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EUA sancionam enteados de Maduro por esquema com alimentos subsidiados

4.mai.2019 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (ao centro), marcha diante de militares em um centro de treinamento em em El Paso, no estado de Cojedes - Presidência da Venezuela
4.mai.2019 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (ao centro), marcha diante de militares em um centro de treinamento em em El Paso, no estado de Cojedes Imagem: Presidência da Venezuela

26/07/2019 12h33

Os Estados Unidos aplicaram sanções ontem contra dez pessoas e 13 empresas acusadas de lucrar "centenas de milhões de dólares" com o programa de alimentos subsidiados do governo da Venezuela. Entre os sancionados estão três enteados do presidente Nicolás Maduro e o empresário colombiano Alex Saab.

As medidas se somam à série de sanções que Washington impôs nos últimos dois anos contra o regime de Maduro, cujo mandato é considerado ilegítimo pelos Estados Unidos e a quem é atribuído o fracasso econômico na Venezuela - segundo a ONU, um quarto de seus 30 milhões de habitantes sofrem de necessidade urgente de ajuda humanitária.

"Enquanto os enteados de Maduro e outros parceiros criminosos usam um programa de subvenção de alimentos para roubar centenas de milhões de dólares, muitos venezuelanos comem uma ou duas vezes por dia, com pouca proteína e vitaminas", disse o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, o empresário Saab aproveitou contratos supervalorizados vinculados aos Comitês Locais de Abastecimento e Produção da Venezuela (Clap), em um esquema que inclui Walter, Yosser e Yoswal Gavidia Flores, filhos da primeira-dama, Cilia Flores, e conhecidos como "Los Chamos". O esquema também envolveria empresas em vários países e operações ilegais no setor de ouro na Venezuela.

Em 2016, o governo venezuelano criou o Clap, organizado por Saab. "Com o conhecimento de Maduro, Saab arrecadou lucros substanciais e importou apenas uma fração dos alimentos necessários para o Clap", afirmou o Departamento do Tesouro, ressaltando que o esquema rendeu centenas de milhões de dólares.

Apesar das medidas de Washington, Maduro disse que os subsídios alimentares continuarão. "Nem mesmo com um milhão de sanções o Clap parará", frisou o presidente, acrescentando que a iniciativa "pertence ao povo venezuelano".

O governo em Caracas classificou as sanções de "terrorismo econômico". O ministro do Exterior, Jorge Arreaza, publicou no Twitter um comunicado denunciando "a repetida agressão" do governo de Donald Trump por meio de "medidas coercitivas unilaterais ilegais".

Segundo a declaração do governo venezuelano, essas sanções têm o "propósito criminoso" de "privar o povo venezuelano de seu direito à alimentação".

O regime de Maduro afirma que o programa Clap ajuda mais de seis milhões de pessoas no país. Entretanto, a Assembleia Nacional - liderada pela oposição - afirma que o plano provocou milionárias perdas patrimoniais devido a superfaturamentos e corrupção.

As dez pessoas atingidas pelas sanções terão congelados todos os ativos ou bens imóveis que possam ter nos EUA e, além disso, estão proibidas de fazer transações financeiras com qualquer cidadão ou empresa do país.

Os EUA acreditam que o líder do esquema de corrupção é Saab, que supostamente pagou propinas aos enteados de Maduro, para que eles o colocassem em contato com o próprio governante e com o ex-vice-presidente e atual ministro da Indústria da Venezuela, Tareck El Aissami, sancionado em fevereiro de 2017 pelas autoridades americanas por narcotráfico.

Entre as 13 empresas sancionadas nesta semana, algumas são propriedade de Saab e de seus sócios. As companhias também terão congelados seus ativos sob jurisdição americana.