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Alemanha se prepara para 'lockdown light'

3.jul.2020 - A chanceler alemã, Angela Merkel, usa máscara no rosto durante discurso - Florian Gaertner/Photothek via Getty Images
3.jul.2020 - A chanceler alemã, Angela Merkel, usa máscara no rosto durante discurso Imagem: Florian Gaertner/Photothek via Getty Images

Jens Thurau

27/10/2020 12h35

A chanceler alemã, Angela Merkel, vai se reunir novamente hoje com os governadores por videoconferência para avaliar a situação da covid-19 no país. O governo federal já adiantou o tema central do encontro: o que o governo federal e os estados podem fazer para, o mais rapidamente possível, quebrar a tendência de alta. E todos sabem que "cada dia conta".

Em seu podcast de vídeo no fim de semana, Merkel quase implorou aos alemães para manterem distância, evitarem contatos sempre que possível e se absterem de viajar. E nesta segunda-feira (26) a chanceler disse, numa reunião de seu partido, a CDU, que a situação é "altamente dinâmica" e "dramática".

A Alemanha poderá em breve ter uma situação difícil nas UTIs, alertou. Ontem, a maior autoridade epidemiológica do país, o Instituto Robert Koch, relatou 11.409 infecções registradas nas últimas 24 horas.

O "lockdown light"

Segundo o jornal Bild, Merkel está planejando uma espécie de "lockdown light": bares e restaurantes teriam que fechar, como fizeram no início do ano, e grandes eventos seriam cancelados. Escolas e creches, porém, fechariam apenas em regiões com um número extremamente alto de infecções.

Isso combina com o que o vice-chanceler e ministro das Finanças, Olaf Scholz, disse ontem: são necessárias medidas adicionais para quebrar a nova onda de infecções.

"E elas devem ser tomadas o mais uniformemente possível em toda a Alemanha e serem compreensíveis para todos", disse Scholz. As regras diferentes de estado para estado, que estão em vigor, causaram confusão.

Restrições ainda mais severas

O físico Dirk Brockmann, que usa métodos matemáticos para calcular como as infecções se propagam, também enfatiza a gravidade da situação. "O fogo latente do verão europeu se transformou de novo em chamas, que precisam ser novamente controladas", diz.

Ele também considera muito provável que as pessoas na Alemanha tenham que se preparar para restrições ainda mais severas.

"Temos que nos preparar para um lockdown porque — é o que as curvas em todos os países vizinhos mostram— essa será a única maneira de colocar as curvas de infecções novamente sob controle e reduzi-las de novo."

As medidas já adotadas, como o toque de recolher em Berlim, até agora não surtiram efeito. "Pode-se comparar a situação com a de Israel, onde uma segunda onda começou e aí um ligeiro bloqueio foi tentado, mas não funcionou. E só com um lockdown consequente e curto, mas amplo, foi possível baixar os números", diz Brockmann.

População já dá lockdown por certo

Os principais virologistas, epidemiologistas e outros cientistas que aconselham o governo federal sobre a pandemia parecem apoiar um lockdown light. Os participantes de várias videoconferências no fim de semana e na segunda-feira ouviram especialistas dizer que, sem lockdown, o aumento já agora acelerado das infecções não poderá mais ser contido.

É provável que já nos próximos dias a taxa de infecção suba para 20 mil novos casos por dia, alertou o ministro da Economia, Peter Altmaier, ontem. Apenas duas semanas atrás, Merkel disse que a Alemanha poderia ter 19 mil novas infecções diárias até o Natal.

A população parece já contar com novas restrições: uma pesquisa mostrou que cerca de dois terços dos entrevistados esperam, para os próximos dias, novos fechamentos de lojas, restaurantes e escolas devido ao elevado número de casos.