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Carro-bomba mata ao menos nove em Bogotá

17/01/2019 16h49

Atentado em academia de polícia da capital colombiana deixa mais de 50 feridos. Presidente classifica ataque de ato terrorista e promete punição para responsáveis.A explosão de um carro-bomba no estacionamento de uma academia de polícia em Bogotá deixou ao menos nove mortos e mais de 50 feridos nesta quinta-feira (17/01). Classificado pelas autoridades como terrorista, o atentado remete aos tempos em que o país estava mergulhado em conflitos envolvendo o narcotráfico e movimentos guerrilheiros.

"Estou voltando imediatamente a Bogotá com a Cúpula Militar diante do miserável ato terrorista cometido na Escola General Santander contra nossos policiais", escreveu o presidente colombiano, Iván Duque, no Twitter. Ele estava numa reunião sobre segurança no oeste do país.

"Todos nós colombianos rechaçamos o terrorismo e estamos unidos para enfrentá-lo. A Colômbia se entristece, mas não se dobra diante da violência", acrescentou em outro tuíte.



Imagens dos arredores da academia de polícia, localizada no sul da capital, mostram a lataria do carro-bomba retorcida e árvores partidas pela força da explosão. Janelas de apartamentos vizinhos quebraram.

Familiares de cadetes da escola se reuniram no local, muitos deles chorando enquanto aguardavam informações.

Autoridades afirmaram que o carro violou a segurança da escola, mas não explicaram como isso foi possível. Trata-se de uma das instituições mais vigiadas do país.

Não ficou imediatamente claro quantas pessoas estão por trás do ataque e se elas conseguiram fugir ou morreram no local. Duque afirmou ter ordenado que as forças de segurança do país encontrem os responsáveis pelo atentado e os levem à Justiça.

O procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, disse que toda a capacidade investigativa da entidade está "dedicada a desmascarar os terroristas em conjunto com a polícia".

Trata-se do mais mortal atentado em Bogotá desde que uma explosão em um shopping center deixou três mortos e 11 feridos em junho de 2017. A polícia prendeu vários membros de uma guerrilha urbana de extrema esquerda, chamada Movimento Revolucionário do Povo, por suspeita de participação no atentado.

Carros-bombas eram usados com frequência nos tempos do cartel de Medellín, liderado pelo traficante Pablo Escobar, assim como durante as décadas de conflito armado entre o Estado e diferentes grupos rebeldes de esquerda.

O conflito armado deixou mais de 260 mil mortos no país e foi encerrado com um acordo de paz alcançado entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2016. A liderança do antigo grupo guerrilheiro condenou o ataque desta quinta.

O último atentado de grande porte havia ocorrido em janeiro do ano passado, quando o maior grupo rebelde em atividade, o Exército de Libertação Nacional (ELN), detonou uma bomba na cidade de Barranquilla, matando cinco policiais e deixando dezenas de feridos.

Formado hoje por cerca de 2 mil combatentes, o ELN é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, e começou a negociar um fim do conflito com o governo em fevereiro de 2017. Duque, que assumiu a presidência em agosto passado, condicionou uma retomada das negociações de paz à suspensão das hostilidades e à libertação de reféns.

Nesta quarta-feira, o ELN afirmou em comunicado ter sequestrado três tripulantes de um helicóptero civil "neutralizado" pelo grupo na semana passada. Em resposta, Miguel Ceballos, alto-comissário para a Paz da Colômbia, afirmou que o ELN "está se afastando cada vez mais da possibilidade de diálogo".

Até o momento, não há indícios de que o ELN esteja por trás do ataque desta quinta-feira ou de que o sequestro anunciado na véspera tenha alguma conexão com o atentado. Fazia mais de uma década que uma instalação da polícia ou militar do país não era alvo de um ataque de grandes proporções.

LPF/efe/rtr/ap

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