Brasil perde e adia novamente sonho do hexa
Seleção luta até o fim, mas cai diante de uma organizada Bélgica, que passa em sua grande prova de fogo, deixa de ser promessa e vai à semifinal. Copa do Mundo de 2018 virou uma Eurocopa.A talentosa geração belga deixou de ser promessa e, em sua primeira prova de fogo na Copa do Mundo de 2018, comprovou seu amadurecimento e eliminou a seleção brasileira. Com gols de Fernandinho, contra, e Kevin De Bruyne, a Bélgica derrotou o Brasil por 2 a 1, nesta sexta-feira (06/07), em Kazan, e enterrou o sonho do hexa da Seleção. Renato Augusto descontou para o Brasil.
Com a derrota, o Brasil manteve a sina de ser eliminado por europeus em Copas, algo que ocorreu nas últimas três edições. Em 2006, o atual assistente técnico da Bélgica e ex-atacante francês Thierry Henry eliminou o Brasil nas quartas de final. Na África do Sul, em 2010, a Seleção sucumbiu perante a Holanda, também nas quartas de final. E na Copa no Brasil, a infame derrota para a Alemanha na semifinal.
Por outro lado, a Bélgica repete sua melhor campanha ao alcançar as semifinais pela segunda vez na história: em 1986, perdeu para a Argentina, com dois gols de Diego Maradona. As expectativas colocadas em cima desta geração belga se justificaram e foram comprovadas com um desempenho maduro, inteligente e soberano frente aos até então grandes favoritos da Copa de 2018.
Seguindo sua conduta de não esconder a escalação, Tite não apresentou surpresas. Marcelo, recuperado de lesão, reassumiu a lateral esquerda, enquanto Fernandinho entrou no lugar do suspenso Casemiro.
Já do lado belga, o treinador Roberto Martínez fez duas alterações para fortalecer o sistema defensivo dos Diabos Vermelhos, além de ganhar em altura. O meio-campista Marouane Fellaini, de 1,94m, entrou no lugar do atacante Dries Mertens, enquanto o ala ofensivo pela esquerda Yannick Ferreira Carrasco saiu para a entrada de Nacer Chadli, um jogador mais defensivo e autor do gol da classificação para as quartas de final. A alteração deu também mais liberdade a Kevin De Bruyne.
Embora com uma escalação mais defensiva, a Bélgica não abriu mão de propor o jogo e encarou o Brasil de igual para igual. Consequentemente, havia espaços para ambas as equipes construir suas jogadas. Tanto o Brasil quanto a Bélgica chegaram com perigo às metas adversárias, mas uma bola parada – o segundo gol-contra da história brasileira em Copas – abriu o marcador.
A falta de Casemiro, o cão de guarda do tricampeão europeu Real Madrid e de uma seleção brasileira forte defensivamente, definiu o primeiro tempo. A seleção brasileira teve bastantes chances de marcar um gol, mas, mesmo assim, parecia impotente em campo. Neymar aparentava estar com problemas físicos – ao menos, não mostrou a mobilidade habitual e encarou poucas jogadas individuais.
A Seleção não encontrou um antídoto – muito pela ausência de Casemiro – em impedir os letais contra-ataques conduzidos por De Bruyne, Romelu Lukaku e Eden Hazard. Taticamente, a Bélgica conseguiu anular melhor as qualidades brasileiras, dominou as ações no meio-campo e fez a até então segura defesa brasileira parecer iniciante.
Esta foi a primeira derrota de Tite no comando da seleção brasileira em partidas oficiais. Pela primeira vez, a Seleção sofreu dois gols num mesmo jogo – aliás, nas 25 partidas anteriores, o Brasil havia sofrido apenas seis gols. Agora, a Copa do Mundo de 2018 virou uma Eurocopa.
O jogo
A partida começou em alta intensidade e ambas as equipes não abriram mão de jogar ofensivamente. Consequentemente, deixaram algumas lacunas.
Em um Mundial em que as bolas paradas têm decidido muitas partidas, não poderia ser diferente que a primeira grande oportunidade viesse desta forma. Após cobrança de escanteio, aos sete minutos, a bola resvalou em Thiago Silva e acertou a trave de Courtois.
