Não há dúvidas sobre violações de direitos humanos no Chile, diz CIDH
Para Comissão Interamericana de Direitos Humanos é preciso apurar o alcance e as devidas responsabilidades por violações ocorridas durante onda de protestos, que já dura mais de um mês e deixou ao menos 23 mortos. A onda de protestos que eclodiu em 18 de outubro no Chile já deixou 23 mortos e mais de 2.300 feridos.
Cinco pessoas teriam morrido devido à intervenção de agentes de forças de segurança, e ao menos 222 tiveram lesões oculares graves, causadas principalmente por balas de borracha, segundo o Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH). Os policiais também são acusados de uso indiscriminado de gás lacrimogêneo na tentativa de dispersar manifestantes.
Para o secretário executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Paulo Abrão, houve violações aos direitos humanos durante as manifestações.
"Sobre violações aos direitos humanos [durante os protestos], não há dúvida de que ocorreram. A questão agora é medir qual foi o alcance disso, apurar as devidas responsabilidades e também individualizá-las, em vez de generalizar a situação", disse, durante visita ao Chile ontem.
Abrão foi ao país a fim de coletar informações sobre as dezenas de denúncias de violência cometidas por agentes em meio às manifestações. Em reunião com órgãos de direitos humanos desde segunda-feira, ele sugeriu que as violações devem ser levadas à Justiça chilena, que precisa implementar "medidas de reparação adequadas às vítimas" e esclarecer as circunstâncias em que ocorreram os abusos.
O INDH apresentou mais de uma centena de denúncias por parte de agentes de Estado. O diretor do órgão, Sergio Micco, disse, após receber uma missão da CIDH, que "é necessária uma profunda reforma da polícia chilena, uma tarefa que está sendo assumida pelo Congresso e que é essencial para superar bem esta crise".
Em Londres, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos e ex-presidente chilena, Michelle Bachelet, denunciou a "brutalidade policial" utilizada nos protestos no Chile, mas também em outros países como Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, França, Hong Kong, Líbano, Rússia e Espanha. Ao Chile, ela enviou uma missão da ONU para ouvir denúncias de violações de direitos humanos.
Nesta terça-feira, um dia após os protestos contra a desigualdade social terem completado um mês, novos embates entre manifestantes e forças de segurança foram registrados na capital Santiago. Os distúrbios ocorreram próximos à Praça Itália, onde centenas de pessoas vêm se concentrando para manifestações.
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