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Navio com 239 migrantes ainda sem porto para atracar

24/06/2018 13h05

Itália e Malta se recusam a receber o Lifeline, barco de ONG alemã com centenas de refugiados. Ministro do Interior italiano diz que navios de resgate podem "se esquecer" de desembarcar em portos italianos.Proibido de atracar em portos italianos, o navio da ONG alemã Mission Lifeline ainda continua esperando neste domingo (24/06) autorização para desembarcar 239 migrantes, entre eles 14 mulheres e quatro crianças, resgatados na última quinta-feira no Mar Mediterrâneo entre a costa da Líbia e a ilha italiana de Lampedusa.

No sábado, o ministro do Interior e vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, disse que os navios de resgate de migrantes podem "se esquecer" de atracar em portos italianos. "Esses barcos podem se esquecer de chegar à Itália, eu quero acabar com os negócios do tráfico e da máfia", declarou o líder do partido de ultradireita Liga.

Roma instou o governo de Malta a receber o Lifeline, nome do navio da ONG alemã, mas os malteses afirmaram que não seriam responsáveis pelo barco, embora ele navegue agora ao largo do país insular.

"Carga humana"

Na sua página do Facebook, o ministro Matteo Salvini utilizou a expressão "carga humana" para aludir ao caso do navio Lifeline. "Nós não trazemos carne a bordo, apenas seres humanos", replicou a ONG, numa mensagem dirigida ao governante italiano neste domingo.

Na mensagem, a ONG convida Matteo Salvini a verificar pessoalmente que foram seres humanos que o Lifeline salvou do naufrágio. "Venha ver. Será bem-vindo", adiantou a ONG alemã.

A organização informou que recebeu água potável, medicamentos e cobertores, trazidos de Malta por outros dois navios humanitários alemães, o Sea Eye e o Sea Watch.

No momento, o Lifeline aguarda a chegada em breve do navio dinamarquês Alexander Maersk, que salvou 113 imigrantes de águas ao sul de Itália e que poderá auxiliar o navio da ONG alemã em caso de mau tempo.

Divisão profunda

A disputa entre Malta e Itália em torno do Lifeline lembra o caso do barco Aquarius no início do mês. O navio de resgate conseguiu finalmente atracar na Espanha com quase 600 migrantes resgatados, depois que o novo governo socialista espanhol concordou em aceitá-los.

O caso enfatiza a profunda divisão entre os países-membros da União Europeia (UE) no tocante à questão migratória. Esse também é o tema de uma reunião extraordinária de líderes da UE neste domingo em Bruxelas.

A minicúpula com 16 líderes do bloco europeu para debater os problemas das migrações, convocada pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, decorre sem os países do Grupo de Visegrado – Hungria, Eslováquia, Polônia e República Tcheca. A reunião informal antecede uma cúpula oficial a acontecer na próxima quinta-feira na capital belga entre os países-membros da UE.

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