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Polícia prende centenas em operação contra feminicídio e homicídio

24/08/2018 16h03

Operação Cronos já deteve mais de 600 pessoas, mas autoridades esperam mil prisões até o fim do dia. Quase 5 mil policiais cumprem mandados de prisão em todo o país. Brasil tem quinta maior taxa de feminicídio do mundo.A Polícia Civil deflagrou nesta sexta-feira (24/08) uma operação nacional de combate ao feminicídio e ao homicídio, tendo prendido 643 pessoas até o final da manhã. Outros 61 adolescentes e 32 armas foram apreendidos. Quase 5 mil policiais em todo o país cumprem mandados de prisão.

O delegado Emerson Wendt, presidente do Conselho Nacional dos Chefes de Polícias Civis, órgão que coordena a operação, informou que mais de mil prisões devem ser efetuadas até o fim do dia. Um novo balanço deve ser divulgado ainda nesta sexta-feira.

"O que estamos fazendo hoje é um esforço concentrado no combate ao feminicídio", explicou Wendt, embora não tenha especificado quantas das prisões estão relacionadas a crimes de homicídio e quantas a crimes de feminicídio.

A ação, batizada de Operação Cronos e que conta com o apoio do Ministério da Segurança Pública, foi definida em julho durante reunião com o ministro da pasta, Raul Jungmann.

"Esse trabalho levou meses para ser desencadeado", explicou o ministro em coletiva de imprensa em Brasília. Segundo ele, a operação é uma forma de reiterar a importância da Lei Maria da Penha. Pessoas que descumpriram medidas protetivas previstas nesta lei também estão sendo alvo de mandados de prisão.

"[O feminicídio] é um crime covarde, que acontece muitas vezes dentro de casa e é algo que tem que ser repelido", acrescentou o ministro.

As investigações contaram com o apoio do chamado Banco de Perfil Genético, que registra o DNA de autores de crimes sexuais para que seja comparado com o encontrado nas vítimas. O ministério espera ampliar esse banco até o fim do ano que vem, chegando a 130 mil perfis cadastrados.

"Quando ocorrer um estupro ou um feminicídio, é possível fazer a comparação do material genético encontrado na cena do crime com os DNAs", afirmou Jungmann. "Isso dá velocidade, precisão, e permite a elucidação de crimes."

A Operação Cronos ocorre em 16 estados do país e no Distrito Federal. O nome da operação é uma referência à supressão do tempo de vida da vítima, reduzido pelo autor do crime.

No mesmo mês de julho, quando a operação foi definida pelas autoridades competentes, o assassinato de uma mulher no Paraná chocou o país. A advogada Tatiane Spitzner, de 29 anos, foi jogada do apartamento onde morava com o marido, o professor Luis Felipe Manvailer, que está preso suspeito pela morte.

O Brasil é o país com a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos de mulheres por razões de gênero chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres no país.

O Mapa da Violência apontou que, entre 1980 e 2013, mais de 106 mil mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil. Em mais de 50% das vezes, foram os próprios familiares que cometeram os assassinatos. Em 33,2% dos casos, foram parceiros ou ex-parceiros.

O feminicídio passou a constar no Código Penal brasileiro a partir de 2015, como circunstância qualificadora do crime de homicídio. A lei também incluiu esse tipo de assassinato no rol dos crimes hediondos.

EK/abr/ots

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