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Polícia e manifestantes entram em confronto em Hong Kong

15/09/2019 08h31

Dezenas de milhares de pessoas desafiam proibição e saem às ruas da cidade em protesto pró-democracia. Para dispersar passeata, polícia usa gás lacrimogêneo e jatos de água colorida.A polícia de Hong Kong entrou em confronto neste domingo (15/09) com manifestantes que desafiaram a proibição e protestaram por democracia no centro da cidade. Dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas nos arredores do Parlamento e da sede do Executivo local.

O confronto começou três horas após o início do protesto, quando manifestantes jogaram pedras contra prédios do governo. A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água colorida contra os militantes para tentar dispersar a passeata. Os manifestantes responderam a agressão com mais pedras e coquetéis molotov. Um veículo policial pegou fogo após ser atingido por uma bomba caseira.

A marcha começou em Causeway Bay, onde milhares de manifestantes lotaram essa região para comemorar o Dia Internacional da Democracia. Pequenos grupos de pessoas, que usam roupas pretas características do movimento antigovernamental, usaram objetos como contêineres de lixo e cones de trânsito para construírem barricadas contra a polícia.

Segundo a polícia, os manifestantes foram advertidos para encerrarem os "atos ilegais" e deixarem a região, pois as "ações violentas" do grupo "representavam uma série ameaça à segurança pública".

Os protestos desde domingo foram convocados pela Frente Civil de Direitos Humanos, um grupo pró-democracia que está por trás das manifestações em massa que ocorrem desde junho na ilha. A polícia, porém, proibiu a marcha, alegando que não teria como garantir a ordem pública. Mesmo com a proibição, o grupo decidiu manter o ato.

A marcha, que reuniu também famílias com crianças, interrompeu o trânsito na região e muitas lojas fecharam suas portas. Além de levarem cartazes pedindo democracia, alguns manifestantes queimaram bandeiras do Partido Comunista Chinês.

Um grupo de manifestantes também se reuniu em frente ao consulado britânico em busca de apoio internacional. Os presentes agitam bandeiras britânicas e cantam "Deus salve a rainha", entoando ainda palavras de ordem como "Reino Unido salva Hong Kong". Eles apelaram ainda ao ex-governante colonial da ilha que exerça pressão para que a autonomia da cidade seja mantida com base nos acordos feitos entre os governos britânico e chinês, em 1997.

Desde junho, Hong Kong enfrenta enormes protestos. O estopim para a onda de manifestações foi polêmico projeto de lei que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental, onde os tribunais são controlados pelo Partido Comunista. Originados pela proposta, os protestos evoluíram, entretanto, para uma campanha a favor da democracia, que tem resultado em violentos confrontos entre manifestantes e a polícia.

Há dez dias, a chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, cedeu à pressão popular e anunciou a retirada definitiva do polêmico projeto de lei. O anúncio, porém, não foi suficiente para conter a onda de manifestações. Os protestos dividiram profundamente a sociedade e incitaram o clamor pela independência do território. Mais de 1.300 pessoas foram presas desde o início dos atos.

O atual movimento é o maior realizado contra o governo chinês desde que Hong Kong foi devolvida pelo Reino Unido para a China, em 1997. A transferência de Hong Kong a decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas". Foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia no Executivo, Legislativo e Judiciário. O governo central chinês é responsável, no entanto, pelas relações externas e defesa.

CN/efe/ap/rtr/lusa

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