Aos 13 minutos, no primeiro escanteio para a Bélgica, Fernandinho desviou para as próprias redes. A vantagem belga na altura era a grande preocupação da seleção brasileira, mas, no fim das contas, foi um jogador brasileiro que deixou o goleiro Alisson vendido. O gol de Fernandinho foi apenas o segundo gol contra do Brasil em Copas do Mundo – o primeiro foi de Marcelo, na estreia da Copa de 2014 contra a Croácia.
Mas a Seleção não se mostrou abalada com o placar adverso e teve boas chances de empatar nos minutos seguintes. Courtois defendeu bem um cruzamento perigoso de Willian e na sequência Gabriel Jesus não aproveitou um bate-rebate na pequena área.
Com Neymar apagado e muitos espaços, a Bélgica usou a sua melhor arma para ampliar aos 32 minutos. Lukaku puxou o contra-ataque desde a intermediária, driblou dois brasileiros e deixou para De Bruyne, que fuzilou Alisson de fora da área – quatro brasileiros estavam próximos de De Bruyne, mas não o atacaram. Golaço!
Aos 36 minutos, Courtois mostrou reflexos ao desviar um cruzamento de Marcelo e, na sequência, esticou-se todo para espalmar uma finalização de Coutinho. Mas a passividade do Brasil se manteve até o fim do primeiro tempo. Para a segunda etapa, Tite trouxe Roberto Firmino para o lugar de Willian.
O Brasil tomou a iniciativa, principalmente pelo lado esquerdo. Aos 11 minutos, Gabriel Jesus foi derrubado por Vincent Kompany dentro da pequena área. O vídeo-árbitro analisou o lance, mas decidiu não sugerir ao árbitro em campo rever a jogada. Claramente o lance foi decidido pelo VAR em Moscou, que não deram a oportunidade de o árbitro em campo mudar – ou não – de opinião.
A maior posse de bola na segunda parte não surtiu efeito. Por um lado, a Bélgica aceitou o papel de defender, justamente para explorar os contra-ataques. Com duas linhas defensivas bem compactas, o Brasil encontrou dificuldades: as bolas altas eram facilmente tiradas, enquanto as finalizações de longa distância não causaram problemas para Courtois.
Aos 31 minutos, Renato Augusto aproveitou um cruzamento de Coutinho e cabeceou sem defesa para Courtois. Um lance improvável, num momento em que a Seleção dava sinais de desistência, em que Coutinho alçou perfeitamente entre Kompany e Alderweireld, Renato Augusto deu sobrevida à Seleção.
Aos 35, o meia quase se tornou o herói, mas sua finalização passou rente à trave direita de Courtois. Coutinho também teve uma chance de ouro. Apesar da nítida exaustão física da Bélgica, a pressão brasileira não conseguiu forçar erros ou lacunas suficientes para empatar o jogo. Nos acréscimos, Courtois operou um milagre na única boa finalização de Neymar.
Na semifinal, a seleção belga disputará com a vizinha França uma vaga para a grande final da Copa de 2018. A partida será em 10 de julho, em São Petersburgo. Meunier recebeu o segundo cartão amarelo e está suspenso.
Ficha técnica
Brasil 1 x 2 Bélgica
Local: Arena Kazan, em Kazan
Arbitragem: Milorad Mazic (Sérvia), auxiliado por seus compatriotas Milovan Ristic e Dalibor Djurdjevic.
Gols: Fernandino (contra 13'/1T), Kevin De Bruyne (32'/1T), Renato Augusto (31'/2T)
Cartões amarelos: Toby Alderweireld (3'/2T), Thomas Meunier (26'/2T), Fernandinho (39'/2T), Fagner (44'/2T)
Brasil: Alisson; Fagner, Thiago Silva, Miranda e Marcelo; Fernandinho e Paulinho (Renato Augusto 28'/2T); Willian (Roberto Firmino 45'/intervalo), Philippe Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus (Douglas Costa 13'/2T). Técnico: Tite.
