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Chanceler iraniano faz visita surpresa à cúpula do G7

25/08/2019 17h21

Zarif se reúne com Macron em Biarritz, enquanto francês tenta assumir as rédeas dos esforços para salvar acordo nuclear. Política ocidental em relação ao Irã tem sido uma das questões mais controversas da cúpula.O ministro iraniano do Exterior, Mohammad Javad Zarif, fez uma visita surpresa neste domingo (25/08) à cidade de Biarritz, na costa sudoeste da França, onde líderes do G7 estão reunidos para debater uma série de questões que inclui a política ocidental em relação ao Irã.

A viagem do iraniano ocorre num momento em que o presidente francês, Emmanuel Macron, tenta assumir um papel de liderança nos esforços para salvar o acordo nuclear de 2015 com Teerã, abandonado pelos Estados Unidos, e aliviar as tensões no Golfo.

Zarif publicou fotos no Twitter de seu encontro com Macron e o ministro do Exterior do país, Jean-Yves Le Drian. O iraniano disse que também conversou com autoridades alemãs e britânicas.

"A estrada à frente é difícil. Mas vale a pena tentar", escreveu Zarif, antes de deixar a cidade francesa no domingo à noite. O Ministério do Exterior iraniano já havia informado que o titular viajou a Biarritz a convite de Le Drian e que não haveria reuniões com autoridades americanas.

Um diplomata francês confirmou que Zarif foi convidado para se reunir com Le Drian, o que descreveu como a continuação de uma iniciativa diplomática de Macron com o objetivo de acalmar as tensões no Golfo e reavivar a diplomacia com o Irã. O presidente francês já havia se reunido com o chanceler iraniano em Paris na sexta-feira.

O diplomata acrescentou que os franceses não estão agindo como mediadores dos Estados Unidos, e que a intenção por enquanto não é promover diálogos entre americanos e iranianos.

As relações entre Teerã e Washington se deterioraram significativamente desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se retirou do acordo internacional sobre armamentos nucleares com o Irã, e voltou a impor pesadas sanções sobre as exportações de petróleo do país.

Os EUA também anunciaram que intensificariam sua presença militar na região, a fim de monitorar as atividades da República Islâmica, especialmente as tentativas do país de exportar petróleo, desafiando as sanções americanas.

Neste domingo, questionado sobre a presença do ministro iraniano em Biarritz, Trump se contentou em proferir um lacônico "sem comentários".

Mais tarde, o governo francês informou que os Estados Unidos haviam sido previamente informados sobre a visita de Zarif e que Alemanha e Reino Unido estavam "associados" à reunião.

Macron se reuniu durante meia hora com o chanceler iraniano na Prefeitura de Biarritz, no outro lado da rua onde ocorre a cúpula do G7, com a presença de seu ministro Le Drian. O chanceler francês, por sua vez, passou um total de três horas com Zarif, junto com assessores diplomáticos alemães e britânicos.

A reunião foi "positiva", segundo fontes do governo francês. "A razão por que Zarif veio foi que na noite passada houve uma conversa muito substancial entre os líderes do G7, e achamos importante fazer um balanço com ele para estabelecer as bases para uma desescalada e uma pausa para negociar", disseram as fontes diplomáticas.

Chefes de Estado e governo do G7 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido – concordaram que qualquer diálogo com o Irã deve seguir dois objetivos: impedir que Teerã tenha acesso a armas nucleares e garantir a estabilidade na região.

Contudo, líderes europeus e Trump divergem sobre a melhor forma de lidar com a República Islâmica. Enquanto a Europa quer dar seguimento às negociações com Teerã para salvar o acordo nuclear de 2015, os EUA defendem aumentar a pressão sobre o Irã.

A visita de Zarif à França foi precedida por uma confusão diplomática entre Paris e Washington mais cedo, envolvendo o papel de mediador que o presidente francês pretendia assumir.

Durante a manhã, a Presidência francesa anunciou que o G7 havia encarregado Macron de conversar com autoridades iranianas em nome do grupo, no sentido de salvar o acordo nuclear. Minutos mais tarde, Trump negou ter concordado com "qualquer coisa" relativa a negociar com Teerã, ou mesmo que o líder francês tenha recebido essa missão.

A declaração do americano forçou Macron a se pronunciar, reconhecendo que o G7 "não concede mandatos formais" para que líderes ajam como mediadores.

Com diplomacia característica, Macron ressaltou que Trump é o presidente da "potência mundial número um", tendo que defender os direitos de seus eleitores, e que ele tem deixado bastante claros seus pontos de vista sobre o Irã e outros assuntos.

Os líderes das maiores potências econômicas avançadas – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido e União Europeia – estão reunidos até esta segunda-feira na localidade balneária de Biarritz, na costa sudoeste francesa, a fim de debater a ameaça de recessão global e a mudança climática, entre outros temas de peso.

EK/afp/ap/dpa/efe/rtr

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