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Venezuela diz que milhares de migrantes querem retornar ao país

30/08/2018 08h17

Caracas afirma que migrantes estão atendendo a pedido de Maduro para que "parem de lavar privadas no exterior e voltem para casa". Governo acusa países vizinhos de xenofobia contra venezuelanos.O governo da Venezuela afirmou ter recebido milhares de pedidos de venezuelanos que querem retornar ao país. Caracas aproveitou para atacar "as campanhas xenófobas" contra migrantes venezuelanos na América Latina.

O ministro das Comunicações da Venezuela, Jorge Rodriguez, disse nesta quarta-feira (29/08) que as embaixadas venezuelanas em todo o mundo receberam "milhares de pedidos de ajuda" de seus cidadãos em busca de repatriação.

No dia anterior, na terça-feira, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tentou alcançar as centenas de milhares de venezuelanos que fugiram do país e lhes pediu que "retornassem da escravidão econômica".

"Parem de lavar privadas no exterior e voltem a morar em sua terra natal", pediu Maduro. De acordo com Rodriguez, venezuelanos estão atendendo a essa convocação.

Segundo a ONU, 2,3 milhões de venezuelanos vivem atualmente fora de seu país, ou 7,5% da população, sendo que 1,6 milhão deixaram a Venezuela depois de 2015, devido à crise econômica, que levou à escassez de alimentos e remédios. Na quarta-feira, várias partes de Caracas e estados vizinhos sofreram outra queda de energia, o segundo grande apagão no mês de agosto.

Maduro atribui a crise do país ao que ele diz ser uma "guerra econômica" travada contra seu governo e classifica o êxodo venezuelano de uma "campanha de direita". Ele afirmou recentemente que suas novas reformas econômicas estimularão os migrantes a retornar e a participar da reconstrução do país.

Rodriguez apontou Peru, Equador e Colômbia como países onde os venezuelanos foram vítimas de "xenofobia e crimes de ódio". Na segunda-feira, o governo venezuelano fretou um avião que trouxe de volta 89 cidadãos que estavam no Peru – segundo Maduro, eles sofreram "racismo, desprezo, perseguição econômica e escravidão".

Peru e Equador impuseram recentemente novos obstáculos para os imigrantes venezuelanos, obrigando-os a mostrar um passaporte para entrada – num momento em que Caracas não tem emitido passaporte para seus cidadãos.

O governo venezuelano não chegou a criticar o Brasil, que recentemente foi atingido por uma onda de violência xenófoba na fronteira, especialmente como resultado das tensões entre a população local e os refugiados do país vizinho. O presidente Michel Temer aprovou o envio de tropas para Roraima.

Líderes regionais devem se reunir no âmbito da cúpula da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 5 de setembro, para debater a crise na Venezuela.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que o "governo ditatorial" de Maduro criou uma situação "exasperante" e mostrou "uma dissociação completa dos problemas do povo", bem como uma "incapacidade absoluta" de suprir as necessidades básicas da população.

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PV/dpa/efe/p/afp