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Na ONU, Temer afirma que entrega país melhor que recebeu

25/09/2018 11h56

Presidente diz que Brasil retornou "ao trilho do desenvolvimento" e que deixará o cargo com "a tranquilidade do dever cumprido". Ele também critica o isolacionismo e menciona crise dos refugiados venezuelanos.Em seu último discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, o presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira (25/09) que entregará ao seu sucessor um país melhor do que aquele que ele recebeu e que deixará o cargo com a "tranquilidade do dever cumprido".

"Hoje, no Brasil, podemos olhar para trás e verificar o quanto fizemos em pouco tempo de governo. Dissemos não ao populismo e vencemos a pior recessão de nossa história", disse. "Devolvemos o Brasil ao trilho do desenvolvimento."

"Recolocamos as contas públicas em trajetória responsável e restauramos a credibilidade da economia. Voltamos a crescer e a gerar empregos. Programas sociais antes ameaçados pelo descontrole dos gastos puderam ser salvos e ampliados", acrescentou.

Temer também criticou o isolacionismo e defendeu a abertura comercial como motor da prosperidade. "Os desafios à integridade da ordem internacional são muitos. Vivemos tempos toldados por forças isolacionistas. Reavivam-se velhas intolerâncias. As recaídas unilaterais são cada vez menos a exceção. Mas esses desafios não devem – não podem – nos intimidar. Isolacionismo, intolerância, unilateralismo: a cada uma dessas tendências, temos que responder com o que nossos povos têm de melhor", disse Temer.

"O Brasil sabe que nosso desenvolvimento comum depende de mais fluxos internacionais de comércio e investimentos. Depende de mais contato com novas ideias e com novas tecnologias. É na abertura ao outro – e não na introspecção e no isolamento – que construiremos uma prosperidade efetivamente compartilhada", disse o presidente.

"O isolamento até pode dar uma falsa sensação de segurança. O protecionismo pode até soar sedutor. Mas é com abertura e integração que alcançamos a concórdia, o crescimento, o progresso", defendeu Temer.

O presidente brasileiro também citou o Pacto Global sobre Migração e lembrou a existência de 250 milhões de migrantes em todo o mundo. Ele pediu a conclusão das negociações do Pacto Global sobre Refugiados.

"Na América do Sul, estamos em meio a onda migratória de grandes proporções. Estima-se em mais de 1 milhão os venezuelanos que já deixaram seu país em busca de condições dignas de vida. O Brasil tem recebido todos os que chegam a nosso território", afirmou.

Temer também mencionou as comemorações pelos 70 anos de Israel e renovou o apoio do Brasil à solução de dois Estados. O presidente citou também as doações de medicamentos e vacinas realizadas pelo governo brasileiro para as crianças afetadas pelo conflito civil na Síria, além de ter recebido um "número expressivo" de refugiados.

"Precisamos fortalecer esta Organização. Precisamos torná-la mais legítima e eficaz. Precisamos de reformas importantes – entre elas a do Conselho de Segurança, que, como está, reflete um mundo que já não existe mais. Precisamos, enfim, revigorar os valores da diplomacia e do multilateralismo", afirmou.

Temer citou ainda o comprometimento do governo brasileiro com medidas políticas em prol do meio ambiente. "Só nos últimos anos, negociamos a Agenda 2030 e o Acordo de Paris. São verdadeiros marcos, que nos colocam no caminho do crescimento econômico com justiça social e respeito ao meio ambiente", disse. "Estamos plenamente engajados. Mais de 40% da matriz energética brasileira é limpa e renovável – uma das mais sustentáveis do mundo. Em dois anos dobramos o total das áreas de preservação no Brasil."

Chefes de Estado e de governo de mais de 190 países se reuniram em Nova York para o debate geral da 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Entre as grandes ausências estão os presidentes de Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel. O líder brasileiro foi o primeiro a discursar, conforme a tradição.

O cerimonial foi aberto com a realização de um minuto de silêncio em homenagem ao ex-secretário-geral Kofi Annan, que morreu em agosto, seguido do discurso do atual mandatário do órgão internacional, António Guterres, que salientou um déficit de confiança nas instituições políticas e as divisões e a falta de cooperação entre os governos.

"A ordem mundial está crescentemente caótica", disse Guterres, que acrescentou que a multipolaridade mundial, por si só, não garante a paz e que as mudanças no equilíbrio do poder aumentam as chances de confrontos. "O confronto nunca é inevitável."

"O princípio da cooperação multinacional está sob fogo precisamente quando mais precisamos dele", afirmou. "Num momento de ameaças existenciais massivas não há um caminho a seguir que não seja coletivo, com senso comum para o bem comum."

"Líderes individuais têm o dever de promover o bem-estar de seu povo", disse Guterres. "Mias é mais profundo. Como guardiões do bem comum, também temos o dever de promover e apoiar um sistema multilateral reformado, revigorado e fortalecido."

Guterres também reiterou seu compromisso com reformas que tornem as Nações Unidas "mais efetivas" e não poupou críticas ao citar a "inabilidade" das autoridades políticas em combater e extinguir as guerras na Síria e no Iêmen.

Além disso, o secretário-geral listou os principais problemas enfrentados pela comunidade internacional, como o terrorismo, o tráfico de pessoas e a questão nuclear. Ele afirmou ainda que a agenda dos direitos humanos tem "perdido terreno" e criticou quem abdica dos direitos humanos ao combater o terrorismo.

Guterres citou também a necessidade de mudança de curso nos próximos dois anos em relação à mudança climática, mencionou os benefícios das energias renováveis e defendeu políticas ecológicas.

Guterres afirmou que o futuro depende da solidariedade e que laços estremecidos precisam ser reatados. "Apesar de tudo, vejo ventos de esperança soprando pelo globo", finalizou e citou conflitos políticos que têm sido resolvidos pacificamente ao redor do mundo.

PV/abr/ots

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