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Ao lado de May, Trump suaviza críticas

13/07/2018 14h31

Presidente minimiza controvérsia gerada por comentários sobre plano para o Brexit e diz que relações com a premiê britânica "nunca estiveram tão fortes". Milhares protestam contra visita do americano ao Reino Unido.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou nesta sexta-feira (13/07) as fortes críticas que fizera à estratégia do governo britânico para o Brexit, elogiando a liderança da primeira-ministra Theresa May e dizendo que as relações entre ambos "nunca estiveram tão fortes".

A primeira visita oficial de Trump ao Reino Unido foi marcada por seus comentários sobre o plano de May para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e pelos inúmeros protestos marcados para os quatro dias de sua passagem pelo país.

Em entrevista ao tabloide britânico The Sun, divulgada pouco antes do início da visita oficial, Trump disse que a estratégia da premiê para o Brexit – que prevê relações estreitas com a UE – iria praticamente "matar" um possível acordo de livre comércio entre seu país e o Reino Unido.

Ele chegou a afirmar que May se recusou a ouvir seus conselhos sobre como negociar um acordo com o bloco europeu, resultando num pacto que não corresponde ao que os eleitores britânicos desejavam quando votaram pelo Brexit no referendo de junho de 2016.

Em coletiva de imprensa ao lado da líder britânica nesta sexta-feira, em Chequers, o presidente adotou um tom bastante diferente, sem poupar elogios a May. Segundo Trump, ela é uma "mulher incrível", que faz um "trabalho fantástico" como chefe de governo.

O americano ainda negou ter criticado a primeira-ministra, sugerindo que havia um elemento de "fake news" na reportagem do The Sun – embora o jornal tenha divulgado gravações da entrevista que confirmam suas declarações.

"Não a critiquei. Tenho muito respeito por ela", disse ele, acrescentando que o tabloide omitiu "coisas incríveis" que ele teria dito sobre May.

Em sua defesa, Trump afirmou que quer apenas garantir que seu país não tenha quaisquer restrições em relação ao comércio com o Reino Unido. "O que a senhora fizer está bom para nós, apenas garanta que possamos fazer negócios juntos. Isso é tudo o que importa", disse o americano.

"Apoiamos a decisão do povo britânico de ter um governo totalmente autônomo, e vamos ver como tudo vai ocorrer. [O Brexit] é uma negociação muito complicada", admitiu.

Após conversas privadas, os líderes expressaram a intenção de trabalhar para possibilitar um futuro acordo de livre comércio, e Trump agradeceu a May por sua "busca por um comércio justo e recíproco com os Estados Unidos".

Ao falar sobre uma série de temas durante a coletiva, Trump culpou seu antecessor no cargo, Barack Obama, pela intervenção russa na Crimeia, e reiterou suas afirmações de que a imigração trouxe prejuízos à UE. Ele também reclamou repetidas vezes dos correspondentes que cobrem a sua viagem à Europa, se queixando de que são demasiadamente críticos.

May, por sua vez, destacou a solidez das relações entre os dois países, mas ressaltou que "a responsabilidade de assegurar que a unidade transatlântica perdure é de todos nós".

Sobre a imigração, a premiê disse que seu país tem um "orgulho histórico" de receber pessoas de outros países e exaltou a contribuição de indivíduos de origens diferentes para a sociedade britânica. Ela ressaltou, porém, que deve haver um conjunto de regras para controlar o fluxo migratório.

Londres vive dia de protestos

Dezenas de milhares de pessoas se reuniram para uma série de protestos em Londres contra a presença do presidente americano. Um gigantesco balão com a figura de Trump, retratado como um bebê de fraldas, marcou presença numa manifestação próxima ao Parlamento britânico.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, um dos muitos desafetos de Trump, autorizou a utilização do balão na manifestação. Em 2017, Kahn criticou duramente o americano por publicar mensagens com informações falsas após ataques terroristas ocorridos na capital britânica.

Na entrevista ao The Sun, o americano disse que o prefeito londrino tem feito "um péssimo trabalho" no combate ao terrorismo, associando os atentados à imigração.

Ele disse que a Europa está "perdendo sua cultura" em razão do grande número de migrantes vindos da África e do Oriente Médio. "Acho que mudou o tecido da Europa e, a não ser que vocês ajam rápido, a Europa jamais será o que costumava ser", afirmou Trump.

Khan, muçulmano de origem paquistanesa, lembrou que atentados terroristas também ocorreram nos EUA e em outras cidades europeias. "O presidente Trump deve explicar por que escolheu criticar o prefeito de Londres, e não os das outras cidades", observou.

Novas manifestações estão marcadas para ocorrer em Windsor, onde Trump se reunirá com a rainha Elizabeth 2ª, e na Escócia, onde deverá passar o fim de semana em um resort de sua propriedade.

Em sua primeira visita oficial ao Reino Unido, o americano evitou a capital britânica. "Acho que quando colocam balões de ar para fazer com que me sinta indesejado, não há razões para que eu vá a Londres", disse Trump na entrevista ao The Sun.

RC/afp/ap/dpa

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