Mourão recria Fundo Amazônia, mas Alemanha e Noruega não garantem recursos
Mourão recria Fundo Amazônia, mas Alemanha e Noruega não garantem recursos - Vice-presidente anuncia que substituirá Ricardo Salles na presidência do comitê gestor. Mas embaixadores de Alemanha e Noruega afirmam que imagem do governo Bolsonaro no exterior é impedimento para colaboração.O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, anunciou nesta quinta-feira (28/05) que vai reativar o Fundo Amazônia, financiado por Noruega e Alemanha e suspenso desde 2019, e assumirá o seu comando, que antes estava a cargo do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
"Por iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, a presidência do Comitê Orientador do Fundo Amazônia passará a ser exercida pelo vice-presidente da República, também presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, com vista à integração das ações", escreveu Mourão no Twitter.
O anúncio foi feito após reunião de Mourão, nesta quinta, em Brasília, com os embaixadores da Alemanha, George Witschel, e da Noruega, Nils Martin Gunneng, além do presidente do BNDES, Gustavo Montezano, para discutir a reativação do financiamento do Fundo Amazônia, suspensa desde 2019.
"Apresentei aos embaixadores da Alemanha e Noruega e ao presidente do BNDES a proposta de reativação do Fundo da Amazônia, convidando os dois primeiros a conhecer no terreno a Operação Verde Brasil 2 [envio das Forças Armadas para combate a crimes florestais] e transmitindo a esses governos a política do Estado brasileiro para a Amazônia", acrescentou Mourão.
Criado em 2008, o Fundo Amazônia, destinado à preservação da região, é mantido sobretudo com doações de Noruega e Alemanha e gerenciado pelo BNDES.
Após o desmatamento ter aumentado no ano passado, a Noruega, principal doadora do fundo, anunciou o bloqueio de recursos destinados à proteção daquela que é a maior floresta tropical do mundo. O país escandinavo acusou Brasília de já não querer parar o desmatamento e de ter rompido o acordo com os doadores do fundo.
Também a ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, anunciou a suspensão do financiamento de projetos para a proteção da floresta e da biodiversidade na Amazônia, devido ao aumento do desmatamento na região.
Com os cortes dos principais doadores, Salles anunciou a suspensão do Fundo em abril de 2019. A iniciativa foi criada em 2008, majoritariamente com doações dos dois países europeus, que, juntos, são responsáveis por 99% dos R$ 3,3 bilhões que já foram repassados.
A doação de recursos para o Fundo Amazônia é condicionada à redução das emissões de gases de efeito estufa oriundas do desmatamento, calculados por um comitê técnico, ou seja, é preciso comprovar a redução do desmatamento na Amazônia para viabilizar a captação de verbas.
Alemanha e Noruega não confirmaram se vão voltar a colaborar com o fundo. Segundo a Folha de S. Paulo, os embaixadores gostaram da saída de Salles, mas deixaram claro a Mourão que a imagem negativa do governo Bolsonaro é um forte impedimento para a retomada das doações.
"Eles [embaixadores] vão levar para os países deles [a proposta de financiamento]. É aquela história, nós temos de mostrar que estamos a fazer a nossa parte. Estamos com essa operação para impedir o desmatamento. A nossa grande visão é, no segundo semestre, derrubarmos a questão das queimadas, e teremos aí um trabalho para mostrar. A partir daí não tenho dúvida de que o financiamento volta", disse Mourão após a reunião.
Em março, Witschel disse ter "a impressão de que sobretudo a Noruega está de saco cheio", ao comentar as conversações com o governo brasileiro sobre o Fundo Amazônia durante uma mesa-redonda sobre economia e meio ambiente realizada no Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) no Rio de Janeiro.
No ano passado, Bolsonaro, chegou a dizer que o Brasil não precisava de dinheiro de outros países para proteger a Amazônia. Nesta quinta-feira, Mourão minimizou a declaração do chefe de Estado, assegurando que foi feita "no calor da disputa" em torno dos incêndios que atingiram a Amazônia e afirmou que o Brasil não pode prescindir desses recursos.
AS/lusa/dw
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| App | Instagram | Newsletter
"Por iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, a presidência do Comitê Orientador do Fundo Amazônia passará a ser exercida pelo vice-presidente da República, também presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, com vista à integração das ações", escreveu Mourão no Twitter.
O anúncio foi feito após reunião de Mourão, nesta quinta, em Brasília, com os embaixadores da Alemanha, George Witschel, e da Noruega, Nils Martin Gunneng, além do presidente do BNDES, Gustavo Montezano, para discutir a reativação do financiamento do Fundo Amazônia, suspensa desde 2019.
"Apresentei aos embaixadores da Alemanha e Noruega e ao presidente do BNDES a proposta de reativação do Fundo da Amazônia, convidando os dois primeiros a conhecer no terreno a Operação Verde Brasil 2 [envio das Forças Armadas para combate a crimes florestais] e transmitindo a esses governos a política do Estado brasileiro para a Amazônia", acrescentou Mourão.
Criado em 2008, o Fundo Amazônia, destinado à preservação da região, é mantido sobretudo com doações de Noruega e Alemanha e gerenciado pelo BNDES.
Após o desmatamento ter aumentado no ano passado, a Noruega, principal doadora do fundo, anunciou o bloqueio de recursos destinados à proteção daquela que é a maior floresta tropical do mundo. O país escandinavo acusou Brasília de já não querer parar o desmatamento e de ter rompido o acordo com os doadores do fundo.
Também a ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, anunciou a suspensão do financiamento de projetos para a proteção da floresta e da biodiversidade na Amazônia, devido ao aumento do desmatamento na região.
Com os cortes dos principais doadores, Salles anunciou a suspensão do Fundo em abril de 2019. A iniciativa foi criada em 2008, majoritariamente com doações dos dois países europeus, que, juntos, são responsáveis por 99% dos R$ 3,3 bilhões que já foram repassados.
A doação de recursos para o Fundo Amazônia é condicionada à redução das emissões de gases de efeito estufa oriundas do desmatamento, calculados por um comitê técnico, ou seja, é preciso comprovar a redução do desmatamento na Amazônia para viabilizar a captação de verbas.
Alemanha e Noruega não confirmaram se vão voltar a colaborar com o fundo. Segundo a Folha de S. Paulo, os embaixadores gostaram da saída de Salles, mas deixaram claro a Mourão que a imagem negativa do governo Bolsonaro é um forte impedimento para a retomada das doações.
"Eles [embaixadores] vão levar para os países deles [a proposta de financiamento]. É aquela história, nós temos de mostrar que estamos a fazer a nossa parte. Estamos com essa operação para impedir o desmatamento. A nossa grande visão é, no segundo semestre, derrubarmos a questão das queimadas, e teremos aí um trabalho para mostrar. A partir daí não tenho dúvida de que o financiamento volta", disse Mourão após a reunião.
Em março, Witschel disse ter "a impressão de que sobretudo a Noruega está de saco cheio", ao comentar as conversações com o governo brasileiro sobre o Fundo Amazônia durante uma mesa-redonda sobre economia e meio ambiente realizada no Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) no Rio de Janeiro.
No ano passado, Bolsonaro, chegou a dizer que o Brasil não precisava de dinheiro de outros países para proteger a Amazônia. Nesta quinta-feira, Mourão minimizou a declaração do chefe de Estado, assegurando que foi feita "no calor da disputa" em torno dos incêndios que atingiram a Amazônia e afirmou que o Brasil não pode prescindir desses recursos.
AS/lusa/dw
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| App | Instagram | Newsletter
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.