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Terrorista de Hamburgo recebe prisão perpétua

01/03/2018 14h20

Palestino que matou um homem e feriu outras seis pessoas em atentado a faca em Hamburgo se radicalizou após chegar à Alemanha. Segundo o juiz, ele foi influenciado pela propaganda jihadista do "Estado Islâmico".Um palestino que realizou um ataque a faca num supermercado em Hamburgo em julho do ano passado foi condenado a prisão perpétua nesta quinta-feira (01/03). Ahmad Alhaw, de 27 anos, admitiu ter realizado o atentado que deixou um morto e seis feridos na cidade portuária no norte da Alemanha.

Ao anunciar a sentença, o juiz considerou a "particular gravidade” do crime e disse que o acusado, que demonstrou "personalidade instável”, agiu isoladamente após ser influenciado pela propaganda jihadista da organização extremista "Estado Islâmico” (EI). "Dessa forma, o EI obteve sucesso”, observou.

Os promotores disseram que Alhaw queria matar o maior número possível de cristãos alemães para vingar o sofrimento de muçulmanos em todo o mundo, e esperava "morrer como um mártir”.

Leia também: Iraque condena à prisão adolescente alemã que se uniu ao EI

No dia 28 de julho, Alhaw entrou no supermercado na região de Barmbek, apanhou uma faca de cozinha de 20 centímetros de uma das estantes e esfaqueou fatalmente um homem de 50 anos. Em meio ao pânico, ele atacou outras pessoas dentro e fora do local aos gritos de "Alá é grande”, ferindo uma mulher de 50 anos e cinco homens. "Se ele pudesse, teria matado mais gente”, disse o juiz.

Do lado de fora do supermercado ele foi confrontado por sete pessoas, a maioria de origem migratória, que atiraram pedras e cadeiras em Alhaw e o dominaram até que a polícia chegasse ao local.

Os homens – entre eles um descendente de turcos de 30 anos que se feriu durante o confronto – receberam homenagens pela coragem demonstrada. "Não sou um herói, apenas cumpri meu dever”, disse ao jornal alemão Bild o afegão Toufiq Arab, que ajudou a deter Alhaw.

O ataque foi o primeiro desde o atentado a um mercado de Natal em Berlim, em dezembro de 2016, quando o tunisiano Amis Amri atirou um caminhão sobre a multidão, matando 12 pessoas.

Nesta semana, o Parlamento alemão decidiu que o ataque na capital alemã deverá ser alvo de um inquérito para avaliar de que forma Amri conseguiu escapar da vigilância dos serviços de segurança antes de realizar o atentado.

O ataque em Hamburgo também gerou acusações aos serviços de segurança, que fracassaram ao manter a vigilância sobre Alhaw apesar de diversos alertas de que ele teria se radicalizado.

Assim como Amri, ele aguardava deportação após ter seu pedido de asilo negado. Seu processo havia sido interrompido em razão da espera do envio de seus documentos a partir de Gaza.

Radicalizado na Alemanha

Alhaw chegou à Europa em 2008. Ele teve sua solicitação de refúgio negada na Noruega, Suécia e Espanha antes de chegar à Alemanha em 2015 e ser transferido para um centro de acolhimento em Hamburgo.

Uma promotora disse que Alhaw não vinha de uma família de posições extremistas. "Sua fé tomou aspectos radicais apanas após a chegada à Alemanha”, afirmou à corte.

Um psiquiatra que conversou com Alhaw após o ataque disse que ele tinha sido atraído ao Ocidente pelo estilo de vida liberal. No início ele estudou alemão, tinha vida social e às vezes, segundo testemunhas, consumia álcool e maconha.

Mais tarde, o palestino, que assistia a vídeos de propaganda do EI na internet, se tornou um religioso fervoroso e passou a desconfiar cada vez mais das autoridades. Em 2016 ele dizia que compreendia por completo o Alcorão e rejeitava todas as tentações. Alhaw passou a definir as pessoas como fiéis ou infiéis, afirmou o psiquiatra. Ele disse que o ataque não foi uma decisão sua, mas sim, divina.

No dia 19 de fevereiro, ele surpreendeu ao aparecer no tribunal com a barba cortada e expressar remorso pela primeira vez. "Infelizmente, não posso voltar no tempo”, afirmou às vítimas. "Tudo o que posso fazer é pedir seu perdão.”

Seu advogado disse nesta quinta-feira que Alhaw "estava em condições instáveis em razão das circunstâncias de sua vida”. "Acho que ela já aguardava esse veredito”, afirmou.

RC/afp/dpa

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