"O governo é um deserto de ideias", diz Maia
Após semana turbulenta, presidente da Câmara afirma que atrito com Planalto é "página virada", mas cobra que Bolsonaro deixe as redes sociais e atue de forma mais ativa para aprovar a reforma da Previdência.O presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou neste sábado (23/03) que Jair Bolsonaro pare de terceirizar a responsabilidade pela articulação para aprovar a proposta da reforma da Previdência e assuma um papel mais ativo. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, ele também advertiu o presidente da República a deixar as redes sociais de lado e afirmou que o governo "é um deserto de ideais".
"Ele (Bolsonaro) não pode terceirizar a articulação como ele estava fazendo. Transfere para o presidente da Câmara e do Senado uma responsabilidade que é dele e fica criticando: ‘Ah a velha politica está me pressionando'. Ele precisa assumir essa articulação porque ele precisa dizer o que é a nova política. Nós estamos na nova politica, nós queremos a nova politica, o Brasil quer mudar”, disse Maia após comparecer ao congresso do PPS, em Brasília.
A relação de Maia com o governo sofreu abalos ao longo da semana. Primeiro, ele demonstrou para aliados que estava irritado com ataques nas redes sociais que partiram de contas pró-Bolsonaro, que mantém proximidade com um dos filhos do presidente, o vereador Carlos. No meio da semana, ele entrou em uma disputa com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, que reclamou que Maia havia suspendido a tramitação do seu pacote anticrime.
Na quinta-feira, após a prisão do ex-presidente Michel Temer, Maia foi ainda alvo de uma provocação de Carlos Bolsonaro nas redes, que questionou "por que o presidente da Câmara anda tão nervoso?". A mesma operação contra Temer também prendeu o ex-ministro Moreira Franco, que é padrasto da mulher de Maia.
No mesmo dia, a apresentação do projeto de reforma das aposentadorias dos militares desgastou a relação do Planalto com a Câmara, após dezenas de deputados afirmarem que o governo está tentando criar privilégios para a categoria.
No dia seguinte, irritado, Maia ameaçou deixar a articulação política da reforma da Previdência, que está na parada na Câmara. Neste sábado, ele baixou o tom e disse que os atritos com o Planalto são "página virada".
Ao jornal o Estado de S.Paulo, Maia ainda afirmou que vai continuar a defender a proposta, mas apenas dentro do Congresso.
"[Vou continuar à frente da articulação] dentro do meu quadrado, sim. Agora, acho que quanto mais eles tentam trazer para mim a responsabilidade do governo, mais está piorando a relação do governo com o Parlamento. O governo precisa vir a público de forma mais objetiva, com mais clareza, com mais energia na votação da reforma.
Em outra entrevista publicada neste sábado, desta vez pelo jornal O Globo, Maia também disse "vou ajudar, vou continuar defendendo, não vou sair disso nunca".
"Aliás, é muito interessante porque ficam dizendo nas redes sociais que estou contra a matéria. Me desculpe. Quem foi contra a matéria a vida inteira foi o Bolsonaro, não fui eu. Sempre estive neste campo: o da reforma do Estado, da reforma da Previdência e da economia de mercado. Estou no mesmo lugar, por isso, não tenho constrangimento de defender a reforma ", disse Maia.
O presidente da Câmara também cobrou que o governo pare de agitar sua militância nas redes sociais e disse que o governo não tem projetos amplos para o país.
"O Brasil precisa sair do Twitter e ir para a vida real. Ninguém consegue emprego, vaga na escola, creche, hospital por causa do Twitter. Precisamos que o País volte a ter projeto. Qual é o projeto do governo Bolsonaro, fora a Previdência? Fora o projeto do ministro Moro? Não se sabe. Qual é o projeto de um partido de direita para acabar com a extrema pobreza? Criticaram tanto o Bolsa Família e não propuseram nada até agora no lugar. (...) O governo é um deserto de ideias."
Ainda neste sábado, em Brasília, Maia disse que Bolsonaro tem legitimidade para construir um novo momento do Brasil, mas que para que isso seja alcançado é necessário mostrar o que o seu governo pretende fazer de diferente em relação aos governos do PT.
