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Líder separatista da Ucrânia morre em explosão

31/08/2018 18h36

Aleksandr Zakharchenko estava num café que explodiu em Donetsk. Rússia culpa Kiev pelo ataque e pede uma investigação internacional. Ucrânia nega envolvimento.O líder dos separatistas pró-Rússia na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, Aleksandr Zakharchenko, de 42 anos, morreu nesta sexta-feira (31/08) após uma explosão num café no centro capital regional.

Segundo os veículos de imprensa russos, o incidente ocorreu por volta das 17h30 (horário local) no café Separ na cidade de Donetsk. O local ficava a poucos metros da residência de Zakharchenko, considerado o homem forte do Kremlin no leste da Ucrânia.

No atentado também ficaram feridas outras três pessoas, entre elas o chamado ministro de Finanças do território rebelde, Aleksandr Timofeyev. A agência de notícias dos separatistas DAN classificou a explosão como "ataque terrorista".

As forças de segurança da autoproclamada República Popular de Donetsk (RPD) anunciaram a detenção de "várias pessoas" relacionadas com o ataque.

Antigo mecânico e depois empresário, Zakharchenko foi um dos líderes dos separatistas desde o início do conflito com o exército ucraniano, em abril de 2014. Em novembro daquele ano, meses depois de os territórios rebeldes do leste da Ucrânia proclamarem a independência, Zakharchenko foi eleito presidente da República Popular de Donetsk com 81% dos votos.

Em comunicado, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o assassinato visa desestabilizar a paz regional. "A morte covarde de Zakharchenko é mais uma evidência que aqueles que escolheram o caminho do terror, violência e espalhar o medo não querem buscar uma solução pacífica para o conflito", destacou.

Putin evitou apontar culpados pela explosão. O Ministério das Relações Exteriores russo, no entanto, acusou o governo da Ucrânia pelo atentado e pediu uma investigação internacional para esclarecer o crime.

"Há fundamentos para pensar que, por trás desse assassinato está o regime de Kiev, que em mais de uma ocasião lançou mão de métodos similares para se desfazer dos que discordam", disse aos jornalistas a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova.

A diplomata russa acusou o governo ucraniano de apostar pelo "roteiro do terrorismo, ao invés de cumprir com os Acordos de Minsk [para a paz na Ucrânia] e buscar caminhos de solução para o conflito".

As autoridades ucranianas negaram qualquer envolvimento no ataque e apresentaram ainda sua versão do assassinato de Zakharchenko, que dirigia o grande bastião dos separatistas pró-Rússia há quatro anos.

"A morte de Zakharchenko pode ser resultado de conflitos criminais entre os milicianos, em primeiro lugar relacionado com a distribuição dos negócios. Também não descartamos a tentativa do serviço de inteligência da Rússia de eliminar uma figura tão odiosa", disse a uma emissora de televisão local Igor Guskov, integrante do alto escalão do Serviço de Segurança da Ucrânia.

Nos últimos anos, vários comandantes separatistas foram mortos em atos que os separatistas atribuem ao serviço secreto ucraniano.

Mais de 10 mil pessoas morreram em Donetsk e Lugansk após o início da insurgência separatista em 2014. Kiev e governos ocidentais acusam Moscou de fornecer armas e tropas aos rebeldes. A Rússia nega as acusações e afirma que dá apenas apoio político aos insurgentes.

CN/efe/lusa/afp/rtr

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