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Mourão descarta intervenção militar na Venezuela

25/02/2019 20h01

Em Bogotá, vice-presidente defende solução pacífica para a crise venezuelana e reforça críticas ao regime de Maduro. Grupo de Lima também rechaça uso da força para restaurar democracia, e EUA anunciam novas sanções.Em Bogotá para discutir a crise na Venezuela com outros líderes regionais, o vice-presidente Hamilton Mourão lançou duras críticas ao regime de Nicolás Maduro nesta segunda-feira (25/02), mas descartou qualquer apoio brasileiro a uma intervenção militar no país vizinho.

"Para nós a opção militar nunca foi uma opção. O Brasil sempre defende as soluções pacíficas de qualquer problema que ocorra nos países vizinhos. Defendemos a não intervenção", afirmou Mourão na capital colombiana, onde se reúnem representantes do Grupo de Lima e dos Estados Unidos.

O vice-presidente garantiu que o governo brasileiro vai continuar exercendo pressão diplomática, econômica e política para que se chegue a uma solução na Venezuela e para a restauração da democracia no país.

"O Brasil acredita que é possível fazer a Venezuela voltar ao convívio democrático das Américas, sem qualquer medida extrema que nos confunda, enquanto nações democráticas, com aqueles que serão julgados pela história como agressores, invasores e violadores das soberanias nacionais", disse.

Questionado sobre as posturas de outros líderes durante a cúpula do Grupo de Lima, Mourão afirmou que "ninguém está apostando em uma solução militar".

A questão girava principalmente em torno dos Estados Unidos, já que tanto o presidente Donald Trump como seu vice, Mike Pence – que esteve na reunião em Bogotá –, chegaram a dizer que "todas as opções estão sobre a mesa" quando o assunto é tirar Maduro do poder.

Nesse sentido, Mourão defendeu a convocação de eleições antecipadas, que devem ser monitoradas por entidades internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA).

O vice-presidente não poupou críticas ao governo socialista de Maduro, que acusou de ser "criminoso" e de "não respeitar o Estado de direito". É um regime marcado por "privilégios, discriminação e violência", acrescentou.

Ele ainda previu que a situação na Venezuela tende a ser semelhante à queda do Muro de Berlim, em 1989, que levou à reunificação da Alemanha e marcou o enfraquecimento do socialismo: ninguém acreditava que "cairia da maneira como caiu", afirmou.

"Na Venezuela é preciso ter paciência e resiliência, e o povo venezuelano a teve nos últimos anos. Um pouco mais, e a coisa vai se regular", acrescentou.

Mourão também reforçou a necessidade de "buscar outras vias" para que a ajuda humanitária chegue à Venezuela, depois de o regime de Maduro ter fechado as fronteiras com o Brasil e com a Colômbia e impedido a entrada de caminhões com mantimentos no sábado.

"É preciso fazer isso com toda calma e tranquilidade. Buscar uma solução mais pacífica", argumentou o vice-presidente, que ainda descreveu o bloqueio ao ingresso de ajuda no fim de semana como uma "violação dos direitos humanos".

Mourão defendeu também a aplicação de sanções contra líderes do governo chavista, lembrando, porém, que as penalidades não podem afetar o povo venezuelano.

Mais cedo, o vice-presidente dos Estados Unidos anunciou, em Bogotá, a imposição de novas sanções ao regime, que afetam quatro governadores venezuelanos aliados a Maduro, incluindo um que negociou a libertação de um cidadão americano preso por mais de dois anos.

EK/afp/dpa/efe/rtr/ots

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