"Porque senão a gente vai achar que os governos são muito parecidos, porque até agora ninguém propôs nada diferente do que o PT construiu nos últimos 13 anos. Um governo de direita não pode ser igual a um governo de esquerda.”
JPS/ots
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"Ele (Bolsonaro) não pode terceirizar a articulação como ele estava fazendo. Transfere para o presidente da Câmara e do Senado uma responsabilidade que é dele e fica criticando: ‘Ah a velha politica está me pressionando'. Ele precisa assumir essa articulação porque ele precisa dizer o que é a nova política. Nós estamos na nova politica, nós queremos a nova politica, o Brasil quer mudar”, disse Maia após comparecer ao congresso do PPS, em Brasília.
A relação de Maia com o governo sofreu abalos ao longo da semana. Primeiro, ele demonstrou para aliados que estava irritado com ataques nas redes sociais que partiram de contas pró-Bolsonaro, que mantém proximidade com um dos filhos do presidente, o vereador Carlos. No meio da semana, ele entrou em uma disputa com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, que reclamou que Maia havia suspendido a tramitação do seu pacote anticrime.
Na quinta-feira, após a prisão do ex-presidente Michel Temer, Maia foi ainda alvo de uma provocação de Carlos Bolsonaro nas redes, que questionou "por que o presidente da Câmara anda tão nervoso?". A mesma operação contra Temer também prendeu o ex-ministro Moreira Franco, que é padrasto da mulher de Maia.
No mesmo dia, a apresentação do projeto de reforma das aposentadorias dos militares desgastou a relação do Planalto com a Câmara, após dezenas de deputados afirmarem que o governo está tentando criar privilégios para a categoria.
No dia seguinte, irritado, Maia ameaçou deixar a articulação política da reforma da Previdência, que está na parada na Câmara. Neste sábado, ele baixou o tom e disse que os atritos com o Planalto são "página virada".
Ao jornal o Estado de S.Paulo, Maia ainda afirmou que vai continuar a defender a proposta, mas apenas dentro do Congresso.
"[Vou continuar à frente da articulação] dentro do meu quadrado, sim. Agora, acho que quanto mais eles tentam trazer para mim a responsabilidade do governo, mais está piorando a relação do governo com o Parlamento. O governo precisa vir a público de forma mais objetiva, com mais clareza, com mais energia na votação da reforma.
Em outra entrevista publicada neste sábado, desta vez pelo jornal O Globo, Maia também disse "vou ajudar, vou continuar defendendo, não vou sair disso nunca".
"Aliás, é muito interessante porque ficam dizendo nas redes sociais que estou contra a matéria. Me desculpe. Quem foi contra a matéria a vida inteira foi o Bolsonaro, não fui eu. Sempre estive neste campo: o da reforma do Estado, da reforma da Previdência e da economia de mercado. Estou no mesmo lugar, por isso, não tenho constrangimento de defender a reforma ", disse Maia.
O presidente da Câmara também cobrou que o governo pare de agitar sua militância nas redes sociais e disse que o governo não tem projetos amplos para o país.
"O Brasil precisa sair do Twitter e ir para a vida real. Ninguém consegue emprego, vaga na escola, creche, hospital por causa do Twitter. Precisamos que o País volte a ter projeto. Qual é o projeto do governo Bolsonaro, fora a Previdência? Fora o projeto do ministro Moro? Não se sabe. Qual é o projeto de um partido de direita para acabar com a extrema pobreza? Criticaram tanto o Bolsa Família e não propuseram nada até agora no lugar. (...) O governo é um deserto de ideias."
Ainda neste sábado, em Brasília, Maia disse que Bolsonaro tem legitimidade para construir um novo momento do Brasil, mas que para que isso seja alcançado é necessário mostrar o que o seu governo pretende fazer de diferente em relação aos governos do PT.
"Porque senão a gente vai achar que os governos são muito parecidos, porque até agora ninguém propôs nada diferente do que o PT construiu nos últimos 13 anos. Um governo de direita não pode ser igual a um governo de esquerda.”
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