Bélgica: Thibaut Courtois; Jan Vertonghen, Vincent Kompany e Toby Alderweireld; Thomas Meunier, Marouane Fellaini, Axel Witsel e Nacer Chadli (Thomas Vermaelen 33'/2T); Kevin De Bruyne, Eden Hazard e Romelu Lukaku (Youri Tielemans 42'/2T). Técnico: Roberto Martínez.
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Com a derrota, o Brasil manteve a sina de ser eliminado por europeus em Copas, algo que ocorreu nas últimas três edições. Em 2006, o atual assistente técnico da Bélgica e ex-atacante francês Thierry Henry eliminou o Brasil nas quartas de final. Na África do Sul, em 2010, a Seleção sucumbiu perante a Holanda, também nas quartas de final. E na Copa no Brasil, a infame derrota para a Alemanha na semifinal.
Por outro lado, a Bélgica repete sua melhor campanha ao alcançar as semifinais pela segunda vez na história: em 1986, perdeu para a Argentina, com dois gols de Diego Maradona. As expectativas colocadas em cima desta geração belga se justificaram e foram comprovadas com um desempenho maduro, inteligente e soberano frente aos até então grandes favoritos da Copa de 2018.
Seguindo sua conduta de não esconder a escalação, Tite não apresentou surpresas. Marcelo, recuperado de lesão, reassumiu a lateral esquerda, enquanto Fernandinho entrou no lugar do suspenso Casemiro.
Já do lado belga, o treinador Roberto Martínez fez duas alterações para fortalecer o sistema defensivo dos Diabos Vermelhos, além de ganhar em altura. O meio-campista Marouane Fellaini, de 1,94m, entrou no lugar do atacante Dries Mertens, enquanto o ala ofensivo pela esquerda Yannick Ferreira Carrasco saiu para a entrada de Nacer Chadli, um jogador mais defensivo e autor do gol da classificação para as quartas de final. A alteração deu também mais liberdade a Kevin De Bruyne.
Embora com uma escalação mais defensiva, a Bélgica não abriu mão de propor o jogo e encarou o Brasil de igual para igual. Consequentemente, havia espaços para ambas as equipes construir suas jogadas. Tanto o Brasil quanto a Bélgica chegaram com perigo às metas adversárias, mas uma bola parada – o segundo gol-contra da história brasileira em Copas – abriu o marcador.
A falta de Casemiro, o cão de guarda do tricampeão europeu Real Madrid e de uma seleção brasileira forte defensivamente, definiu o primeiro tempo. A seleção brasileira teve bastantes chances de marcar um gol, mas, mesmo assim, parecia impotente em campo. Neymar aparentava estar com problemas físicos – ao menos, não mostrou a mobilidade habitual e encarou poucas jogadas individuais.
A Seleção não encontrou um antídoto – muito pela ausência de Casemiro – em impedir os letais contra-ataques conduzidos por De Bruyne, Romelu Lukaku e Eden Hazard. Taticamente, a Bélgica conseguiu anular melhor as qualidades brasileiras, dominou as ações no meio-campo e fez a até então segura defesa brasileira parecer iniciante.
Esta foi a primeira derrota de Tite no comando da seleção brasileira em partidas oficiais. Pela primeira vez, a Seleção sofreu dois gols num mesmo jogo – aliás, nas 25 partidas anteriores, o Brasil havia sofrido apenas seis gols. Agora, a Copa do Mundo de 2018 virou uma Eurocopa.
O jogo
A partida começou em alta intensidade e ambas as equipes não abriram mão de jogar ofensivamente. Consequentemente, deixaram algumas lacunas.
Em um Mundial em que as bolas paradas têm decidido muitas partidas, não poderia ser diferente que a primeira grande oportunidade viesse desta forma. Após cobrança de escanteio, aos sete minutos, a bola resvalou em Thiago Silva e acertou a trave de Courtois.
Aos 13 minutos, no primeiro escanteio para a Bélgica, Fernandinho desviou para as próprias redes. A vantagem belga na altura era a grande preocupação da seleção brasileira, mas, no fim das contas, foi um jogador brasileiro que deixou o goleiro Alisson vendido. O gol de Fernandinho foi apenas o segundo gol contra do Brasil em Copas do Mundo – o primeiro foi de Marcelo, na estreia da Copa de 2014 contra a Croácia.
