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O Brasil na imprensa alemã (29/08)

29/08/2018 14h42

Início do horário eleitoral na TV, liderança de Lula nas pesquisas e condenação do ex-presidente da CBF em Nova York estão entre os destaques da semana.Süddeutsche Zeitung – Procura-se desesperadamente um favorito, 28/08

O Brasil é um país louco por televisão, e a partir desta sexta-feira a propaganda eleitoral é permitida na TV.

Alckmin espera ansiosamente por este momento. Ele é considerado um homem sem carisma. O jornal O Globo o chamou de "picolé de chuchu" – em referência a uma variedade de legume sem sabor. Mas Alckmin conseguiu um golpe ao velho estilo brasileiro, que logo pode alavancá-lo nas pesquisas: ele conseguiu um monopólio televisivo.

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O extremista de direita Bolsonaro, que atualmente ocupa o segundo lugar nas pesquisas, tem que se contentar com oito segundos. Talvez seja o suficiente para ele, já que não pode falar mesmo sobre o seu programa eleitoral, pois não tem nenhum. Mas mesmo que ele queira apenas provocar, terá que bolar provocações bem curtas para a fase crucial da campanha. Bolsonaro vai chegar, segundo todas as previsões, ao segundo turno, mas provavelmente perderá contra qualquer adversário; os democratas de todos os campos unirão forças contra este racista e fã da ditadura.

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A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, de 60 anos, destoa dos outros candidatos porque é uma mulher de pele escura. Acima de tudo, em contraste com seus concorrentes brancos e masculinos, ela tem um conceito claro para proteger a floresta tropical e a população indígena. Representa um movimento ambientalista de tendências evangélicas, defende a preservação da criação no espírito da Bíblia.

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Ciro Gomes, de 60 anos, tenta se posicionar como uma alternativa a Lula dentro da esquerda dividida. Mas Gomes tem um problema de credibilidade e, sobretudo, para muitas mulheres ele é considerado um machão irremediável. Quando era bem colocado na campanha de 2002, foi questionado sobre qual poderia ser o papel de sua então esposa como primeira-dama. Gomes disse: "Dormir comigo". A frase é associada à sua imagem até hoje.

Alckmin deve ter as melhores chances de vitória por causa de sua vantagem na televisão. Mas ele também luta contra um grande problema: o atual presidente Michel Temer, cujo partido enviou um candidato sem chances para a disputa, pensou alto em apoiar Alckmin. Só que Temer é chefe de Estado menos popular da história do Brasil. Se Alckmin ganhar, ainda que levemente, a fama de ser o candidato do governo, então ele está perdido.

Der Spiegel – Elefante na sala de estar, 25/08

A questão sobre quanto tempo Lula deve permanecer na prisão se tornou um teste para a democracia brasileira. Ela ofusca não só a campanha para a eleição presidencial de 7 de outubro: a grave crise política e econômica que o país vive desde a queda da sucessora de Lula, Dilma Rousseff, irá provavelmente atravessar boa parte do mandato do próximo presidente.

E ele poderia novamente se chamar Lula, pois o prisioneiro, de 72 anos, lidera em todas as pesquisas, e de longe. Ele continua sendo o político mais popular do país, embora tenha sido condenado, em segunda instância, a 12 anos de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro, em um julgamento questionável. Até 39% votariam nele. Portanto, ele receberia mais que o dobro dos votos do populista de direita Jair Bolsonaro, que está em segundo lugar. Em um provável segundo turno, Lula derrotaria seu adversário com enorme vantagem.

Desde a sua detenção, em 7 de abril, o número de potenciais eleitores de Lula aumentou significativamente. Muitos brasileiros se lembram dos tempos dourados do governo Lula, quando a economia cresceu até 7% ao ano e milhões de pessoas ascenderam da pobreza à classe média – um contraste brutal com as políticas desastrosas do atual presidente, Michel Temer. No governo do político conservador, o declínio econômico vai se acelerando. A violência está aumentando, e as Forças Armadas e a polícia não conseguem controlar o problema.

Süddeutsche Zeitung – Quatro anos de prisão, 24/08

Mais de três anos se passaram desde que o mundo do futebol implodiu. Na madrugada de 27 de maio de 2015, policiais entraram no hotel de luxo Baur du Lac, em Zurique, onde delegados se preparavam para o congresso da Fifa. Sete altos funcionários foram presos, alguns outros não foram encontrados. As acusações, entre outras, eram corrupção, suborno e lavagem de dinheiro. Foi a primeira grande queda na indústria do futebol – que foi seguida pelo processo mais espetacular da história do futebol.

Na quarta-feira, a juíza Pamela Chen anunciou a pena contra o ex-presidente da CBF José Maria Marin. O dirigente, de 86 anos, foi condenado a quatro anos de prisão e a pagar 4,5 milhões de dólares em multas e reembolsos. Um júri já o considerou em dezembro culpado de aceitar propinas de cerca de 6,5 milhões de dólares pela concessão de direitos de transmissão televisiva.

Com a sentença, a juíza Chen permaneceu bem abaixo dos dez anos de detenção pedidos pela promotoria. A avaliação foi clara: "O comportamento de Marin destruiu a confiança do público no futebol profissional", disse ela. "Ele e seus co-conspiradores eram o câncer do esporte que supostamente amavam."

MD/ots

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