "discriminada"

Desde que conquistou assentos em parlamentos regionais e entrou para o Bundestag (câmara baixa do parlamento federal), no terceiro semestre de 2017, o grupo de direita tem acusado a imprensa de cobertura unilateral, e criticado os partidos estabelecidos por se recusarem a trabalhar com seus representantes.

Jens-Christian Wagner explicou que preferiria reduzir o número de delegados políticos na fundação a um ou dois, pois permitir que apenas quatro de cinco partidos enviem seus políticos poderá impulsionar a narrativa de "vítima" da própria Alternativa para a Alemanha.

Ainda assim ele considera acertado excluir a legenda do conselho da Fundação de Memoriais da Baixa Saxônia. "É uma questão de o que é o menor dos males: dar à AfD a oportunidade de se apresentar como vítima, ou ter no conselho um partido que argumenta publicamente contra a missão da fundação."

"Eu prefiro passar sem a AfD", concluiu.

AVdw,dpa