Mas a Seleção não se mostrou abalada com o placar adverso e teve boas chances de empatar nos minutos seguintes. Courtois defendeu bem um cruzamento perigoso de Willian e na sequência Gabriel Jesus não aproveitou um bate-rebate na pequena área.
Com Neymar apagado e muitos espaços, a Bélgica usou a sua melhor arma para ampliar aos 32 minutos. Lukaku puxou o contra-ataque desde a intermediária, driblou dois brasileiros e deixou para De Bruyne, que fuzilou Alisson de fora da área – quatro brasileiros estavam próximos de De Bruyne, mas não o atacaram. Golaço!
Aos 36 minutos, Courtois mostrou reflexos ao desviar um cruzamento de Marcelo e, na sequência, esticou-se todo para espalmar uma finalização de Coutinho. Mas a passividade do Brasil se manteve até o fim do primeiro tempo. Para a segunda etapa, Tite trouxe Roberto Firmino para o lugar de Willian.
O Brasil tomou a iniciativa, principalmente pelo lado esquerdo. Aos 11 minutos, Gabriel Jesus foi derrubado por Vincent Kompany dentro da pequena área. O vídeo-árbitro analisou o lance, mas decidiu não sugerir ao árbitro em campo rever a jogada. Claramente o lance foi decidido pelo VAR em Moscou, que não deram a oportunidade de o árbitro em campo mudar – ou não – de opinião.
A maior posse de bola na segunda parte não surtiu efeito. Por um lado, a Bélgica aceitou o papel de defender, justamente para explorar os contra-ataques. Com duas linhas defensivas bem compactas, o Brasil encontrou dificuldades: as bolas altas eram facilmente tiradas, enquanto as finalizações de longa distância não causaram problemas para Courtois.
Aos 31 minutos, Renato Augusto aproveitou um cruzamento de Coutinho e cabeceou sem defesa para Courtois. Um lance improvável, num momento em que a Seleção dava sinais de desistência, em que Coutinho alçou perfeitamente entre Kompany e Alderweireld, Renato Augusto deu sobrevida à Seleção.
Aos 35, o meia quase se tornou o herói, mas sua finalização passou rente à trave direita de Courtois. Coutinho também teve uma chance de ouro. Apesar da nítida exaustão física da Bélgica, a pressão brasileira não conseguiu forçar erros ou lacunas suficientes para empatar o jogo. Nos acréscimos, Courtois operou um milagre na única boa finalização de Neymar.
Na semifinal, a seleção belga disputará com a vizinha França uma vaga para a grande final da Copa de 2018. A partida será em 10 de julho, em São Petersburgo. Meunier recebeu o segundo cartão amarelo e está suspenso.
Ficha técnica
Brasil 1 x 2 Bélgica
Local: Arena Kazan, em Kazan
Arbitragem: Milorad Mazic (Sérvia), auxiliado por seus compatriotas Milovan Ristic e Dalibor Djurdjevic.
Gols: Fernandino (contra 13'/1T), Kevin De Bruyne (32'/1T), Renato Augusto (31'/2T)
Cartões amarelos: Toby Alderweireld (3'/2T), Thomas Meunier (26'/2T), Fernandinho (39'/2T), Fagner (44'/2T)
Brasil: Alisson; Fagner, Thiago Silva, Miranda e Marcelo; Fernandinho e Paulinho (Renato Augusto 28'/2T); Willian (Roberto Firmino 45'/intervalo), Philippe Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus (Douglas Costa 13'/2T). Técnico: Tite.
Bélgica: Thibaut Courtois; Jan Vertonghen, Vincent Kompany e Toby Alderweireld; Thomas Meunier, Marouane Fellaini, Axel Witsel e Nacer Chadli (Thomas Vermaelen 33'/2T); Kevin De Bruyne, Eden Hazard e Romelu Lukaku (Youri Tielemans 42'/2T). Técnico: Roberto Martínez.
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