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O Brasil na imprensa alemã (10/07)

10/07/2019 10h44

A morte de João Gilberto, a conquista da Copa América, as revelações da plataforma The Intercept Brasil e os cinco anos da derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1 na Copa de 2014 foram destaques na mídia alemã.Der Spiegel – O homem que nos presenteou com a Bossa Nova (07/07)

As últimas notícias divulgadas sobre João Gilberto não foram dignas dele. Eram sobre dinheiro, sobre dívidas, sobre disputas familiares e – mesmo que não tenha sido expressado de forma clara – sobre sua herança.

Pouco se sabia sobre ele: que ele tinha se mudado de seu apartamento no bairro nobre do Leblon, onde viveu por décadas, e vivia com amigos. Que sua saúde se deteriorou rapidamente. E que ele não conseguia lidar com dinheiro, mas isso já se sabia há muito tempo.

Um mistério cercou este homem desde que ele se encapsulou décadas atrás e se isolou em seu apartamento, sozinho com seu violão, a comida lhe era trazida de um restaurante próximo. Ele não era mais visto em público e não fazia shows há muito tempo. Ele só tocava em casa, relataram amigos, um perfeccionista com ouvido absoluto, um gênio musical.

É preciso ter cuidado com esse predicado, mas João Gilberto o merece, ele era um gigante da música. Juntamente ao falecido músico e compositor Tom Jobim, que morreu em 1994, ele moldou a face musical do Brasil.

Süddeutsche Zeitung – Sob fogo (08/07)

Há muito tempo, críticos acusavam o governo Bolsonaro de incoerências e combinações políticas, mas nunca tiveram provas. Até agora. As revelações do site The Intercept provocaram um enorme escândalo político no Brasil. Há semanas, nenhum outro tema tem dominado o debate público dessa maneira.

Antes Moro era um herói popular, que fez fama como incorruptível caçador de corrupção, seu retrato adornava camisetas. Agora, a Veja, a revista política mais influente do Brasil, imprime sua foto na capa com o título: "Justiça com as próprias mãos".

Tudo isso é extremamente desagradável para o governo brasileiro, que se defende e mobiliza seus apoiadores, também contra o Intercept. Logo após a publicação dos primeiros registros de conversas pelo site, veio um shitstorm nas redes sociais contra os responsáveis. Mas eles estão acostumados à resistência: o portal de notícias investigativas foi fundado por Glenn Greenwald. O ex-advogado e jornalista nova-iorquino ficou conhecido mundialmente quando vazou em 2013 documentos obtidos por Edward Snowden sobre o programa secreto de monitoramento PRISM, da NSA.

Já naquela ocasião, Greenwald morava com seu parceiro, o político brasileiro esquerdista David Miranda, no Rio de Janeiro. Ele e Greenwald foram severamente ameaçados pela divulgação dos documentos de Snowden; uma vez, o computador de Miranda foi confiscado durante uma escala em Londres. Mas nada disso conseguiu conter Greenwald.

O governo acusa o Intercept de hackeamento, afirmando Greenwald e os seus colegas obtiveram as conversas por meio de canais ilegais. Um site de notícias de direita também anunciou agora que a Polícia Federal ordenou que uma unidade antilavagem de dinheiro do Ministério da Economia investigasse as contas de Greenwald. A autoridade, por sua vez, se reporta diretamente a Sergio Moro. O ministro da Justiça do Brasil, portanto, conduziria as investigações contra o seu maior crítico. A própria Polícia Federal não comenta o caso, e Moro também não comentou os rumores sobre a investigação, apesar das repetidas perguntas dos políticos no Senado.

Frankfurter Allgemeine – Grande triunfo do Brasil no Maracanã (08/07)

Depois de 12 anos, a Seleção recebe novamente a coroa do campeonato sul-americano. Numa emocionante partida no lendário estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, a Seleção Brasileira de Futebol venceu o surpreendente adversário na final, o Peru, por 3 a 1 e conquistou a Copa América pela nona vez. Na celebração da vitória em campo, os jogadores celebraram seu treinador Tite; para a foto com o troféu, Jair Bolsonaro se misturou à equipe.

O Peru chegou à final como um azarão e, no entanto, provou ser um adversário digno. Inicialmente, a equipe do técnico Ricardo Gareca foi melhor no jogo, mas teve que aceitar o primeiro gol logo aos 15 minutos. Pela direita, passando pela defesa peruana, Gabriel Jesus cruzou a bola para Everton, que estava livre e abriu o placar para a Seleção com um bom chute no canto direito.

"O mais importante é que evoluímos ao longo do tempo", disse Gareca. "Tivemos um adversário muito efetivo. Acho que nos saímos bem, apesar da derrota. Estamos no caminho certo."

Com a vitória de domingo, a seleção brasileira levou a Copa América pela nona vez diante de uma torcida caseira. A última vez que a Seleção venceu o campeonato sul-americano foi em 2007 e, desde então, nem sequer chegou a ficar entre os quatro primeiros.

Süddeutsche Zeitung – Noite sem fim (08/07)

Ninguém quer fazer um juramento ou colocar a sua mão no fogo. Mas se for verdade o que se diz no Estádio Mineirão, o técnico da seleção alemã, Joachim Löw, fez o discurso mais curto de sua carreira em 8 de julho de 2014, no vestiário em Belo Horizonte. Se ele tiver dito qualquer coisa.

A história contada pelas pessoas do Mineirão gira em torno de um dos dramas mais extraordinários que a história do futebol já proporcionou: o 7 a 1 da seleção alemã contra o Brasil. "Löw, dizem aqui, saiu do vestiário para o estacionamento no intervalo", afirmou Samuel Lloyd, 37 anos, diretor do Mineirão.

O estacionamento fica a apenas alguns metros dos vestiários. "E aí dizem que ele fumou calmamente um cigarro." Ok, já no intervalo o placar era de 5 a 0, e o vexame, a vergonha, havia tomado o seu rumo. Mas ainda era o intervalo de uma semifinal de uma Copa do Mundo de futebol. O momento em que a Alemanha estava a 45 minutos da final e outros 120 minutos do título que se esperava que o Brasil realmente conquistasse no Maracanã do Rio de Janeiro.

Se nessa grandiosa noite em Belo Horizonte Löw realmente teve a audácia de desfrutar de um cigarro durante o intervalo não foi confirmado pelos membros da comitiva alemã - embora o fato também não tenha sido completamente descartado, de tão louca que foi aquela noite.

Uma coisa é certa: Joachim Löw e seu assistente Hansi Flick sabiam exatamente o que fazer durante o intervalo. Mesmo antes do apito para a pausa, Flick deu ordens claras [...]: nada de expressões visíveis de alegria, nada de gestos que o público brasileiro pudesse perceber como provocação, nada de palmas.

CA/ots

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