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Morte de doméstica tumultua relações entre Filipinas e Kuait; corpo foi encontrado em freezer

16.fev.2018 - A filipina Jessica Demafelis chora sob o caixão da irmã, Joanna, morta por seus empregadores no Kuait - AP Photo/Bullit Marquez
16.fev.2018 - A filipina Jessica Demafelis chora sob o caixão da irmã, Joanna, morta por seus empregadores no Kuait Imagem: AP Photo/Bullit Marquez

04/04/2018 12h10

Libanês e esposa síria são acusados de matar empregada doméstica de 29 anos, cujo corpo foi encontrado em freezer com sinais de espancamento. Morte desencadeou uma crise diplomática entre o Kuait e as Filipinas.

Um tribunal no Kuait condenou à morte no domingo (01/04) um homem libanês e sua mulher, cidadã síria, acusados de assassinar uma empregada doméstica filipina em território kuaitiano. O corpo de Joanna Demafelis, de 29 anos, foi encontrado no início do ano dentro de um freezer em uma residência abandonada que pertence ao casal. A vítima estava desaparecida havia mais de um ano, e uma autópsia revelou sinais de espancamento e tortura, como ossos quebrados e contusões.

O assassinato de Demafelis desencadeou uma crise diplomática entre o Kuait e as Filipinas, levando Manila a impor, em meados de fevereiro, uma proibição total ao envio de trabalhadores filipinos ao país do Golfo.

Segundo autoridades, 252 mil filipinos trabalham no Kuait, a maioria como empregados domésticos. Eles fazem parte dos mais de 2 milhões de cidadãos das Filipinas empregados na região do Golfo, cujas remessas são vitais para a economia do país natal.

Desde fevereiro, as Filipinas têm agido para facilitar o retorno de seus cidadãos que desejam deixar o Kuait, incluindo aqueles que perderam sua permissão de residência. O embaixador filipino, Renato Pedro Villa, afirmou no domingo que Manila já repatriou 4 mil filipinos que viviam no país do Golfo sem a documentação necessária.

Organizações de direitos humanos há tempos alertam contra a situação de trabalhadores estrangeiros no Kuwait e em países árabes vizinhos, onde o trabalho migratório é regulado por um polêmico sistema conhecido como kafala. A política permite o controle total dos contratantes sobre seus funcionários, proibindo-os de deixar o país ou mudar de emprego sem consentimento prévio.

No mês passado, o Kuait e as Filipinas, numa tentativa de encerrar a disputa, assinaram um acordo para regulamentar algumas condições de trabalho para empregados domésticos.

17.fev.2018 - Familiares da trabalhadora doméstica filipina Joanna Demafelis protestam contra seu assassinato, cometido por seus empregadores no Kuait - AFP - AFP
Familiares de Joanna Demafelis protestam contra seu assassinato
Imagem: AFP

Casal teria premeditado assassinato

Nader Essam Assaf e Mona Hassoun, os últimos empregadores de Demafelis, foram presos em fevereiro na capital da Síria, Damasco, após uma perseguição que envolveu a Interpol. As autoridades sírias entregaram o marido ao Líbano, enquanto a mulher permanece sob custódia em Damasco.

O casal não compareceu à audiência de domingo, a primeira da Justiça kuaitiana sobre o caso. De acordo com a imprensa local, eles foram condenados à morte por enforcamento por terem assassinado a empregada de maneira premeditada.

Segundo a agência de notícias AFP, citando uma fonte judicial anônima, os condenados ainda podem recorrer da sentença se retornarem ao Kuait. O país já pediu a extradição dos dois.