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Deputado japonês causa polêmica ao dizer que mulher solteira se torna fardo para o Estado

Idosas japonesas se exercitam em casa de repouso em Tóquio - Shizuo Kambayashi/AP
Idosas japonesas se exercitam em casa de repouso em Tóquio Imagem: Shizuo Kambayashi/AP

11/05/2018 17h07

Kanji Kato, membro do partido governista, gera polêmica ao dizer que japonesas devem casar e ter muitos filhos, caso contrário serão um peso para o país mais tarde. Parlamentares mulheres tacham comentários de sexistas.

Um parlamentar japonês membro do governista Partido Liberal Democrata (PLD) causou polêmica ao declarar que as mulheres de seu país devem casar e gerar muitos filhos, além de alertar que, caso decidam permanecer solteiras, se tornarão um fardo para o Estado mais tarde.

As declarações de Kanji Kato, que motivaram uma série de acusações de sexismo, foram feitas durante uma reunião do partido – o mesmo do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe – na quinta-feira (10), tendo repercutido na imprensa internacional nesta sexta.

O político de 72 anos, que tem seis filhos e oito netos, disse que, quando é convidado a fazer discursos em celebrações de casamento, ele encoraja os noivos a terem "ao menos três filhos".

Kato, que já foi vice-ministro da Agricultura do país, sugeriu ainda que mulheres solteiras não podem se tornar mães, e que nunca ter filhos seria uma irresponsabilidade.

Sobre quando encontra jovens que dizem não ter intenção de casar, ele afirmou: "Eu digo a elas que, se elas não casarem, elas não poderão ter filhos e vão acabar num lar para idosos pago com os impostos dos filhos das outras pessoas."

Várias parlamentares mulheres condenaram a fala do colega de partido, acusando-o de sexista. "Isso é exatamente assédio sexual", afirmou uma das legisladoras presentes na reunião, segundo o jornal japonês Mainichi Shimbun.

Apesar das críticas, Kato afirmou inicialmente que não retrataria suas declarações, justificando que o aumento da taxa de natalidade é "a questão mais importante enfrentada por nossa nação", relatou o diário Asahi Shimbun.

Mais tarde, contudo, seu gabinete divulgou uma nota afirmando: "Peço desculpas se minhas palavras causaram a impressão errada. Embora eu nunca tenha pretendido discriminar as mulheres, retiro as observações que fiz porque elas podem ter sido interpretadas como tal."

Os comentários do parlamentar, divulgados pela imprensa japonesa, vêm à tona dias após a revelação de que a quantidade de crianças no Japão caiu para o menor nível já registrado.

Segundo o Ministério do Interior japonês, em 1º de abril de 2018 havia 15,53 milhões de crianças com menos de 15 anos no país, o que representa uma queda de 170 mil crianças em comparação com o ano anterior.

Em 2017, apenas cerca de 941 mil bebês nasceram na nação asiática – o número mais baixo desde o início dos registros de nascimentos, em 1899. O índice de natalidade segue baixo no Japão apesar da implementação de políticas, incluindo incentivos financeiros, para incentivar casais a terem filhos.

Segundo dados das Nações Unidas, citados pelo jornal britânico The Guardian, entre os 32 países do mundo com uma população de 40 milhões ou mais, o Japão é o que possui a menor porcentagem de crianças em relação à população total: 12,3%.